Estamos em um ano sabático para conhecer o mundo e a nós mesmos. Para isso manteremos nossos olhos, mentes e corações atentos e abertos por onde estivermos. Toda semana faremos um relato do que passou e por onde passamos. Como tudo na vida tem dois lados, serão duas visões sobre os mesmos momentos.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Sayonara Japão

Depois de percorrer o roteiro padrão Tokyo, Kyoto e Hiroshima, queríamos fazer algo diferente e fomos para a ultima ilha ao sul do Japão, Ishigaki, passar uma semana nas mais belas praias do país. A ilha é muito procurada pelo turismo local, não tanto pelo estrangeiro. O Lucio era um dos 5 ocidentais na ilha. Sem a ajuda da mae e da Ligia, tivemos que caprichar nas mimicas e contar com a super boa vontade dos japas, que lá são mais descolados, com cara de praia. De início aprendemos que toda palavra em inglês que termina com uma consoante, deve-se acrescentar um “o” no final. Ticket vira “tíqueto”, public market vira “publico marketo”, sunset vira “sunseto”, e por aí vai. De resto, como sempre, a linguagem universal que todos entendem, o sorriso.

Apesar de ter pego um resquício de um tufão que fechou o tempo e as praias por 2 dias, pudemos nos esbaldar nas praias de areia branca, mar azul e água quente. Conhecemos o principal ponto turístico da região, Kabira Bay que tem uma paisagem linda e um passeio de barco com aqueles vidros no chão que deu para ver vários peixes coloridos, incluindo o nemo. Passamos outros 2 dias nas praias Sunset Beach e Sukuji Beach, levamos nossos bentos, como os japas, e nos largamos debaixo do sol.

Nós 2 em Kabira Bay

Sukuji Beach

O grande dia foi o último, que contratamos um passeio de snorkeling nas ilhas vizinhas. O barco fez 4 paradas, uma mais bonita que a outra, mostrando que no Japão também tem mar azul celeste cor de manteiga. Me senti dentro de um aquário, tamanha a quantidade de peixes coloridos e a transparência da água. Já fizemos snorkeling algumas vezes, mas com tantos peixes, tantos corais, tantas cores, foi a primeira vez. Deslumbrante.

Praia que fizemos snorkeling... olha a cor da água

Lucio no "aquario"

Nós 2 vendo milhares de peixes e corais coloridos

No dia que fomos para Sukuji Beach encontramos no ônibus um senhor que também estava hospedado na nossa guesthouse e começamos a conversar, 25% em inglês, 25% em japonês e 50% em deduções. Ele tem 66 anos e é representante comercial de marcas de roupas nas grandes lojas de departamentos do país. Ele não tem filhos, estava só, e disse que, nessa idade, ele quer aproveitar a vida, viajando e relaxando. O que sobrar de tempo, ele trabalha. E passamos o dia na praia, cada um no seu canto, às vezes uma conversinha aqui, outra ali. À noite, eu e o Lucio estávamos na rua procurando um restaurante para jantar e ele, que já estava sentando em um, nos viu e foi até a rua nos convidar para jantar. E tivemos uma janta especial. Ele dividiu os pratos que já tinha pedido, pedimos outros, bebemos, comemos as comidas típicas de Okinawa que até então não tínhamos experimentando por falta de entendimento dos cardápios, ele nos ofereceu saque, enfim, nos divertimos conhecendo um pouco mais desse país e desse povo. No final, ele fez questão de pagar a conta toda.

De lá, já com cara de final de festa, fomos para Fukuoka. Sem nada de expectativas, fomos surpreendidos pela agitação da cidade, com suas infinitas lojas de departamentos, outdoors luminosos e coloridos e um rio charmoso que corta toda a cidade quebrando um pouco a loucura de uma metrópole.

Lá tivemos a experiência de um banho japonês, o onsem. Tinha lido que era bem simples, chegar, pagar, tomar banho e aproveitar o ofuro. Ninguem disse que o uso de biquíni era proibido. Bom, lá fomos nós, homens de um lado, mulheres de outro. Foi uma experiência quente, bem quente. São diversos ofuros, todos com água aquecida naturalmente, chegando a 40 graus. Alguns tem hidromassagem, outros são feitos de pedras e outros são só uma banheira grande. Os japas passam horas lá dentro, alguns até tiram uma soneca. Confesso que me senti meio intimidada no meio das velhinhas. Mas valeu a experiência.

Para nos despedir do Japão, usamos nosso “caixa 2” pela segunda vez e fomos jantar em um restaurante onde você pesca seu próprio peixe. As mesas no estilo japonês são distribuídas em 2 barcos que são rodeados por um riozinho, na verdade, só uma faixa de água, onde tem alguns peixes famintos. O Lucio pescou um peixão que foi preparado, metade sashimi e outra metade grelhado. Delícia, mais fresco impossível. De acompanhamento gorran, missoshiro, tchawanmushi, tofu frito, tsukemono. Com direito a saque e sobremesa de moti e sorvete. Em grande estilo.

Lucio e seu peixe, ele pescou de verdade, com vara, não foi com essa rede fácil

Nossa janta, graças ao Lucio

Comer no Japão merece um capítulo especial. Além do aspecto emocional, de lembrar comida de casa, tem a facilidade de encontrar restaurantes em qualquer lugar, a qualquer hora, muitos com fotos das comidas e preços ao lado. Se a foto estiver boa, não tem erro, é só apontar para a foto do menu. Erramos só uma vez, pedimos fígado com legumes achando que era carne. A cultura do bentô também possibilita encontrar marmitex barato em qualquer loja de conveniência, onde mesmo a comida fria é deliciosa. Por último, ter a companhia da Ligia e da mae, amantes da gastronomia japonesa, tornou todas as refeições um momento esperado, era um evento procurar um restaurante, decidir o que comer, tirar foto e ir embora feliz de barriga cheia. O resultado são 2 kilos a mais. Somados a outros 2 da Grecia. Foram inúmeros lamen, udon, guioza, kare, tsukemono, missoshiro, sushi, sashimi, tonkatsu, domburis e muito, muito gorran.

Máquinas de bebidas em todos os lugares

Gorran com sashimi... simples e delicioso, em Tokyo

Comprando o "ticket" da refeição, nosso café da manhã japa em Tokyo

Domburi com carne de porco, receita de Hokkaido, em Tokyo

Nosso primeiro bento no trem, de Tokyo para Kyoto

Os melhores, e mais caros, sashimis, em Kyoto

Nós 3 comendo moti assado na rua, em Nikko

Tonkatsu, hummmm, em Kyoto

Sushi de esteirinha, em Osaka.... olha a cara de felicidade das duas...

Última janta em Hiroshima patrocinada pela mae e pelo Maques, comida típica japa, nunca pediria esse prato, pedi porque a mae pediu, e foi a refeição que vai me fazer lembrar o Japão

Kare, não foi o melhor, mas foi o mais típico,. em Fukuoka

Lamen, campeão, em um restaurante do lado do hotel em Tokyo que fomos várias vezes

Me despeço do Japão muito realizada. Passamos pelo difícil Monte Fuji, pela loucura de Tokyo, pela serenidade de Kyoto, pela história de Hiroshima, pelas praias de Ishigaki e pela surpresa de Fukuoka. Mas o melhor daqui são os japoneses, que juntos, constroem uma nação que conquista pela honestidade e respeito. Aqui foi um país que preencheu a minha alma, tão diferente e tão acolhedor, onde descobri porque minhas pernas são grossas e tortas, e não adianta acordar às 5h30 da manhã para malhar, que não vai mudar. Conhecendo minhas raízes. Sensacional. Arigato gozaimasu.

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