Estamos em um ano sabático para conhecer o mundo e a nós mesmos. Para isso manteremos nossos olhos, mentes e corações atentos e abertos por onde estivermos. Toda semana faremos um relato do que passou e por onde passamos. Como tudo na vida tem dois lados, serão duas visões sobre os mesmos momentos.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Isso é Japão

De Tokyo, validamos nosso JR Pass e pegamos o shinkansen para Kyoto. Comer bentô no trem é outra experiência típica do país. Antes de embarcar, compramos nossos bentôs na própria estação e assim que o trem partiu começamos a ouvir o barulho de todo mundo abrindo suas refeições. E quando chegam no destino, todos descem com seus respectivos lixos. Isso é Japão.

Andar de shinkansen é uma maravilha de facilidade. Os trens são pontuais, confortáveis, rápidos, frequentes e não tem necessidade de fazer reserva. Prático e funcional. Isso é Japão.

Kyoto é a cidade dos templos. E quem fala que templo é tudo igual é porque nunca foi para lá. Cada um tem a sua beleza, a sua grandeza, o seu significado, a sua emoção.

Começamos pelo mais famoso, o Kinkaku-ji, um templo pequeno de dois andares, folheado a ouro, na beira de um lago, rodeado por um jardim típico japonês. O que lhe falta em tamanho, é compensado pela sua beleza, formando um dos principais cartões postais do país. 

Nós 5 no Kinkaku-ji

Kiyomizu-dera, o Templo da Água Pura, é um daqueles templos antigos, imponentes, bem cara do Japão. Na verdade é um complexo com vários templos e a grande atração é o principal, que tem uma varanda de madeira em um precipício construída apenas por encaixes, sem usar um prego sequer.

O Templo Fushimi-Inari é coadjuvante perto dos seus 10.000 toris de cor laranja, todos com inscrições em japonês, em um caminho de 4 km pela floresta. O Deus do Templo, Inari, provê prosperidade aos seus seguidores, então as pessoas e empresas compram toris e doam ao templo fazendo com que o número de toris não pare de crescer. As inscrições são os nomes das pessoas que os doaram. Os toris variam de 1.750 a 13.000 dólares cada.

Nós 2 em Fushimi-Inari

O Sanjusangendo, ou Templo dos 1001 budas, impressiona pelas estátuas de madeira em tamanho natural, dispostas em fileiras, onde um buda é diferente do outro. Quem os protege são as 30 estátuas que representam vários deuses, desses, só 2 eram humanos. Foi bem interessante.

Visitar templos é a cara do Japão.  

Japão também é Bamboo Grove, um caminho todo encoberto de bambus, abafado, quente, úmido. E único.

Caminho de bambu

Fizemos um day trip para Nara e conhecemos o Tempo Todaiji que é a maior construção de madeira do mundo. Dentro tem o Daibutsu, o maior buda dentro de um templo no Japão, com quase 15 metros de altura. Me emocionei ao me deparar com o templo, tão poderoso aos meus olhos. Lindo, grande, imponente e suave. Foi o momento que me tocou, que eu me dei conta que estava do outro lado do mundo, tendo a oportunidade de ver coisas que cresci ouvindo. Tão distante, tão perto, tão inimaginável, tão familiar. Surpreendente. Japão dentro de mim.

A incrível visão deTodaiji

No mesmo dia, passamos por Osaka, segunda maior cidade do Japão e conhecida pela comida de rua. Uma loucura. O lema deles é “comer até cair”. Isso também e Japão.

Em Kyoto presenciamos uma das 3 maiores festas do país, o Gion Matsuri, uma festa de rua que reuniu 150.000 pessoas. Tradição em cima de tradição, com os carros alegóricos, barracas de comida de rua, músicas típicas e quimonos. O que mais me impressionou nessa festa foi a organização e limpeza. Mesmo com esse número de pessoas, um lado da rua só ia e outro só voltava. Tinha rua que era sentido único. Guardinhas em todos os lugares orientando pessoas e carros. A cada esquina um quiosque de lixo reciclável. Isso é Japão!

De Kyoto partimos para Hiroshima. No mesmo dia conhecemos Miyajima e o incrível templo sobre as águas e a história de Hiroshima, passando pelo museu e pela Praça da Paz. Saí do museu calada e a mãe falou que na primeira vez que ela foi para lá ela saiu tão pesada que não conseguia falar nada. O mesmo aconteceu comigo. Uma história tão triste que mal dá para acreditar que é tão recente. Mesmo não querendo, isso também é Japão.

Memorial da Paz em Hiroshima

Nós 4 noTori de Miyajima

Templo no mar em Miyajima

A brincadeira do “isso é Japão” veio porque de cada 3 frases que eu falava, 1 era essa. A cada surpresa e encanto eu soltava um “isso é Japão”. 

Em Kyoto nos despedimos da Ligia e em Hiroshima da mae e do Marques. Foram 2 semanas especiais, completamente fora da nossa rotina de casal mochileiro. Além dos nossos tradicionais dois lados da mesma viagem, compartilhamos mais 3 visões, cada uma trazendo um olhar, uma lembrança, um sentimento e muitas, muitas compras. Muito obrigada pela disponibilidade de nos acompanhar e pela disposição de andar o dia todo debaixo de um calor de 35 graus, subir e descer escadas infinitas e comer em restaurantes baratinhos. Ficamos muito felizes de dividir nosso encanto pelo Japão com as pessoas mais queridas de nossas vidas. Depois desse “furacão”, hora de retomar nosso sabático a dois e continuar nosso caminho. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário