Bom pessoal,
De Delhi seguimos para o Rajastão.
Fomos conhecer principalmente as cidades de Udaipur e Jaipur. Como Udaipur é
bem distante de Delhi fizemos uma parada estratégica na cidade de Pushkar. A
estrada era bem melhor que a outra mas mesmo assim nada muito animador. Talvez
daqui a 5 anos esteja finalizada porque hoje ela está em todos os estágios da
construção, dependendo do trecho. Com isso a velocidade média é de 50 Km por
hora. Haja saco.
Chegamos depois das 4 da tarde e
eu estava bastante cansado e com fome. Ainda não estava gostando nada da Índia.
Pushkar é uma cidade pequenininha como Rishikeshi, mas ao invés de um rio sagrado
eles tem uma lago sagrado. O lago artificial fica no meio da cidade. Deixamos
nossas coisas no hotel e seguimos para o centrinho onde estão os restaurantes,
lojas, templos e o lago. Além disso tem muitas pessoas tentando te aplicar mais
um golpe: eles te oferecem pétalas de rosas, quando você recusa eles dizem que
não são para você, são para os deuses, por respeito e quando você aceita eles te “exigem”
até 1.000 rupias (ou 170 dólares). Já conhecíamos e não caímos nessa. Fomos
conhecer primeiro o Templo Brahma. Não, não é o templo da cerveja, Brahma é o
deus-criador do hinduísmo, e somente a Raquel conheceu. Um dos ditados que
temos que aprender quando conhecemos outras cultura é: “Minha casa, minhas
regras”. No templo não se pode entrar calçado, com câmeras ou mesmo mochila.
Não ia deixar minha mochila num box na rua. Ainda não estou à vontade com nada
imagina confiar nesse tipo de serviço. Depois fomos almoçar e ver o pôr-do-sol
da escadaria do lago. Foi bem bonito por causa do sol e do som. Tinha um grupo
de percussionistas que tocou até o sol se por. Muito bonito, mas a maioria das
pessoas, principalmente os indianos, ficaram mais interessados em uma menina
(ocidental) que estava dançando com um bambolê ao som da percussão. Os indianos
ficaram hipnotizados. Tem muitos ocidentais nessa cidade e quase todos com cara
de bicho-grilo. E eu entendi o porquê no restaurante onde almoçamos: o cara nos
ofereceu de sobremesa um bolo de maconha (que recusamos). Não sei se é
liberado, mas parece que é livremente consumida.
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Pòr-so-sol em Pushkar |
Voltamos para o hotel e no dia
seguinte mais um dia de viagem até Udaipur. Todas as viagens me deixam
estressados. É o trânsito, a bagunça, o desrespeito, a estrada, enfim tudo.
Chegamos e só saímos no dia seguinte. Primeiro fomos conhecer um museu a céu
aberto que apresentava os vários tipos de povos da índia, suas casas, danças e
músicas. Éramos somente eu e a Raquel. Muita atenção pro meu gosto. Não gostei.
Dali mudamos a programação que o Gris, nosso motorista, tinha feito e seguimos
direto para o centro para conhecer as principais atrações e também para
dispensa-lo pois de lá para o hotel não era muito distante. Não gostei da ideia
pois uma das coisas que não estou gostando nada é andar por ai, mas prometi fazer
tudo que a Raquel tinha programado. Fomos e a cidade antiga de Udaipur foi a
melhor cidade que conhecemos até agora. A bagunça é menor, o trânsito mais
calmo (só tem uma rua) e as atrações estão todas bem próximas. Andamos pelo
centro com muitas lojas de roupas e artesanato e até comprei os imãs de
geladeira, que são as únicas coisas que estamos comprando de lembrança dos
lugares que visitamos.
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Cidade Antiga de Udaipur |
Nesse dia fiquei tentando
entender o porquê de tanta repulsa em relação a Índia. Já vi miséria igual a
daqui, já vi pobreza igual a daqui, tanto em outros países como no Brasil.
Então, porquê? Talvez porque aqui a coisa seja mais generalizada do
que nos outros lugares? Ou porque, no meu inconsciente, miséria e pobreza
(favela e periferia) estão quase sempre associados a risco, perigo e
violência, e fico sempre em alerta? Mas nunca vi nenhuma situação de risco ou
violência onde andei. Quando saímos de viagem prometi manter os olhos, coração
e mente abertos, mas não tá dando. Não sei porque. Mas no décimo segundo dia eu
descansei, relaxei. Parei de pensar em tudo e passei apenas a observar a vida como
ela é e não como eu achava, arrogantemente talvez, que poderia ou supostamente deveria ser. Voltei a ser eu mesmo. No outro dia fomos conhecer o City Palace, um
palácio com mais de 200 metros de comprimento e o lago Pichhola, um lago
artificial com duas ilhas que hoje são: um hotel de luxo (exclusivíssimo) uma, e
um restaurante (mais popular) a outra. Fizemos um passeio de barco pelo lago e
paramos no restaurante para conhecer mas não almoçamos por lá. Ele é popular
mas não tanto. Fomos almoçar no centro num restaurante recomendado pelo guia: pequeno
com boa comida e muito barato. Muito bom.
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Pátio interno do City Palace em Udaipur |
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City Palace de Udaipur e o Lago Pichhola |
No outro dia, mais um dia de
viagem. E essa prometia: de Udaipur para Jaipur, mais de 600 quilômetros. Então
para não ficar estressado de novo, resolvi utilizar uma técnica que uso no
trabalho quando o bicho pega: escutar brega. Fernando Mendes, Paulo Sérgio,
Agnaldo Timóteo, Bartô Galeno, entre outros do nosso cancioneiro popular. Quem
já trabalhou comigo sabe como é. E como, as vezes, escutar não basta, também
quero compartilhar, gostaria de pedir desculpas aos com ouvidos mais exigentes.
Mas que saber? Deu certo.
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Forte Amber em Jaipur |
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Detalhe do Forte |
Chegamos em Jaipur no final do dia e não fizemos mais
nada. Jaipur é conhecida como a cidade rosa porque em 1876 o Marajá mandou
pintar toda a cidade para receber o Príncipe de Gales. Não sei se são meus olhos
mas rosa aqui não é exatamente rosa, tá mais pra um vermelho cor de telha,
parecido com Marrakesh no Marrocos. No dia seguinte fomos conhecer o Forte
Amber, construído no topo de uma montanha e rodeado por muralhas para todos os
lados que mais pareciam a Muralha da China, o City Palace e o Hawa Mahal ou
Palácio dos Ventos. Andamos um pouco pelo centro e até ri das piadinha que
faziam em todos os lugares sobre a minha camisa: uma reprodução da obra “Banana”
de Andy Warhol. Parece que todos aqui gostaram da minha banana. Kkkkkkk. Agora
é aguardar amanhã para seguir viagem para Agra e depois Varanasi. Mas estou
mais tranquilo e à vontade para continuar sem problemas. Mas só para garantir,
vou recarregar a bateria do ipod.
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Palácio Hawa Mahal |
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Detalhe de uma porta no City Palace em Jaipur |
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Um indiano fazendo turismo |
Valeu.
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