Estamos em um ano sabático para conhecer o mundo e a nós mesmos. Para isso manteremos nossos olhos, mentes e corações atentos e abertos por onde estivermos. Toda semana faremos um relato do que passou e por onde passamos. Como tudo na vida tem dois lados, serão duas visões sobre os mesmos momentos.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

China: um pouco de tudo

Em Pequim quem fica parado é poste

Bom pessoal,

Estamos na China, em Pequim, e a cidade parece que está toda em movimento: muitos carros, ônibus, bicicletas, motos, lambretas, riquixás, construções, reformas e pessoas para todo lado, indo e vindo. E se por ventura você estiver na rua, ou no metro, sem saber para que lado ir, é melhor sair da frente, pois tem muita gente atrás que sabe onde querer ir e elas não vão ficar esperando você se encontrar. Aqui, quem fica parado é poste.

Compramos um guia da China e além de muitas indicações ele também traz algumas dicas, e uma delas é a seguinte: quando for a lugares turísticos vá cedo para fugir da multidão de turistas chineses. Eu tenho outra opinião. Se você quiser mesmo fugir da multidão de turistas chineses, o melhor é não vir para a China. Simplesmente não existe lugar turístico com pouca gente, ainda mais no verão. Uma dica é tentar fugir (ou se esquivar) dos guarda-chuvas dos turistas chineses, usado quase que obrigatoriamente por toda mulher para se proteger do sol. Portanto o melhor é se acostumar com a multidão e seguir com ela aonde forem. Eles sabem aonde ir. E além disso eles são muito divertidos: conversam alto, conversam muito, riem mais ainda, de tudo, estão sempre em família, com muitas crianças, não se importam com nada, sentam onde dá, se divertem demais. São sem cerimônia.


Por-do-sol no Beirai Park
Chegamos aqui na quarta à tarde e fizemos nosso tradicional reconhecimento. Estamos em um hotel em uma Hutong (bairro antigo chinês) que fica próximo do Beihai Park que tem um grande lago e não fica muito distante da Cidade Proibida. O lago é bem bonito, cheio de restaurantes e bares no entorno e também cheio de barquinhos e pedalinhos. Na quinta, invés de turismo fomos cumprir mais uma obrigação: solicitar o visto indiano. E lá descobrimos que ele vai demorar sete dias úteis para ficar pronto. Com isso nossa temporada em Pequim dobrou de tamanho: de 6 para 12 dias. E outras cidades que iríamos visitar não vamos mais. Shangai é uma delas. Vamos privilegiar o interior da China: Xi´an, Chengdu, Guilin e depois Hong Kong. Queríamos ir também para o Tibet, mas para isso seria preciso uns 40 dias e nosso visto é de apenas 30 dias. Então fica para a próxima.

Pequim é cheio de atrações famosas e a principal delas é a Cidade Proibida que fica exatamente no meio da capital. Então na sexta pela manhã seguimos para lá. E chamá-la de cidade não é nenhum exagero. Os portões de entrada já são grandiosos e o interior é surpreendente. Prédios para todas as ocasiões (cerimônias, recepções, reuniões, etc) estão dispostos um depois do outro seguidos por aposentos, pátios e jardins. Lembranças de alguns filmes rodados ali vieram e tive a sensação de já conhecer alguns lugares. É tudo muito grandioso. Entre os prédios principais há um pátio para 100.000 pessoas. Devia ter mais ou menos essa quantidade de pessoas passeando por lá nesse dia. Não existe possibilidade de tirar uma foto sem que ninguém apareça. Saindo de lá, almoçamos e voltamos para o hotel. No final do dia fomos conhecer o parque das olimpíadas e principalmente conhecer o Estádio Ninho de Pássaro e o Cubo D´água. E pouco antes das 8 da noite todos as luzes foram acessas e podemos presenciar o espetáculo que antes só tinha visto apenas na TV. 

Entrada da Cidade Proibida com a famosa foto do Mao
Pátio Central da Cidade Proibida
No sábado fomos conhecer o Temple of Heaven, outro local obrigatório. O templo era o local onde o imperador orava, “falava” com os deuses e oferecia os sacrifícios. Lá também fomos conhecer um altar circular que é considerada o centro da terra (esse é o terceiro centro da terra que conhecemos). De lá saímos ansiosos para almoçar o famoso Pato de Pequim. Delicioso, gordo, caramelizado, acompanhado de um molho docinho, pepino e cebolinha e ainda de um pão/bolacha fininho que substitui o arroz. Depois do banquete fomos conhecer a praça Tian´anmen, em frente da Cidade Proibida, que tem de um lado o Museu Nacional, do outro o Great Hall of the People e no meio foi construído o mausoléu do Mao. É a maior praça do mundo.


Temple of Heaven
Praça Tian'anmen
O calor por aqui está quase insuportável, então no domingo fizemos um dia light. Fomos conhecer a região de Wangfujing, considerada a 5° Avenida de Pequim, cheia de lojas chiques e shoppings, mas também tem um mercado de rua popular onde encontramos vários espetinhos interessantes: de lula, polvo, escorpião marrom e preto, calango, cobra, estrela-do-mar, cavalo-marinho, e outros mais comuns como carne, frango e porco. Aqui não fiz como os chineses. Deixa pra próxima.


Espetinhos para todos os gostos
Na segunda fomos conhecer o Summer Palace. Posso dizer que os imperadores sabiam como aproveitar os verões. Muito bonito, grande e com vista privilegiada para um lago e a cidade. Foi o dia todo para visitar tudo.


Summer Palace


Na terça conhecemos o Templo Lama, o principal templo budista da cidade. São vários altares para vários budas. Na entrada recebemos um maço de incenso e a cada lugar acendíamos alguns. O principal Buda é um de 26 metros de altura, em pé, feito de uma única árvore. Esta até no livro dos recordes.


Lama Temple
Na quarta era o dia de ir para a Grande Muralha da China. E o dia amanheceu chovendo. Inacreditável. Estamos aqui a uma semana e no único dia que chove é o dia de ir na muralha. Como contratamos um tour, pois fomos fazer um trekking, fomos bem cedo para o ponto de encontro. Era apenas uma chuvinha fina daquelas que você fica na dúvida se precisa ou não de guarda-chuva. Seguimos então, e fui com a esperança de que lá na muralha o clima estivesse melhor. São mais de 2 horas de viagem a partir de Pequim. Mas minhas esperanças foram minguando com o passar do tempo até que acabaram. Quando chegamos, além de chovendo estava uma nevoa que não se via nada além de 20 metro. Subi na muralha com um misto de decepção e indiferença pelo que não conseguia ver. Se teve uma vantagem é que não tinham turistas nesse pedaço da muralha. Seguimos caminhando, subindo e descendo e o guia tentando explicar tudo com um inglês além da minha capacidade de entendimento, ou vontade. Mas minhas preces foram ouvidas e do meio para o fim do passeio o tempo melhorou, a nevoa se foi e conseguimos ver a muralha serpenteando as montanhas de leste a oeste rodeada de muito verde. Construída ao longo de mais de 2 milênios por motivos defensivos em função das guerras, hoje é um símbolo da perseverança do povo chinês. Impressionante.


Muralha da China
Na quinta visitamos mais uma Hutong e fomos em uma região famosa pelos bares e shoppings: Sanlitun. E na sexta mudamos de hotel. Depois de nove dias hospedados no estilo mochileiro (a janela do nosso quarto era para o corredor interno do hotel), nos demos um descanso e fomos para um hotel 4 estrelas numa região mais chique da cidade (Chongwenmen). Como a intenção era aproveitar o hotel, assim fizemos, ficamos a maior parte do tempo lá, aproveitando a vista do 15° andar, saindo apenas para comer, dormindo a tarde, sem as multidões. Foi um dinheiro bem gasto com certeza.

Valeu.



O interior da China

Bom pessoal,

Na segunda pela manhã pegamos nosso passaporte e seguimos de trem para a cidade de Pingyao. A promessa era conhecer uma cidade antiga da China, muralhada e cheia de história. A cidade antiga é assim mesmo mas do lado de fora tem uma outra cidade sendo construída. E isso nos causou uma certa confusão na chegada. Olhei no mapa e a estação de trem ficava bem próxima da entrada da cidade antiga e próxima ao hotel. Mas chegamos em uma estação que ficava no meio de um milharal. Pensei que estávamos na cidade errada, mas era impossível pois tinha confirmado com a atendente do trem se ali era ali mesmo e era. Aquela era a estação nova que ficava fora da cidade e fora do guia Lonely Planet que temos. Procuramos alguém que falasse inglês e nada, até que a Raquel colocou a cara dentro de um ônibus e perguntou se alguém falava inglês e tinha uma mulher que falava. Ela é chinesa mas vive nos EU e estava visitando a região com a mãe e o filho que é americano. Ela nos explicou sobre a estação e disse que poderíamos segui-la pois ela estava indo também para a cidade antiga. Ufa!! Chegamos e confirmamos as expectativas. Andamos na muralha, visitamos alguns templos e conhecemos antigas casas comerciais que agora são museus. Com muitas lojinhas e restaurantes é uma cidade preparada para o turismo, mas mais para o turismo interno. No centro de informações turísticas ninguém falava inglês. Mas os donos do nosso hotel falavam muito bem e nos ajudaram muito.


Pingyao

Muralha da cidade de Pingyao

Rua de Pingyao
Nosso próximo destino era Xi´an mas ainda não tínhamos os tickets de trem. Então no primeiro dia em Pingyao fomos na estação antiga para comprar os bilhetes. Sabíamos que seria difícil encontrar assentos disponíveis, mas aqui eles vendem também tickets para quem quiser viajar em pé (os trens são modernos e confortáveis). Como a viajem era curta, de 3 horas, e nossa única exigência era viajar no primeiro horário (10am), se fosse sentado ok, se não, ok também. Só tinha eu com cara de ocidental na bilheteria da estação e chamei muita atenção. A Raquel aqui é quase local, tem gente que vem até pedir informações para ela. Compramos bilhete para ir de pé. Ainda no hotel em Pingyao, na hora de ir para a estação, conhecemos a Laura, americana de San Diego que está viajando por 2 meses na China. Ela também ia para Xi´an no mesmo trem (só que sentada) e foi para a estação conosco no mesmo taxi. Muito simpática, nos demos bem desde o primeiro momento. No trem, ela deixou o assento e veio conversar conosco sentada no chão do trem.

A viagem foi rápida, nem notamos, e da estação de trem pegamos o metro e seguimos para o hotel. Ficamos em um hotel em frente à Torre do Sino mas sem elevador. Nosso quarto era o último do corredor (23) do último andar (5° andar) mas com a melhor vista: de frente para a Torre. Nos encontramos novamente com a Laura próximo ao hotel para almoçar e conhecer o bairro muçulmano que é bem famoso. A cidade é bem grande e moderna e, é redundante dizer, com muita gente. O bairro muçulmano é um misto de feira marroquina com chinesa, com muita gritaria, buzinas e comidas de rua. Passamos o dia juntos e vamos nos encontrar novamente em Hong Kong no início de setembro.


Bell Tower em Xi´an
O que mais me impressionou em Xian foi a poluição do ar. Em São Paulo, às vezes a gente quase consegue “ver” o ar que respira. Às vezes, no céu, se vê uma nevoa cinza, lá no horizonte por causa da poluição. Aqui não existe horizonte, ou mesmo céu. Aqui quase se consegue “cortar” o ar que se respira. Fiquei o tempo todo com uma dorzinha de cabeça que não sei dizer se era real, por causa do ar, ou psicológica por causa da preocupação de estar respirando aquele ar.

No dia seguinte fomos conhecer os Guerreiros de Xian. A grandiosidade do local impressiona mais do que os guerreiros, propriamente dito. Já os tinha visto em uma exposição em São Paulo, portanto nada de novo. A história por trás é bem mais impressionante. Perdemos o dia todo para ir. Primeiro ficamos mais de uma hora na fila do ônibus, mais uma hora de translado e mais uns 30 minutos até encontrar a bilheteria, mais duas horas para conhecer tudo e mais uma hora e meia para voltar. Foi cansativo. Mas o que mais me impressionou em Xian foi mesmo o lado negativo: a poluição do ar. O melhor daqui foi ir embora. Pode ser que seja uma coisa excepcional, fruto da combinação de vários fatores como falta de chuva e vento, o verão, etc. Se sim, esqueça tudo que falei.


Guerreiros de Terracota
Daqui fomos de avião para Chengdu. De trem ia demorar 16 horas e de avião foram apenas 1,5 horas. É a cidade do Panda Gigante. Aqui tem um centro de pesquisa e reprodução do Panda Gigante. Vimos pandas adultos, adolescentes e recém-nascidos. O centro foi uma excelente ideia para tentar reverter o quadro de extinção, pois o seu habitat natural foi e continua sendo muito devastado, mas no final das contas o lugar mais parece um zoológico de um bicho só. Para ir e vir tomamos dois ônibus urbanos de excelente qualidade. Só que na volta o motorista me deixou um pouco estressado. Sabe quando uma criança de 2 anos ganha de presente aquele sapatinho que o solado acende e apita? Que não quer tirar do pé nunca? E os pais ficam loucos? Então, o motorista tinha acabado de ganhar sua primeira buzina. Só pode. Ele buzinava para o vento, para qualquer coisa. Mas ele não foi o único, só o primeiro.

A outra grande atração da região fica a 2 horas de ônibus, em Leshan: O Buda Gigante. É o um Buda (sentado) de 70 metros cavado num penhasco às margens do encontro de dois rios. A entrada do lugar é pelo alto do penhasco e para ver o Buda tivemos que descer por uma escada na lateral direita dele desde a cabeça até o pé. Acho que esse sim deve ser o maior Buda de todos, em todas as categorias. Magnífico. O motorista do ônibus municipal aqui era o contrário do outro: calmo, tranquilo, lento, e com poderes telepáticos: ele conseguia saber se alguém ia subir ou descer sem que ninguém desse qualquer sinal. Aliás o ônibus não tinha botão ou corda para dar sinal. Fiquei prestando atenção em tudo no ônibus e não sei como ele conseguia.


Buda em Leshan


No outro dia era o dia de viajar para Guilin, mas como o voo era só à noite, pensei em ir conhecer o sistema de irrigação mais antigo do mundo em funcionamento. Ele foi construído para evitar as enchentes que devastavam os campos de arroz e acabavam com tudo. Eles construíram diques, dividiram o rio em dois e fizeram canais para escoamento e distribuição da água. Sabe esse negócio que todo janeiro acontece em São Paulo e ninguém conseguiu resolver? Pois eles construíram o deles há 2.200 anos atrás e funciona até hoje. Mas o dia amanheceu chuvoso, com uma garoazinha, e a cama tava quentinha, confortável... Não fomos. Deixa pra próxima.

Valeu.




Guilin: Um anjo e outras aventura

De Chengdu para Guilin de trem são exatamente 25 horas (a região é muito montanhosa) portanto, novamente, fomos de avião mesmo. Apesar de nossa viagem ser de um ano não temos todo o tempo do mundo, se é que você me entende. Aqui na China nosso visto é de 30 dias. No avião sentei na cadeira do meio e no corredor sentou um rapaz chinês. Automaticamente peguei a revista na minha frente e comecei a “ler”. Apenas as manchetes tinha tradução para inglês, o resto era em chinês. Quando o rapaz abriu a revista dele vi que era tudo em inglês e fiz cara de surpresa. O cara notou e disse que tinha pensado que eu sabia ler em chinês. “Não, eu só vejo as fotos”. Conversamos a viagem toda sobre vários assuntos e ele no final deu algumas dicas. Chegamos quase meia-noite no hotel e fomos dormir pois no dia seguinte começava nossa primeira aventura: conhecer o vilarejo de Ping´an, ao norte de Guilin. É um pequeno vilarejo no meio dos terraços de arroz, um dos mais famosos postais da China.

Saímos do hotel antes das 8 para tentar pegar o ônibus, seguir para outra cidade e de lá pegar outro ônibus para a entrada do vilarejo (não circulam carros ou motos em Ping´an). Mas existia outra opção, um pouco mais cara mas que nos levava direto para o vilarejo (entrada). Não é o transporte oficial mas longe de ser clandestino, acho melhor chamado de alternativo. Pelo que a tiazinha explicou, ou eu entendi, era um ônibus e partia as 9 em ponto: compramos. Mas na verdade era uma van e saiu as 9:30. O atraso de deu porque eles estavam esperando mais duas pessoas, até aquele momento eram somente eu e a Raquel. Era um casal, ele canadense e ela chinesa (nosso anjo). Não imaginava o quanto eles seriam importantes nessa nossa primeira aventura. Seguimos de van por quase 2 horas até que chegamos na estrada que leva ao vilarejo. Mas tinha uma pedra no meio do caminho. Na verdade tinham várias. Houve um deslizamento de terra e a estrada estava bloqueada. Mas tinha solução disse o motorista da van: você desse aqui, atravessa essa parte da estrada a pé até o outro lado e lá você pega outra van até a vila. Entendeu? Explicado em português fica fácil. Nem o motorista da primeira van, nem o da segunda, nem mais ninguém falava inglês, apenas nosso anjo. Ninguém tinha nos falado nada sobre esse pequeno detalhe. Outro detalhe era que tínhamos que pagar pela outra van após uma pequena negociação. Nosso anjo nos explicou tudo, negociou e foi conosco no mesmo carro até nosso vilarejo, apesar do destino final deles ser outra vila. Estava me sentindo enganado pela tiazinha que nos vendeu a passagem até o vilarejo por não nos dá qualquer informação adicional sobre o caminho e aos mesmo tempo muito agradecido pelo anjo que ela tinha colocado do nosso lado. Agradeci muito pela ajuda, muito mesmo, mas esqueci de perguntar o seu nome.


Terraços de arroz em Ping' an

Vilarejo - à direita nosso hostel
Finalmente na vila nos deparamos com um dos lugares mais bonito que vimos na China. E olha que essa não é nem a melhor época para conhecer os terraços de arroz. Agora o arroz está alto e verde. No final de setembro ele vai estar seco e dourado. Essa é a melhor época. Mas mesmo assim é muito bonito ver aqueles degraus gigantes morro acima e morro abaixo serpenteando tudo ao redor, acompanhar a vida simples do vilarejo que não tem uma única rua sequer, onde só existem degraus para todos os lados e ver a China em um outro ritmo. Dormimos uma noite apenas e no dia seguinte seguimos para Yangshou, ao sul de Guilin. Mas sabíamos que não seria fácil chegar lá por causa dos problemas na estrada, as negociações e os possíveis desentendimentos. A primeira negociação foi fácil e pagamos menos que no dia anterior mas a segunda estava sendo bem difícil, cara e com destino incerto (não sabíamos se estavam nos vendendo exatamente o que queríamos comprar). Até que nosso anjo chegou e todos os nossos problemas acabaram. Ela, que tinha reserva em uma van para voltar para Guilin, ligou para o contato e pediu mais dois lugares mas a van estava lotada. Mesmo assim ela conseguiu lugar em outro carro da mesma empresa, com horário certo, mas elástico (a qualquer momento entre 11h e 13h). Eles se foram e ficamos aguardando nossa van. Pouco tempo depois o namorado dela voltou e nos chamou para ir com eles pois tinha vaga no carro, segundo o motorista. Quando entramos no carro ela disse que ficava mais confortável e tranquila se fossemos com ela. Mas quando as outras pessoas começaram a chegar faltou lugar. Pelo que parecia não havia mais lugares disponíveis, o motorista tinha se enganado. Um princípio de discussão aconteceu e perguntei se havia algum problema e ela respondeu que era melhor não saber. Quando achei que iríamos descer e pegar a outra van, ela e o namorado desceram do carro e nos disseram para seguir naquela van que eles iriam depois no outro carro. Não acreditei. Ela preferiu ficar mais tempo lá só para que nós fossemos da forma mais segura possível. Ela tomou a decisão sozinha não dando tempo para que contestássemos nada. Tenho certeza que se ela não estivesse conosco no dia anterior e naquele dia, iriamos conseguir chegar onde queríamos de qualquer jeito. Mas anjos não existem para missões impossíveis e sim para facilitar, ajudar e direcionar nossos caminhos. Foi isso que ela fez por nós. Muito obrigado. Como não sei seu nome vou chama-la de Maria. Conheço alguns anjos chamado Maria: pessoas de bom coração, simples e que sempre veem o lado bom vida. Maria é um bom nome para um anjo da guarda.

A maior parte das pessoas que estavam na van também iam para Yangshou, nosso destino final, e nos ajudaram a chegar lá. Quase todos falavam um pouco de inglês. Chegamos em Yangshou no final do dia e ficamos pela cidade. No dia seguinte foi nossa segunda aventura: pegamos uma bicicleta e fomos passear por ai. Esse é um passeio obrigatório em Yangshou. Compramos um mapa da região e partimos. No caminho compramos uns pães para comer durante o passeio. O caminho era acompanhando o rio onde as pessoas fazem a descida em “jangadas” de bambu. Chegando ao final da trilha e achamos que era pouco. Decidimos continuar para o outro lado para conhecer o Rio Li, a principal atração da região. O caminho era bem mais longo que o primeiro e o sol estava de rachar. Para completar não tinha absolutamente ninguém fazendo o mesmo caminho. Passamos por uma vila onde compramos água, campos de arroz, rodovias, e quando estávamos perdidos, entramos em outra vila para pedir informações. Primeiro encontramos dois meninos que ficaram mais interessados nos cabelos do meu braço do que no mapa que tentava mostrar. Depois encontramos um casal de idosos que nos orientaram a direção. Vale lembrar que nosso mapa era em inglês e chinês, o que facilitou muito nossa vida. Seguimos caminho e finalmente, depois de algumas horas, encontramos o Rio Li com suas montanhas. Foi o dia todo encima da bicicleta, um dos mais cansativos e um dos melhores, junto a natureza, sentindo o cheiro de mato e ouvindo o canto dos pássaros.


Arrozal em Yangshou
Passeio de Bamboo Boat
Navegando pelo Rio Li
No dia seguinte passamos a manhã no hotel arrumando a mochila, pois viajamos nesta mesma noite para Hong Kong e aguardando o momento do principal passeio: navegar no Rio Li, a principal atração da região (o desenho do rio e das montanhas está na nota de 20 yuans). Esse foi o dia mais quente de toda a Ásia. Fazia 37º na sombra e umidade de quase 90%. O passeio foi em umas jangadas que pareciam de bambu mas eram de PVC mesmo. Subimos e descemos o rio passando pelas principais paisagens. Voltamos para a cidade, jantamos e fomos pegar o ônibus, nossa terceira aventura. Era um ônibus noturno e o ônibus não tinha cadeira, eram camas. Três fileira de camas-beliche. Nunca tinha visto um ônibus com camas. Fomos premiados e ficamos no fundão onde se tem um pouco mais de espaço, porque as outras camas eram bem pequenas. Mas no fundão, como não tem corredor ficam 5 pessoas. Tive pena do belga que ficou do meu lado pois ele tinha quase 2 metros e também das pessoas que estavam próximas dos meus pés: todos tem que tirar os sapatos na entrada do ônibus e eu estava desde de manhã com aquela meia. Acho que eles não reclamaram porque desmaiaram logo no primeiro momento. No final das contas foi uma viagem bem tranquila, bem dormida e sem percalços. Recomendo.

Chegamos em Hong Kong que é China mas não é. É um estado independente da China. E depois que você chega e conhece, definitivamente, Hong Kong não é China nem aqui nem na... nem na... nem no Brasil. Cidade grande moderna, velha e nova ao mesmo tempo. Metro pra todo lado, ônibus de dois andares como os londrinos, transito mais organizado e para quem gosta de comprar eletrônicos, gags e relógios (original ou “good copy”), acho que aqui é o paraíso. Nunca vi tantas relojoaria na minha vida. Loja da Rolex tem em cada quarteirão na região de Mong Kok, onde ficamos. Assistimos a sinfonia de luzes na baía, fomos até o The Peak (ponto mais alto da ilha), andamos de bondinho, conhecemos o maior buda de bronze (ao ar livre), compramos e também enviamos uma caixa com coisas que não queremos mais para o Brasil (chega daqui a 2 meses, se chegar).


Vista de Hong Kong


Vimos de tudo na China: cidade grande, vilarejo, natureza, bichos, uma maravilha do mundo, palácios e templos. O que mais impressionou aqui foram, primeiro a grandiosidade de tudo: do aeroporto, da estação de trem até as praças, lojas e restaurantes, tudo é muito grande, feito para multidões. E segundo o povo chinês: são sempre alegres, divertidos, simples e muito receptivos. Xiexié.


Valeu.

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