Ah, que
linda historia de amor... o Taj Mahal é a maior declaração de amor imortalizada
por uma das mais belas construções que já vi. Já tinha visto inúmeras fotos e
imaginado como era, mas estar lá, de corpo e alma, absorvendo sua perfeição, ao
nascer do sol, foi um momento de pura emoção. E são momentos assim, sublimes,
que faz tudo valer a pena, vale a pena estar na Índia, vale a pena encarar um
ano de mochilão, vale a pena ter dor de barriga, vale a pena sentir saudades. O
Taj não precisa de palavras, é contemplar e sentir. Do jeito que eu gosto.
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Ah, o Taj! |
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Nós 2 no Taj |
Além do
Taj, Agra tem outros dois fortes. Agra Fort, onde o rei que mandou construir o
Taj para sua falecida esposa ficou preso durante 8 anos podendo admirá-lo
somente do outro lado do rio, e Fatehpur Sikri, um complexo de castelos onde
outro rei (aqui tá cheio de reis) mandou construir um palácio para cada uma de
suas 3 esposas, uma hindu, outra muçulmana e outra católica. Mas de verdade,
depois de ver o Taj, os outros ficaram sem graça.
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Agra Fort e o Taj visto de onde o rei passou seus ultimos dias preso |
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Fatehpur Sikri, a cidade fantasma. Foi logo abandonada por dificuldade de abastecimento de agua |
Em Agra nos
despedimos de nosso motorista e fomos de trem noturno para Varanasi. A malha
ferroviária daqui é enorme, se vai para qualquer lugar e a passagem é muito
barata. Ratos tem aos montes passeando pelos trilhos, teve um que quase subiu
no meu tenis (ainda bem que não era uma barata). Aquelas cenas que vemos dos
indianos pendurados nos trens... não é tudo isso, mas chega perto. Ainda bem
que nosso ticket era a segunda melhor classe do trem que consistia em 2
beliches separadas por uma cortina do corredor de passagem. O trem é mais feio
do que eu imaginava mas a viagem foi melhor do que eu imaginava.
Varanasi é
a expressão máxima da Índia, em todos os sentidos. Como estávamos de motorista fomos
blindados da intensidade da cidade, mas mesmo da bolha pudemos ter uma amostra
de tudo que ela oferece. São nos mais de 360 gaths do Rio Ganges que a cidade
se constrói, tendo como tema os rituais de vida e morte. Fizemos um passeio de
barco às 5h30 da manhã para ver a vida como ela é. Banho, reza, higiene,
purificação, cremação, fé. Tudo junto, no mesmo rio sagrado que, para os
hindus, possui uma força sem igual. À noite acompanhamos uma cerimônia na
escadaria principal, onde todos os dias, ela reúne centenas de pessoas para
rezar por paz e amor. Foi bonito, mas mais bonito do que ela própria, foi ver a
devoção dessas pessoas.
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Nascer do sol no Rio Ganges |
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6h30 às margens do Rio Ganges |
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6h30 às margens do Rio Ganges |
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6h30 às margens do Rio Ganges |
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6h30 às margens do Rio Ganges |
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6h30 às margens do Rio Ganges - tranquilidade |
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6h30 às margens do Rio Ganges - crematório |
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Oferenda, agradecendo e pedindo proteção |
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Cerimonia no final do dia |
Depois de
19 dias estamos indo embora. Assim que chegamos achei que tínhamos dimensionado
mal o tempo, que era melhor ter escolhido só o triângulo dourado (Delhi,
Jaipur e Agra). Hoje, acho que fizemos no tempo que tinha que ser, tempo de se
chocar, de resistir, de processar, de ver poesia e até de se encantar, por que
não? Passamos por 6 cidades, uma diferente da outra, vendo caos, meditação, palácios, Rio Ganges, fé, muita fé. Não gostei de ficar com motorista o tempo todo, mas
entendi que, para mochileiros nível básico como nós, foi a melhor alternativa.
Gostaria de ter tido mais contato com as pessoas, na verdade gostaria de ter
estado mais aberta para uma conversa. O mesmo olhar curioso que temos ao vê-los
é retribuído, na proporção indiana, para nós. Eles querem saber de onde somos,
entender como uma “chinesa” pode ser brasileira (aqui as pessoas continuam
achando que eu sou chinesa), querem tirar foto. Teve um dia que um grupo
escolar de umas 30 pessoas nos cercaram e perguntaram se podiam nos fotografar.
Falamos que ok sem imaginar que a sessão foto duraria uns 10 minutos com umas 20
cameras apontadas para nós. Um barato. Sempre que eu largava minha armadura e
sorria, recebia um sorriso de volta. As pessoas que nos atenderam em hotéis e
restaurantes foram de uma gentiliza que não vimos igual nessa viagem.
Sempre me
emociono ao deixar um país. São vivências intensas, tão diferentes daquelas que
estamos acostumados... algumas são esperadas, outras nem imaginamos.
Descobrimos coisas novas e resignificamos outras, dando sentido ao momento
atual, até vir novas experiências, e novos resignificados.
Aqui
aprendi a agradecer. Tão obvio. Tão simples. Nada obvio.
Quem sabe
não voltamos pra cá na nossa segunda volta ao mundo e dessa vez de forma
independente? Vai pensando Lucio...
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