Continuamos
nosso roteiro padrão de quem visita a Turquia pela primeira vez. De Antalya
fomos a uma vilazinha distante 4 horas de ônibus que chama Pamukkale, em turco,
significa castelo de algodão. E é essa a primeira visão que temos do local, uma
montanha toda branca de calcário com suas piscinas naturais. Para andar lá
dentro precisa estar descalço. O piso é duro, é como andar em pedra, mas perto
das piscinas, fica a areia do calcário que deixa o chão escorregadio. A graça é
subir e descer a montanha, admirando as diferentes piscinas de cor azul bebe e
escolher a mais quentinha para relaxar.
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Primeira visão de Pamukkale |
Depois de subir a montanha, tem um parque muito bem cuidado e com boa estrutura para passar o dia. Tem inclusive uma área que parece um clube, com a Piscina da Cleópatra, uma piscina natural toda decorada com ruínas de construções romanas. Total pega turista, já que é preciso ticket adicional para entrar na piscina.
A montanha de
algodão é tão impressionante que quase se esquece que no parque também tem a
antiga cidade romana de Hierápolis. Algumas ruínas bem conservadas e
restauradas que mostram a força do império romano no mundo. Andando
descompromissados fomos surpreendidos pela linda restauração do anfiteatro.
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Anfiteatro restaurado de Hierápolis |
De lá partimos para Selçuk, uma viagem de trem de 3 horas, para visitar as ruínas de Ephesus, que foi uma das maiores cidades romanas do Mediterrâneo antigo e destruída por um terremoto. Somente 20% da cidade foi descoberta e só com isso já temos uma boa ideia da grandeza do lugar. A cidade era separada, na parte alta, as construções do governo e na baixa, a vila do povo. Entre elas, uma grande avenida com várias colunas.
Casa de banho, latrina publica, casas, igrejas, santuários. Tudo lá, carregando sua história de poder. O enorme anfiteatro com capacidade para 25 mil pessoas não impressionou tanto quando o de Hierápolis. O mais bonito foi a Biblioteca de Celso que abrigava 25 mil pergaminhos e foi restaurada na década de 60.
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Biblioteca de Celso |
Após mais 10 horas de ônibus, finalmente chegamos em Istambul, cidade grande, com bom transporte público e uma infinidade de coisas para ver. Entre palácios, museus, mesquitas, estreito de Bósforo, Grande Bazar, torre de Gálata, o que mais se destacou foi a dupla Museu de AyaSophia x Mesquita Azul, um na frente do outro, como se provocando para ver quem é mais bonito. AyaSophia já foi igreja e mesquita, hoje é um museu que apresenta uma interessante mistura de poder através de formas, figuras e símbolos. É muito grandioso, imponente. A Mesquita Azul é toda decorada com azulejos de cor azul, tapete vermelho e seus enormes lustres. Menor em tamanho, achei mais harmoniosa.
Desde que iniciamos a viagem temos visto muitas mesquitas mas a entrada de não muçulmanos sempre foi vetada. Em Istambul é permitida, desde que esteja vestido adequadamente. Visitamos algumas e tenho gostado da sensação que me traz. Toda forrada de tapete, precisa tirar o sapato para entrar (é certo que existe um certo chulé pairando no ar...), a decoração não traz pessoas ou animais, são sempre formas geométricas, e os lustres estão sempre presentes em diferentes tamanhos. A área dedicada às mulheres é sempre no fundo, pequena e cercada. Antes de rezar, eles precisam se lavar, e, para isso, tem as torneiras do lado de fora, cada uma acompanhada de um banquinho. Além da reza e da devoção, me pareceu ser um ambiente de reflexão, aprendizado e paz.
Passamos pela
experiência de um banho turco, que nada mais é que um banho dado por alguém. No
hamam que fomos permitia-se homens e mulheres mas cada um tem o seu lado. O
banho é rápido, dura 15 minutos e acontece todo em uma sauna natural. Primeiro
você deita em uma pedra enorme de mármore dentro da sauna para relaxar. Logo
vem uma mulher com um balde de água quente e uma esponja para fazer uma
esfoliação. Depois vem o sabão e uma massagem rápida. Por último você senta
para ela lavar o cabelo. E dá-lhe baciada de água na cara, na cabeça, no corpo,
a toda hora. No lado das mulheres ainda tinha uma jacuzzi para relaxar ao final
do banho. Gostei, se não fosse tão caro para nossos padrões poderia tomar mais
banhos, já que agora sei como é o esquema e não ficaria preocupada tentando
entender a mímica da mulher que me deu banho.
A comida turca
é bem variada, não tem um prato único que é típico. Temos comido as pides (que
podem ser interpretadas como pizzas, mas se o recheio for de carne moída, vira
nossa esfiha aberta em tamanho família), charutinhos de folha de uva (sem
carne, só com o arroz temperado), pastas árabes (de grão de bico, berinjela,
pimentão e coalhada) cozidos de carne, carneiro ou frango com temperos locais. Como
passamos um bom tempo por aqui, quisemos comer comida mais simples, com jeito
de comida de casa. E conhecemos o lado B da culinária turca com sopa de
lentilha, legumes refogados, principalmente berinjela e espinafre, feijão
branco, cevadinha. Tudo muito bom.
Antes de sair do Brasil, ganhamos um “kozukai”, ou dinheirinho do sorvete, que o “comitê” decidiu que seria usado para nos permitir pequenos prazeres de luxo ao longo da viagem. E o primeiro dos momentos foi em Istambul, em uma janta completa que fez o Lucio comentar "assim parece até que estou de férias".
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Almoço em Selçuk que nos despertou para o lado B da culinária turca |
Antes de sair do Brasil, ganhamos um “kozukai”, ou dinheirinho do sorvete, que o “comitê” decidiu que seria usado para nos permitir pequenos prazeres de luxo ao longo da viagem. E o primeiro dos momentos foi em Istambul, em uma janta completa que fez o Lucio comentar "assim parece até que estou de férias".
Ter a Turquia no nosso roteiro de volta ao mundo foi um grande prazer de sensações. Fui surpreendida em Goreme com a cidade de cima e a cidade de baixo, fiquei muito feliz por ter voado de balão, tive um relax nas praias de Antalya, caminhei pelas piscinas de Pamukalle, vi a grandiosidade de Ephesus, entrei nas mesquitas de Istambul, fui da Europa para a Asia pelo Estreito de Bósforo e tomei um banho turco. Tesekkür (obrigada em turco)!
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Nós 2 no passeio de barco pelo Estreito de Bósforo |
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