Estamos em um ano sabático para conhecer o mundo e a nós mesmos. Para isso manteremos nossos olhos, mentes e corações atentos e abertos por onde estivermos. Toda semana faremos um relato do que passou e por onde passamos. Como tudo na vida tem dois lados, serão duas visões sobre os mesmos momentos.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

46º. So far, so good.

Bom pessoal,

Queria que os 46º à que me refiro no título fosse o teor alcoólico do uísque que tomei. Mas se refere a temperatura na região do Mar Morto quando lá estávamos. E nem tinha sol, estava tudo nublado. O ar era tão seco que nem fiquei suado e meu nariz sangrou. O Mar Morto é um verdadeiro buraco. Esta localizado no meio do deserto, a -400 metros do nível do mar (local mais profundo na face da terra) e rodeado de montanhas. Acredito que seja chamado de mar porque é salgado e morto porque a salinidade aqui é 10 vezes maior que no mar (de verdade). Na verdade é um grande lago salgado onde desemboca o rio Jordão. É tanto sal que até as pedras nas margens do lago ou estão cobertas ou são de sal. Tomamos banho e constatamos que é mesmo impossível alguém morrer afogado aqui. É impossível afunda nesse mar. A única e principal recomendação é não beber da água por razões óbvias.


Mas antes disso estivemos em Tel Aviv, a capital financeira de Israel (a capital do Estado de Israel é Jerusalém). Uma cidade nova, moderna, com bom serviço de transporte publico e acesso de bicicleta, excelente estrutura de praia e bastante cosmopolita. Achei que se assemelha muito com Barcelona (sem Gaudi e antes das olimpíadas, claro). Ou seja é um lugar legal mas sem muita coisa pra ver. Chegamos na sexta bem cedo e saímos no domingo pela manhã. Passamos o final de semana por lá curtindo o calçadão e a praia. Vale lembrar que por aqui o sábado é como se fosse domingo. Sábado é o dia de descanso para os judeus.


Tel Aviv

No domingo seguimos para Jerusalém de ônibus e chegamos por volta do meio dia debaixo de um sol escaldante de 34º (ok, até esse momento 34º parecia escaldante). Para aproveitar todos os momento fomos almoçar e as 14:30 fizemos um walk tour pela cidade velha com um grupo de estrangeiros de toda parte. Passamos pelos quatro bairros da cidade antiga (bairros armênio, judeu, islâmico e cristão) com explicações detalhadas sobre cada um e principalmente passamos pelos pontos principais das três religiões que aqui, nesse pequeno pedaço de chão, tem os principais (ou importantes) locais de peregrinação. Este tour serviu de introdução para entender a importância desta pequena cidadela para tanta gente no mundo todo e porque tantos brigam por ela há tantos anos. À noite comemos um sanduíche, que aliás tem sido nossa refeição mais comum, e fomos dormir.

No segundo dia fomos para o Mar Morto. Fomos de ônibus e ficamos em uma "praia" publica que tem uma estrutura com restaurantes, estacionamento, banheiros e tudo mais. Só não tinha ar-condicionado. Já contei como foi no Mar Morto, só gostaria de acrescentar que ficamos mais de 30 minutos no ponto do ônibus, por volta das 15:30, sentindo aquele calorzinho que descrevi. À noite, como recomendado pelo guia, fomos conhecer o Muro das Lamentações, local sagrado para os judeus (não o muro mas o que há atrás desse muro) e assistimos o final de uma cerimônia litúrgica. O Muro das Lamentações ou Western Wall, como é mais conhecido, são as ruínas do que restou do Templo de Salomão construído pelo rei Davi a mais de 3000 anos. Neste local está a "pedra do sacrifício" ou pedra sagrada de Abraão. A pedra é o local mais sagrado para os judeus, por vários motivos que não vou entrar em detalhes porque poderia cometer erros tamanha a ignorância em relação ao assunto. Mas vale ressaltar que hoje ela está fisicamente dentro de um local sagrado também para os muçulmanos: o domo da rocha. Voltamos para a cidade nova e como era véspera do dia da independência de Israel, as ruas no entorno do hostel estavam em festa.


O terceiro dia foi o dia das peregrinações. Primeiro fomos ao terceiro local mais sagrado para os muçulmanos: o Monte do Templo, onde estão a mesquita Al-Aqsa e o Domo da Rocha. O templo foi construído sobre as ruínas do Templo de Salomão que foi destruído 2 vezes durantes os séculos. O local é um jardim suspenso (o acesso é através de uma rampa) com muitas árvores e acesso liberado (depois de passar por locais de revista) a todos desde que nos horários permitidos e com roupas adequadas. Nos outros momentos é liberado apenas para os muçulmanos. Não foi possível entrar em nenhum dos dois templos porque o acesso é restrito a muçulmanos. Depois voltamos para o Western Wall desta vez para chegar mais perto e deixar o nosso pedido como é tradição. Aqui também o acesso é liberados a todos depois de uma revista. É um local de bastante poder, tranquilo, calmo e reflexivo. É um espaço amplo, a céu aberto e três níveis abaixo da rua. O próximo ponto de peregrinação foi a via crúcis ou via dolorosa como aqui é mais conhecido. A via dolorosa começa no bairro muçulmano e termina na Igreja do Santo Sepulcro. O caminho é pouco sinalizado mas é só seguir a multidão (esse é o ponto mais visitado de Jerusalém). No bairro muçulmano o caminho é pelas ruas da cidade por entre lojas e mais lojas. A partir da nona estação já se está no bairro cristão e logo após essa estação entramos na igreja (as últimas 4 estações são dentro da igreja). Aqui todos são bem vindos (como nos lugares das outras religiões) mas não tem controle nenhum de entrada. A porta está sempre aberta. A igreja do Santo Sepulcro não é bem uma igreja como conheço: um grande espaço amplo com um altar. Na verdade são como várias igrejas agregadas, com vários altares, corredores, pouca iluminação e difícil de entender onde começa e onde termina. Mas conseguimos. Foi muito emocionante conhecer lugares que antes estavam apenas na minha imaginação e constatar que é tudo como descrito. Terminamos o dia no castelo da Torre de Davi que fica no portão de entrada da cidade velha, o portão Jaffa. É um excelente local para fotos tanto da cidade antiga como da cidade nova. No final do dia voltamos para o hotel, arrumamos as malas e nos preparamos para sair bem cedo (7:00) para Eilat, a próxima cidade por apenas uma noite.



Igreja do Santo Sepulcro - Jerusalém


Eilat é uma cidade balneário às margens do Golfo de Eilat no braço oriental do Mar Vermelho com muitos outlets (é uma zona franca). E como era aniversário da Raquel, ficamos em um hotel de verdade, que custou o dobro do valor disponível no orçamento. Mas foi maravilhoso. Já na chegada ao hotel a recepcionista nos atendeu em um bom espanhol e disse que tinha umas surpresas. Nos deu um convite para um café com bolo (que não deu tempo de aproveitar), um convite para um coquetel no final da tarde (um chá da tarde com vinho) e também um upgrade de quarto. Ficamos em um quarto com terraço e jacuzzi. Aproveitamos tudo pois não sabemos quando isso vai acontecer novamente. Esse foi e provavelmente será o melhor hotel que vamos ficar esse ano. Agora estamos em Petra na Jordânia. Mas a Jordânia é outra história.


Valeu


PS. Avisa ao Alckmin que se ele quiser resolver o problema de água em São Paulo é só mandar as passagens (de ida e volta claro) que passamos uma semana em São Paulo. Não sou o Cacique Cobra Coral mas onde vou chove. No Marrocos choveu e até aqui em Eilat (e em Petra) choveu. O índice pluviométrico aqui é menor que o local mais seco do nordeste brasileiro, menos de 300 mm por ano. Só pra comparação o índice de São Paulo é de 1.400 mm/ano. Fica a dica.

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