Estamos em um ano sabático para conhecer o mundo e a nós mesmos. Para isso manteremos nossos olhos, mentes e corações atentos e abertos por onde estivermos. Toda semana faremos um relato do que passou e por onde passamos. Como tudo na vida tem dois lados, serão duas visões sobre os mesmos momentos.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Na Turquia, como os turcos

Bom Pessoal

Depois de Antalya fomos direto para Pamukkale, um distrito da cidade de Denizli. Quatro horas de ônibus e mais 15 minutos de lotação, chegamos no hotel pela porta dos fundo e não tive a melhor das impressões: piscina meio vazia, quartos sendo reformados, o ar de abandono me questionou se não economizamos muito reservando um hotel de US$ 30,00 a diária. Mas não. O Hotel na verdade era muito bom, limpinho, quarto grande, banheira, varanda, e perto de restaurantes e de Hierápolis-Pamukkale, "o parque". Nem sempre a primeira impressão é a que fica.

Pamukkale significa castelo de algodão e "o parque" consiste em uma colina de rocha calcária (branquinho branquinho) e as ruínas da cidade romana de Hierápolis. E o mais importante: uma fonte de água termal. A água passa pela cidade e desce pela colina calcária criando piscinas e mais piscinas, uma abaixo da outra, como se fossem degraus de uma escada. Na parte calcária da colina não se pode pisar calçado, e desde o topo até embaixo a água escorre de piscina para piscina quase sem se notar. Os formatos e as texturas que se formam nas pedras decorrentes da erosão são impressionantes e maravilhosas. Daí o nome "Castelo de Algodão". Pena que a maior parte das piscinas estão vazias (não sei porque), diminuindo assim a beleza fotogênica do local mas não sua grandiosidade. Além disso existem as ruínas da cidade que também impressionam, principalmente o teatro que está sendo reconstruído como se fosse um lego gigante (todas ou quase todas as pedras utilizadas são originais). Todas as ruínas estão sendo reconstruídas, pois não havia pedra sobre pedra por causa de saques, guerras e de terremotos que assolam essas terras de tempos em tempos.



Pamukkale
Depois de duas noites em Pamukkale seguimos para Selçuk (lê-se Selchuk) ou Éfeso como é mais conhecida (Efes em turco, o mesmo nome da cerveja daqui) de trem. Na verdade Éfeso é a antiga cidade que fica a 3 Km de Selçuk. Também ruínas romanas. Mas essa foi uma cidade romana muito importante e rica a 2.000 anos atrás. É bastante citada na Bíblia (Epístola de Paulo aos Efésios) e também foi o possível local de morada de Maria. A Igreja não confirma mas também não desmente. E o local já foi visitado por alguns papas, o último foi o papa Bento XVI. Quando pensamos em conhecer a região definimos ir somente a Éfeso e sem guia. Mas nos convencemos de que sem um guia, Éfeso seria somente mais uma cidade romana em ruínas que iriamos conhecer. E valeu a pena contratar o Day Tour. Primeiro porque também fomos a casa de Maria (que não estava nos nossos planos) e depois por que contextualizar a cidade é bem mais interessante. Mesmo que sejam mais algumas ruínas romanas (quem já viu uma cidade romana já viu todas). Mas vou começar pela casa de Maria. Como não estava nos nossos plano visitá-la, estava sem qualquer informação sobre o local. Mas pensando, imaginei um local calmo, tranquilo, bonito e simples. E assim é. Após as orientações do guia seguimos para a casa. Passamos por uma pequena capela ao ar livre onde estava sendo rezada uma missa e logo a frente, embaixo de uma bela árvore estava a casa: dois cômodos, um pequeno oratório com a imagem de Nossa Senhora e mais nada. Não precisava de mais. A tranquilidade, o poder do simples e a energia do local foram muito boas para mim. Rezei e roguei a Nossa Senhora principalmente por proteção para todos nós. Nós daqui e daí também. Foi uma experiência bem mais marcante do que em Jerusalém na Igreja do Santo Sepulcro. Casa de mãe tem dessas coisas.

Depois do almoço seguimos para Éfeso. Estima-se que apenas 20% de toda a cidade está descoberto. Através de escavações a cidade vai se mostrando aos poucos. Mas as obras mais impressionantes que podemos ver são a fachada da biblioteca, um prédio de três andares com muitos detalhes arquitetônicos, e o teatro romano para mais de 25 mil pessoas. Valeu cada centavo ter contratado um guia.


Biblioteca de Éfeso

Teatro de Éfeso
Nessa mesma noite pegamos um ônibus com destino a Istambul. Mais uma noite dormindo sentado. Chegamos cedo no hotel e, graças a Deus, nosso quarto já estava disponível pois estava muito cansado da viagem toda. Dormimos até as 13hs e só saímos pra almoçar e caminhar um pouco. Voltamos para o hotel e dormimos mais um pouco e nem saímos pra jantar. Viajar com tempo tem suas vantagens. Não temos que fazer tudo correndo, temos a semana toda por aqui para conhecer tudo. Na segunda fomos conhecer o Palácio de Topkapi e fazer um passeio de barco pelo Estreito de Bósforo. O palácio é também museu e é o único aberto na segunda-feira. Todos os outros estão fechados. Como não gostamos muito de museu, vimos todos os cantos do palácio e seguimos para o cais. No passeio tem-se uma visão geral da cidade. Nas agências de turismo o passeio custa por volta de 45 liras (15 euros). No cais custa 10 liras o mesmo passeio (3,5 euros). Fica a dica. No passeio tem-se ideia de como a cidade é grande. São mais de 13 milhões de habitantes em dois continentes. Istambul, antiga Constantinopla, é uma cidade muito fácil de fazer turismo, atrações por toda parte, muita história, bom sistema de transporte, muitos restaurantes e muitas e muitas lojas de tudo que você gosta, já gostou ou um dia venha a gostar. Ou mesmo odeie. No terceiro dia fomos conhecer a Hagia Sofia (Basílica de Santa Sofia, hoje um Museu) e a Mesquita Azul. As duas atrações estão separadas por uma praça e são muito bonitas. Hagia Sofia foi construída em 360dc, mas a versão atual data de 530dc e foi uma igreja ortodoxa até 1200 quando foi convertida em igreja romana até 1260. Voltou a ser igreja ortodoxa até a data de 1453 quando virou mesquita e assim ficou até 1931 quando o primeiro presidente da Republica da Turquia decidiu secularizar o edifício e transformá-lo em museu. Sábia decisão. Aliás Santa Sofia ou Hagia Sofia significa Sagrada Sabedoria em grego. Nessa mesma tarde fomos ao Grande Bazar de Istambul. Cheio de lojas de joias, ouro, tapetes e especiarias, tem tantos corredores que no final você não sabe nem aonde começou.


Mesquita Azul

Hagia Sofia
No quarto dia fomos conhecer a parte alta da cidade, a rua/calçadão Istiklal e a torre Galata, de onde se tem uma visão 360° de toda a cidade. A rua é bem movimentada, com muitas lojas e restaurantes de todo tipo. É por lá também que o bicho pega quando chega a noite. É a maior concentração de baladas da cidade. O lugar parece a rua Florida de Buenos Aires. E na quinta, sem mais nada de diferente pra fazer fomos a uma outra mesquita menos procurada por turistas. Mais tranquila ficamos por lá um pouco e fomos comer num restaurante de cozinha otomana. Mas cansado de comer kebab de carne, comi frango assado. Depois fomos para nosso primeiro banho turco. Na Turquia, como os turcos. Fomos a uma casa tradicional onde existem espaços separados para homens e mulheres. Sem muita informação de como funciona, fui direcionado para um quartinho que na verdade era o vestiário. Troquei de roupa, vesti minha sunga, coloquei a toalha na cintura (todos devem permanecer com a toalha) e desci para entrar nas salas de banho. Chegou um cara com bigodinho preto, simpático (deve ser obrigatório ter bigode, todos tinham), me direcionou a saúna onde deitei numa pedra quente no meio da sala. E ele me deu a próxima instrução: after. Só isso. Entendi que ele voltaria depois. Cinco minutos depois ele voltou, calçou a luva/esponja que recebi na entrada e começou a me esfoliar (palavra chique que significa esfregar mesmo) primeiro a seco depois com espuma. Enquanto isso ia também fazendo massagem. No processo às vezes ele usava água quente às vezes fria. Dez minutos depois está tudo terminado e se você quiser ficar mais tempo na saúna tudo bem, se não, segue para o banho final em box individual (sozinho, claro) e dali para o vestiário. A experiência toda dura menos de 1 hora. Tem gente que reclama que é rápido, mas é um banho não um dia de noiva. Gostei bastante. Mas caso você não goste de ter um cara esfregando suas costas, existe a opção de se banhar sozinho. Vale a pena também, só a sauna já é uma atração. O aquecimento da saúna é natural. É uma sala redonda, toda de mármore, com teto abobadado cheio de furos, fechados com vidro, com se fossem lentes de aumento. E é isso que aquece toda a sala. Valeu a pena.


Vista de Istambul da Torre Galata
Ainda temos dois dias em Istambul mas isso vai ficar pra semana que vem.

Valeu.

5 comentários:

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  2. Bem legal Lucio! Quais os proximos destinos?

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  3. Fala cara.
    Valeu. Agora estamos de partida para a Grécia.

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  4. Lucião....vc de sunga sendo esfoliado pelo turco de bigodinho e ainda gostando...estou preocupado. Torço para que vcs cheguem logo na Tailândia e vc faça um relato menos preocupante dos banhos...hehehe. Massa. Lindas fotos como sempre. Abração.

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    1. Eu também. O pior é que ainda tive que dá gorjeta.

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