Estamos em um ano sabático para conhecer o mundo e a nós mesmos. Para isso manteremos nossos olhos, mentes e corações atentos e abertos por onde estivermos. Toda semana faremos um relato do que passou e por onde passamos. Como tudo na vida tem dois lados, serão duas visões sobre os mesmos momentos.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Na Turquia, como os turcos

Bom Pessoal

Depois de Antalya fomos direto para Pamukkale, um distrito da cidade de Denizli. Quatro horas de ônibus e mais 15 minutos de lotação, chegamos no hotel pela porta dos fundo e não tive a melhor das impressões: piscina meio vazia, quartos sendo reformados, o ar de abandono me questionou se não economizamos muito reservando um hotel de US$ 30,00 a diária. Mas não. O Hotel na verdade era muito bom, limpinho, quarto grande, banheira, varanda, e perto de restaurantes e de Hierápolis-Pamukkale, "o parque". Nem sempre a primeira impressão é a que fica.

Pamukkale significa castelo de algodão e "o parque" consiste em uma colina de rocha calcária (branquinho branquinho) e as ruínas da cidade romana de Hierápolis. E o mais importante: uma fonte de água termal. A água passa pela cidade e desce pela colina calcária criando piscinas e mais piscinas, uma abaixo da outra, como se fossem degraus de uma escada. Na parte calcária da colina não se pode pisar calçado, e desde o topo até embaixo a água escorre de piscina para piscina quase sem se notar. Os formatos e as texturas que se formam nas pedras decorrentes da erosão são impressionantes e maravilhosas. Daí o nome "Castelo de Algodão". Pena que a maior parte das piscinas estão vazias (não sei porque), diminuindo assim a beleza fotogênica do local mas não sua grandiosidade. Além disso existem as ruínas da cidade que também impressionam, principalmente o teatro que está sendo reconstruído como se fosse um lego gigante (todas ou quase todas as pedras utilizadas são originais). Todas as ruínas estão sendo reconstruídas, pois não havia pedra sobre pedra por causa de saques, guerras e de terremotos que assolam essas terras de tempos em tempos.



Pamukkale
Depois de duas noites em Pamukkale seguimos para Selçuk (lê-se Selchuk) ou Éfeso como é mais conhecida (Efes em turco, o mesmo nome da cerveja daqui) de trem. Na verdade Éfeso é a antiga cidade que fica a 3 Km de Selçuk. Também ruínas romanas. Mas essa foi uma cidade romana muito importante e rica a 2.000 anos atrás. É bastante citada na Bíblia (Epístola de Paulo aos Efésios) e também foi o possível local de morada de Maria. A Igreja não confirma mas também não desmente. E o local já foi visitado por alguns papas, o último foi o papa Bento XVI. Quando pensamos em conhecer a região definimos ir somente a Éfeso e sem guia. Mas nos convencemos de que sem um guia, Éfeso seria somente mais uma cidade romana em ruínas que iriamos conhecer. E valeu a pena contratar o Day Tour. Primeiro porque também fomos a casa de Maria (que não estava nos nossos planos) e depois por que contextualizar a cidade é bem mais interessante. Mesmo que sejam mais algumas ruínas romanas (quem já viu uma cidade romana já viu todas). Mas vou começar pela casa de Maria. Como não estava nos nossos plano visitá-la, estava sem qualquer informação sobre o local. Mas pensando, imaginei um local calmo, tranquilo, bonito e simples. E assim é. Após as orientações do guia seguimos para a casa. Passamos por uma pequena capela ao ar livre onde estava sendo rezada uma missa e logo a frente, embaixo de uma bela árvore estava a casa: dois cômodos, um pequeno oratório com a imagem de Nossa Senhora e mais nada. Não precisava de mais. A tranquilidade, o poder do simples e a energia do local foram muito boas para mim. Rezei e roguei a Nossa Senhora principalmente por proteção para todos nós. Nós daqui e daí também. Foi uma experiência bem mais marcante do que em Jerusalém na Igreja do Santo Sepulcro. Casa de mãe tem dessas coisas.

Depois do almoço seguimos para Éfeso. Estima-se que apenas 20% de toda a cidade está descoberto. Através de escavações a cidade vai se mostrando aos poucos. Mas as obras mais impressionantes que podemos ver são a fachada da biblioteca, um prédio de três andares com muitos detalhes arquitetônicos, e o teatro romano para mais de 25 mil pessoas. Valeu cada centavo ter contratado um guia.


Biblioteca de Éfeso

Teatro de Éfeso
Nessa mesma noite pegamos um ônibus com destino a Istambul. Mais uma noite dormindo sentado. Chegamos cedo no hotel e, graças a Deus, nosso quarto já estava disponível pois estava muito cansado da viagem toda. Dormimos até as 13hs e só saímos pra almoçar e caminhar um pouco. Voltamos para o hotel e dormimos mais um pouco e nem saímos pra jantar. Viajar com tempo tem suas vantagens. Não temos que fazer tudo correndo, temos a semana toda por aqui para conhecer tudo. Na segunda fomos conhecer o Palácio de Topkapi e fazer um passeio de barco pelo Estreito de Bósforo. O palácio é também museu e é o único aberto na segunda-feira. Todos os outros estão fechados. Como não gostamos muito de museu, vimos todos os cantos do palácio e seguimos para o cais. No passeio tem-se uma visão geral da cidade. Nas agências de turismo o passeio custa por volta de 45 liras (15 euros). No cais custa 10 liras o mesmo passeio (3,5 euros). Fica a dica. No passeio tem-se ideia de como a cidade é grande. São mais de 13 milhões de habitantes em dois continentes. Istambul, antiga Constantinopla, é uma cidade muito fácil de fazer turismo, atrações por toda parte, muita história, bom sistema de transporte, muitos restaurantes e muitas e muitas lojas de tudo que você gosta, já gostou ou um dia venha a gostar. Ou mesmo odeie. No terceiro dia fomos conhecer a Hagia Sofia (Basílica de Santa Sofia, hoje um Museu) e a Mesquita Azul. As duas atrações estão separadas por uma praça e são muito bonitas. Hagia Sofia foi construída em 360dc, mas a versão atual data de 530dc e foi uma igreja ortodoxa até 1200 quando foi convertida em igreja romana até 1260. Voltou a ser igreja ortodoxa até a data de 1453 quando virou mesquita e assim ficou até 1931 quando o primeiro presidente da Republica da Turquia decidiu secularizar o edifício e transformá-lo em museu. Sábia decisão. Aliás Santa Sofia ou Hagia Sofia significa Sagrada Sabedoria em grego. Nessa mesma tarde fomos ao Grande Bazar de Istambul. Cheio de lojas de joias, ouro, tapetes e especiarias, tem tantos corredores que no final você não sabe nem aonde começou.


Mesquita Azul

Hagia Sofia
No quarto dia fomos conhecer a parte alta da cidade, a rua/calçadão Istiklal e a torre Galata, de onde se tem uma visão 360° de toda a cidade. A rua é bem movimentada, com muitas lojas e restaurantes de todo tipo. É por lá também que o bicho pega quando chega a noite. É a maior concentração de baladas da cidade. O lugar parece a rua Florida de Buenos Aires. E na quinta, sem mais nada de diferente pra fazer fomos a uma outra mesquita menos procurada por turistas. Mais tranquila ficamos por lá um pouco e fomos comer num restaurante de cozinha otomana. Mas cansado de comer kebab de carne, comi frango assado. Depois fomos para nosso primeiro banho turco. Na Turquia, como os turcos. Fomos a uma casa tradicional onde existem espaços separados para homens e mulheres. Sem muita informação de como funciona, fui direcionado para um quartinho que na verdade era o vestiário. Troquei de roupa, vesti minha sunga, coloquei a toalha na cintura (todos devem permanecer com a toalha) e desci para entrar nas salas de banho. Chegou um cara com bigodinho preto, simpático (deve ser obrigatório ter bigode, todos tinham), me direcionou a saúna onde deitei numa pedra quente no meio da sala. E ele me deu a próxima instrução: after. Só isso. Entendi que ele voltaria depois. Cinco minutos depois ele voltou, calçou a luva/esponja que recebi na entrada e começou a me esfoliar (palavra chique que significa esfregar mesmo) primeiro a seco depois com espuma. Enquanto isso ia também fazendo massagem. No processo às vezes ele usava água quente às vezes fria. Dez minutos depois está tudo terminado e se você quiser ficar mais tempo na saúna tudo bem, se não, segue para o banho final em box individual (sozinho, claro) e dali para o vestiário. A experiência toda dura menos de 1 hora. Tem gente que reclama que é rápido, mas é um banho não um dia de noiva. Gostei bastante. Mas caso você não goste de ter um cara esfregando suas costas, existe a opção de se banhar sozinho. Vale a pena também, só a sauna já é uma atração. O aquecimento da saúna é natural. É uma sala redonda, toda de mármore, com teto abobadado cheio de furos, fechados com vidro, com se fossem lentes de aumento. E é isso que aquece toda a sala. Valeu a pena.


Vista de Istambul da Torre Galata
Ainda temos dois dias em Istambul mas isso vai ficar pra semana que vem.

Valeu.

Turquia: Pamukkale, Ephesus e Istambul, uma bela combinação

Continuamos nosso roteiro padrão de quem visita a Turquia pela primeira vez. De Antalya fomos a uma vilazinha distante 4 horas de ônibus que chama Pamukkale, em turco, significa castelo de algodão. E é essa a primeira visão que temos do local, uma montanha toda branca de calcário com suas piscinas naturais. Para andar lá dentro precisa estar descalço. O piso é duro, é como andar em pedra, mas perto das piscinas, fica a areia do calcário que deixa o chão escorregadio. A graça é subir e descer a montanha, admirando as diferentes piscinas de cor azul bebe e escolher a mais quentinha para relaxar.

Primeira visão de Pamukkale

Depois de subir a montanha, tem um parque muito bem cuidado e com boa estrutura para passar o dia. Tem inclusive uma área que parece um clube, com a Piscina da Cleópatra, uma piscina natural toda decorada com ruínas de construções romanas. Total pega turista, já que é preciso ticket adicional para entrar na piscina.

A montanha de algodão é tão impressionante que quase se esquece que no parque também tem a antiga cidade romana de Hierápolis. Algumas ruínas bem conservadas e restauradas que mostram a força do império romano no mundo. Andando descompromissados fomos surpreendidos pela linda restauração do anfiteatro.

Anfiteatro restaurado de Hierápolis

De lá partimos para Selçuk, uma viagem de trem de 3 horas, para visitar as ruínas de Ephesus, que foi uma das maiores cidades romanas do Mediterrâneo antigo e destruída por um terremoto. Somente 20% da cidade foi descoberta e só com isso já temos uma boa ideia da grandeza do lugar. A cidade era separada, na parte alta, as construções do governo e na baixa, a vila do povo. Entre elas, uma grande avenida com várias colunas.

Avenida que separa o lado oficial e o povo

Casa de banho, latrina publica, casas, igrejas, santuários. Tudo lá, carregando sua história de poder. O enorme anfiteatro com capacidade para 25 mil pessoas não impressionou tanto quando o de Hierápolis. O mais bonito foi a Biblioteca de Celso que abrigava 25 mil pergaminhos e foi restaurada na década de 60.

Biblioteca de Celso

Após mais 10 horas de ônibus, finalmente chegamos em Istambul, cidade grande, com bom transporte público e uma infinidade de coisas para ver. Entre palácios, museus, mesquitas, estreito de Bósforo, Grande Bazar, torre de Gálata, o que mais se destacou foi a dupla Museu de AyaSophia x Mesquita Azul, um na frente do outro, como se provocando para ver quem é mais bonito. AyaSophia já foi igreja e mesquita, hoje é um museu que apresenta uma interessante mistura de poder através de formas, figuras e símbolos. É muito grandioso, imponente. A Mesquita Azul é toda decorada com azulejos de cor azul, tapete vermelho e seus enormes lustres. Menor em tamanho, achei mais harmoniosa.

Mesquita azul

Desde que iniciamos a viagem temos visto muitas mesquitas mas a entrada de não muçulmanos sempre foi vetada. Em Istambul é permitida, desde que esteja vestido adequadamente. Visitamos algumas e tenho gostado da sensação que me traz. Toda forrada de tapete, precisa tirar o sapato para entrar (é certo que existe um certo chulé pairando no ar...), a decoração não traz pessoas ou animais, são sempre formas geométricas, e os lustres estão sempre presentes em diferentes tamanhos. A área dedicada às mulheres é sempre no fundo, pequena e cercada. Antes de rezar, eles precisam se lavar, e, para isso, tem as torneiras do lado de fora, cada uma acompanhada de um banquinho. Além da reza e da devoção, me pareceu ser um ambiente de reflexão, aprendizado e paz. 

Passamos pela experiência de um banho turco, que nada mais é que um banho dado por alguém. No hamam que fomos permitia-se homens e mulheres mas cada um tem o seu lado. O banho é rápido, dura 15 minutos e acontece todo em uma sauna natural. Primeiro você deita em uma pedra enorme de mármore dentro da sauna para relaxar. Logo vem uma mulher com um balde de água quente e uma esponja para fazer uma esfoliação. Depois vem o sabão e uma massagem rápida. Por último você senta para ela lavar o cabelo. E dá-lhe baciada de água na cara, na cabeça, no corpo, a toda hora. No lado das mulheres ainda tinha uma jacuzzi para relaxar ao final do banho. Gostei, se não fosse tão caro para nossos padrões poderia tomar mais banhos, já que agora sei como é o esquema e não ficaria preocupada tentando entender a mímica da mulher que me deu banho.

A comida turca é bem variada, não tem um prato único que é típico. Temos comido as pides (que podem ser interpretadas como pizzas, mas se o recheio for de carne moída, vira nossa esfiha aberta em tamanho família), charutinhos de folha de uva (sem carne, só com o arroz temperado), pastas árabes (de grão de bico, berinjela, pimentão e coalhada) cozidos de carne, carneiro ou frango com temperos locais. Como passamos um bom tempo por aqui, quisemos comer comida mais simples, com jeito de comida de casa. E conhecemos o lado B da culinária turca com sopa de lentilha, legumes refogados, principalmente berinjela e espinafre, feijão branco, cevadinha. Tudo muito bom.


Almoço em Selçuk que nos despertou para o lado B da culinária turca

Antes de sair do Brasil, ganhamos um “kozukai”, ou dinheirinho do sorvete, que o “comitê” decidiu que seria usado para nos permitir pequenos prazeres de luxo ao longo da viagem. E o primeiro dos momentos foi em Istambul, em uma janta completa que fez o Lucio comentar "assim parece até que estou de férias".

Ter a Turquia no nosso roteiro de volta ao mundo foi um grande prazer de sensações. Fui surpreendida em Goreme com a cidade de cima e a cidade de baixo, fiquei muito feliz por ter voado de balão, tive um relax nas praias de Antalya, caminhei pelas piscinas de Pamukalle, vi a grandiosidade de Ephesus, entrei nas mesquitas de Istambul, fui da Europa para a Asia pelo Estreito de Bósforo e tomei um banho turco. Tesekkür (obrigada em turco)!   

Nós 2 no passeio de barco pelo Estreito de Bósforo

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Turquia - Capadocia e praia

Bom pessoal,

Merhaba. Chegamos em Göreme na Capadócia já eram mais de 11 da noite. O aeroporto mais próximo fica a 40 minutos de carro e é preciso contratar um transfer pra te levar para o hotel. É barato (10 euros por pessoa) mas tem que contratar com antecedência se não a outra opção é de táxi, mas aí a conta fica mais salgada: 70 euros. No hotel fomos recebido pelo dono, um senhor que de tanto esperar já estava mais pra lá que pra cada, muito atencioso nos levou para nosso quarto, ou melhor, caverna e nos perguntou se queríamos alguma coisa pra beber ou comer. Pedimos apenas chá. Naquela hora, sem jantar e com frio um chazinho caia bem, mas ele além do chá nos trouxe bolo. Maravilha. Pela recepção só podemos esperar o melhor da Turquia. E até agora somente boas surpresas. Nosso quarto-caverna, numa das chaminés de pedra da região, era bem legal. A temperatura praticamente não se alterava independente da temperatura lá fora (a Raquel postou uma foto).

Goreme

Göreme é uma cidadezinha no meio da região da Capadócia e pelo que vi é o melhor local para ficar. Lembra Campos do Jordão. Lembra. Só. Um centrinho cheio de lojas e restaurantes para todos os gostos e bolsos. A conversão do dólar para a lira turca é parecida com o real: 2 pra 1. Assim é mais fácil saber se estamos dentro do orçamento ou não. No primeiro dia ficamos à toa pela cidade nos ambientando ao novo país. Na Capadócia, a grande atração é o voo de balão e já no segundo dia fizemos o nosso. E ele não deixa a desejar. Acordamos as 4 da manhã e deixamos o hotel antes das 5 com destino ao local onde estavam os balões (todos os tour te pegam e deixam no hotel).  Fomos recebidos com chá e biscoitos enquanto aguardávamos nosso balão encher. Os cestos cabem de 12 a 20 pessoas e tinham 3 balões da empresa que contratamos. Depois de encher o balão com ar frio eles começam a colocar ar quente. São 4 tochas apontadas para o meio da abertura do balão que mais parecem aqueles acendedores de fogão gigantes. Depois de algumas instruções, partimos para mais de 40 minutos voando numa tranquilidade que não imaginava. Não se percebe se está subindo ou descendo, não balança, uma suavidade impressionante. E o voo é só contemplação. Contemplação do céu, da geografia inusitada das chaminés de pedra por toda parte, fruto da erosão de milhões de anos, e também dos outros balões. Eram mais de 50 naquele dia. No verão são mais de 100. Subimos a mais de 400 metros, descemos em um vale a uma altura de 10 metros, bem próximo das chaminés de pedra, tocamos no topo de uma árvore, encostamos em outro balão e pousamos em cima do reboque do carro. Uma experiência única. Para comemorar o passeio tomamos champanhe sem álcool e recebemos certificado pra provar (pra quem????) que fizemos.




Mas existem mais coisa para se fazer por aqui. Existem 4 day tour. Classificados por cores o mais procurado é o verde. Nesse tour conhecemos uma cidade subterrânea. Conhecemos apenas 20% da cidade e descemos por tuneis que passam apenas uma pessoa por vez, e muitas vezes temos que nos abaixar bastante para não bater a cabeça, mais de 50 metros abaixo do nível da rua. Lá em baixo existem salas, cozinhas, quartos, igrejas e locais para deixar pequenos animais. Impressionante como eles viviam. O caminho é meio claustrofóbico. Não se sabe exatamente quem construiu os tuneis mas muitos povos durante os séculos habitaram essas cidades (existem outras), às vezes permanentemente e às vezes somente em caso de ataque de inimigos, como proteção. Depois de almoçar, caminhamos por um vale, vimos mais paisagens, fomos a um antigo mosteiro-caverna e conhecemos uma loja que trabalha com pedra preciosas e semi-preciosas. A pedra azul-turquesa com partes douradas no meio, típica da Turquia, é muito bonita e deve ser cara. Nem perguntei.


Mosteiro


Íamos passar 4 noite aqui, mas 3 foram suficientes e nessa mesma noite pegamos um ônibus para Antalya, cidade de mais de 1 milhão de habitantes na costa mediterrânea. Foram 10 horas de viagem. Com excelente acesso de transporte publico, e belíssimas praias, Antalya bomba no verão e no ano passado tornou-se a terceira cidade mais visitada do mundo, segundo o wikipedia (em inglês), com mais de 10 milhões de visitantes estrangeiros (acredite se quiser). A mesma fonte diz que o Brasil inteiro recebeu em 2011 5,4 milhões de visitantes estrangeiros. Sem comentários.

Antalya - Praia de Konyaalti


A cidade tem um belo centro antigo (Kaleiçi) e jardins por toda parte. Conhecemos o centro e os arredores no primeiro dia e no segundo e terceiro foram pra praia. Primeiro para Konyaalti (praia de pedra) e depois para Lara (praia de areia). A primeira é menos visitada e mais próximo do centro, a segunda é popular e fica um pouco mais longe (30 minutos de ônibus). O ponto final do ônibus é o início da praia. Após passar por um parque, tem-se o calçadão e a praia. É a mais frequentada pelos locais, não é muito bonita mas tem bom acesso e boa estrutura. Aliás o parque que fica antes da praia é cheia de churrasqueiras de tijolo (mais de 50), todas públicas, com mesas de madeira e bancos que ficam lotadas. Todos trazem comidas e fazem ali o almoço. De grupos de amigos de todas as idades a famílias.


Rua de Guarda-Chuvas em Kaleiçi (centro antigo de Antalya)

Particularmente estou bem surpreso com o nível de desenvolvimento, segurança e qualidade dos serviços públicos aqui na Turquia. Não sei exatamente porque, mas esperava algo mais próximo do Brasil, só que eles estão bem mais próximos da Europa.

Valeu

Turquia: A magia de Goreme e as praias de Antalya

Começamos nosso passeio pela grandiosa Turquia onde vamos ficar por 18 dias visitando 5 cidades. Aqui não são todos que falam inglês, mas a gentileza e a boa vontade tornam a comunicação ainda mais fácil do que se falassem. Sempre com um sorriso, tentam se comunicar por gestos e quando realmente não dá, chamam alguém, ligam para alguém. Também estamos nos esforçando com mimicas e tradutores eletrônicos. E no final, sempre dá certo.

Nossa primeira parada foi Goreme que fica na região da Capadocia. A única coisa que eu sabia sobre a cidade é que tinha o passeio de balão. Mas ela é muito mais que isso, fui bem surpreendida com a beleza única desse lugar que fica em uma antiga região vulcânica onde suas cinzas formaram pedras de fácil escavação. E é claro que o povo de lá foi construindo casas, igrejas e afins, formando várias vilas entre os vales. A visão que temos é de uma cidade de pedras brancas e pontiagudas, lembrando chaminés de fadas, como é conhecida. Até hoje, algumas casas ainda são na pedra, como o caso do nosso hotel.

Goreme e seus encantos naturais
Goreme vista de cima
Nosso hotel, escavado na pedra

Conhecemos também uma cidade subterrânea, a maior entre as 35 que tem na região e que foram abrigos em tempos de guerra. Essa cidade tinha 8 andares, mas só 4 estão abertos para visitação. Em uma profundidade de 85 metros, um labirinto de tuneis estreitos e baixos ligam os diversos andares entre casas, igrejas, estábulos, tumbas. Fantástico ver um modo de vida tão diferente onde as pessoas ficavam meses sem ver o sol, tendo todas as condições de subsistência embaixo da terra.

Para fechar com chave de outro, fizemos o famoso passeio de balão. Acordamos cedo, o motorista nos pegou no hotel às 5 horas da manhã. Chegamos no vale ainda a tempo de acompanhar o enchimento dos enormes balões, com ventiladores e depois com fogo para eles se levantarem. É no vale que todos se encontram, cada agencia com seus balões, cerca de 50. Conforme o dia vai amanhecendo, os balões vão, um a um levantando voo e colorindo o céu. O balão sobre devagarinho, tranquilo e vai sobrevoando as formações rochosas, ora mais perto do vale, ora mais perto do céu. E quando eu percebi que “estava voando” e vendo a paisagem lá de cima, foi que entendi a magia que é andar de balão. Experiência top, sensação inesquecível. 




Na nossa última noite, compramos um vinho da região e uma pide, que é a pizza turca, para comer nas mesas comunitárias do hotel, que ficavam ao ar livre de frente para a lua, aquela que estava quase cheia no deserto, agora sim, estava totalmente cheia. Nada de mais, mas a viagem tem sido feita de pequenos momentos como esses que são gostosos. Ficamos bebendo, conversando... e quando estávamos no último copo, o dono do hotel, senhor que não falava muito inglês, trouxe um prato com cerejas e nêsperas e só disse “wine”. Entendemos que depois do vinho íamos precisar de uns doces para dormirmos felizes... e assim fizemos.

Depois de 3 dias, pegamos um ônibus noturno de 10 horas até Antalya, riviera turca, banhada pelo Mar Mediterrâneo. A cidade tem um centro antigo bastante charmoso e praias para todos os gostos. Conhecemos as duas praias opostas da cidade: Konyaalti, de pedras, a 10 minutos do centro e Lara, de areia, a 45 minutos. Essa última parecia ser mais local, fomos em um feriado da cidade e a praia estava cheia de famílias e grupos de amigos passando o dia na areia e nas churrasqueiras gratuitas que tem no parque anexo à praia. Foram dias para não fazer nada, só curtindo o sol e a água gelada do Mediterrâneo.

Nós 2 e a vista para praia de Konyaalti

Fizemos 1 mês de viagem. Se estivéssemos de férias no conceito convencional, já teríamos voltado. E na verdade, estamos só começando. Temos percebido que a cada dia as coisas vão ficando mais fáceis, mais naturais. Qualquer hotel que ficamos mais de 1 noite já dá para desfazer toda a mala. Estamos ganhando agilidade na tarefa de arrumar a mochila, cada vez achamos uma forma mais fácil de ajeitar as coisas. Nosso “índice de frescura” tem diminuído a cada albergue, estamos aprendendo a lidar com todos os tipos de banheiros e lençóis duvidosos. Nossos receios e medos vão diminuindo, no lugar, mais leveza e desembaraço, permitindo aproveitar mais de cada momento que estamos tendo a oportunidade de vivenciar.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Jordania

Bom pessoal,

Depois de Eilat, Israel, fomos para a cidade de Petra na Jordânia. Tanto para chegar na fronteira como da fronteira até Wadi Mousa (cidade onde está Petra) tivemos que pegar um táxi. No lado de Israel todos são sérios e diretos, sem papo furado. Já do lado jordaniano todos são seus amigos. De infância. O cara do táxi quis vender um pacote para ir para o deserto de Wadi Rum de táxi mas como recusei a oferta ele saiu dizendo que eu não confiava nele, que apesar de todas as referencias, que ele mesmo me deu, eu não acreditava nele e ainda saiu sem cumprimentar após o devido pagamento de 55Jd ou US$75. Melhor assim. Três dia depois fomos para o deserto de ônibus por menos da metade do preço. No meio da viagem de 2 horas nós ainda aceitamos um chá que ele nos ofereceu. Após receber o copo fiquei preocupado com as possibilidades e só bebi mesmo quando chegamos ao hotel. Isso serviu de lembrança para nunca aceitar nada de estranhos. Never more.

Depois do hotel que ficamos em Eilat, o hotel de Petra mais parecia um estábulo. Brincadeirinha. O hotel até que era bonzinho mas não dava pra comparar. Quando reservei o hotel observei principalmente a proximidade com a entrada de Petra: apenas 1Km. Mas ninguém avisou que Wadi Mousa é em um vale e para chegar a Petra (que é no fundo do vale) é só ladeira. Para ir, é ladeira abaixo, mas para voltar foi duro.

No dia que chegamos em Petra estava chovendo (coisa rara por aqui nessa época do ano) e Petra estava fechada para visita. Aproveitamos o primeiro dia para conhecer o centrinho da cidade, o entorno do hotel (ou seja, demos a volta no quarteirão) e para nos atualizarmos de tudo. No dia seguinte, já com sol, Petra estava aberta e logo cedo fomos conhecer uma das 7 maravilhas do mundo. Depois da bilheteria, descemos o vale e chegamos na entrada do cânion onde realmente começa a cidade de Petra. O cânion vai serpenteando os rochedos com altura de 30 a 40 metros e as vezes com largura de 5 metros até chegar ao Salão do Tesouro (principal atração). Todos conhecem o monumento do filme Indiana Jones. Mas o salão é só a primeira das atrações. Para além do salão, descendo ainda mais, agora já num espaço mais aberto, tem uma verdadeira cidade nos penhascos, outros palacetes desenhados nas rochas, um anfiteatro e ruínas de palácios do período romano. E por último, e talvez mais bonito, o Monastério. Esse, além de descer até o fundo do vale ainda temos que subir uma montanha para conhecê-lo. Mas valeu a pena. Desde a bilheteria até o Monastério são mais de 5Km. Só que agora tem que voltar e a volta é ladeira acima, até o hotel. Devagar e sempre. Mas caso você fique muito cansado, existem meios de transportes que por si só já são uma atração aparte: cavalos, jumentos, charretes e camelos estão a disposição de todos. É só escolher e negociar o preço. Mas seja duro na negociação pois eles sabem quanto vale um copo de água pra quem está com sede.

Cânion

Salão do Tesouro

Anfiteatro


No outro dia voltamos a Petra para conhecer o Salão do Tesouro, só que agora pelo alto. Mais ladeira, mais montanha e mais escadas. Subimos o rochedo que fica de frente ao salão. Foto feita, comemos um lanche e voltamos pelo mesmo caminho.

Depois de Petra a outra grande atração da Jordânia é o deserto de Wadi Rum, por onde passou o tenente britânico T. E. Lawrence, mais conhecido como Lawrence da Arábia (o filme é baseado na sua biografia). Mas a principal atração é mesmo o deserto. Diferente do deserto Marroquino, onde só se tinha areia, Wadi Rum mais parece um vale, com muitos rochedos e montanhas de formatos únicos. Me senti como se você estivesse no fundo do mar tamanha a semelhança das formações rochosas. Passamos o dia passeando pelos vales e visitando lugares interessantes. Estávamos nos dois, mais um casal americano e o guia/motorista/cozinheiro. Ele preparou o almoço ali mesmo, numa sombra ao pé de uma montanha, numa fogueirinha feita no chão de areia com raízes secas e gravetos que nós mesmo juntamos. E ficou muito gostoso. Depois visitamos mais alguns pontos de interesse e fomos ver o pôr-do-sol de cima de um rochedo. Um dos mais bonitos que já vi. Até agora.

Lawrence Springs


Deserto de Wadi Rum

Pôr-do-sol no deserto

Essa foi nossa segunda noite no deserto, mas foi uma experiência totalmente diferente do Marrocos. O acampamento tinha banheiro com chuveiro (apesar de ninguém ter tomado banho), tendas individuais com camas, tenda aberta para servir o jantar e outra para a apresentação musical. Se fizermos uma comparação, diria que esse acampamento é 5 estrelas. Só não foi perfeito porque perdemos o nascer do sol por 5 minutos no dia seguinte.

Depois do café, fomos para a fronteira e voltamos para Israel onde passamos a noite e no dia seguinte viajamos para Tel Aviv de ônibus, depois de avião para Istambul e depois de avião para Goreme na Capadócia, onde estamos agora. Foi um dia inteiro de deslocamento. E agora começa a etapa da Turquia.

Valeu.

Os potes de ouro da Jordania

Tivemos uma passagem rápida pela Jordania para conhecer duas de suas principais belezas naturais. Foram dias cansativos fisicamente, andamos muito, escalamos pedras e montanhas, mas no final, sempre encontrávamos o pote de ouro que nos fazia esquecer o cansaço. Ou era uma vista “uau”, ou o melhor pôr do sol ou uma panorâmica do lugar.

Pela primeira vez atravessamos uma fronteira a pé. O taxi nos levou do hotel até a fronteira do lado de Israel. Feita a burocracia de um lado, andamos alguns metros na terra de Zé Ninguém. Nova burocracia do outro lado, pegamos outro taxi que nos levou até Wadi Musa, cidade que tem o sítio arqueológico de Petra. 


Atravessando a fronteira a pé na Terra de Zé Ninguém

Tivemos 2 dias para conhecer essa incrível cidade de pedra. Uma daquelas sensações de “como foi possível construir isso?” A entrada sinuosa entre as pedras gigantes vai criando o clima para nos depararmos com o famoso "Tesouro" do filme Indiana Jones, um monumento que ainda preserva muitos dos detalhes originais. Andamos por toda a cidade, conhecendo a vila, a arena, os santuários e o Monastério. E o mais impressionante é imaginar que ali foi uma cidade há mais de 2.000 anos, com suas casas, praças e igrejas. De fato, uma das 7 maravilhas do mundo.



Nós 2 no Monastério: caminhada/subida de 3 horas ida e volta

Depois fomos de tour passar um dia no Deserto de Wadi Run e dormir no acampamento dos beduínos. Esse deserto não é de dunas como o que vimos em Marrocos, ele é de pedras. Sobe aqui, escala aquela montanha ali, dá um pulinho até a pedra... e a cada parada, um “oooohhh” que mostrava a imensidão do deserto. Na hora do almoço, nosso guia parou em uma sombrinha, acendeu uma fogueira e literalmente, cozinhou para o grupo. Ele fez um refogado de tomate, cebola, alho, pimentão, fava e temperos. Acompanhado de pão, queijo fetta, homus e chá. Comida beduína, feita na hora, na nossa frente. Não sei se era a fome, mas comemos até raspar o prato. Terminamos o dia no alto de uma montanha vendo as cores do deserto brincar com o pôr do sol.



Nosso guia preparando o almoço


O Deserto, lindo como ele é


O melhor pôr do sol

Aí chegamos no acampamento, que tinha uma “super” estrutura (tudo depende da referencia, como a nossa foi o Deserto do Saara, esse foi classificado como super).  A “casinha” tinha vaso sanitário e chuveiro, com água quente. Tinha gerador que funcionava por algumas horas, jantar em buffet, sala de estar com sofás e cabanas individuais com cama. Nessa noite a lua estava quase cheia e tão forte que mal deu para ver as estrelas. Ah, mesmo com a opção do chuveiro, resolvemos passar a noite de forma beduína e fugimos do banho.

Não conhecemos a cultura e o povo de lá. Fomos para dois lugares extremamente turísticos onde tudo que é feito é para nos atender e proporcionar algum conforto. Posso arriscar dizer que é um povo receptivo, que quer nos receber bem, mostrar o seu país. Algumas coisas ainda são diferentes aos nossos olhos: a língua, a predominância de homens nas ruas, a vestimenta típica, a pobreza (ou a simplicidade), a falta de cores (todas as casas são cor de barro). Nosso guia beduíno nos contou algumas coisas que achei interessante. Todos são “primos”, as famílias são tão grandes, primos que casam com primos, que no final, é mais fácil resumir que todos são primos. Todos são muçulmanos, rezam as 5 vezes por dia, cada um à sua maneira. Eles levam uma vida simples, tem uma dedicação à família, não bebem mas fumam muito. Se divertem com as musicas locais, tocando, cantando e dançando. Ele contou que conheceu a noiva dele na escola e, antes de avançarem na relação, os pais primeiro precisam se entender. Concluiu que essa é a melhor maneira de se relacionar, com a benção da família tudo fica mais fácil. 

O prato típico do pais é a mansaf, um cozido de arroz com iogurte e cordeiro. Me deliciei, ainda mais porque o arroz fica meio empapado e me lembrou o “gohan”. A bebida alcoólica aqui também é proibida, no lugar, muito chá de cardamono.


Mansaf de cordeiro

Apesar do pouco tempo, tivemos dias que nos encheram os olhos. Vimos paisagens bem diferentes do que já conhecíamos. E me deu aquele sentimento que escrevi nos primeiros posts: "como o mundo é grande para eu ficar em só um pedacinho dele".

quinta-feira, 8 de maio de 2014

46º. So far, so good.

Bom pessoal,

Queria que os 46º à que me refiro no título fosse o teor alcoólico do uísque que tomei. Mas se refere a temperatura na região do Mar Morto quando lá estávamos. E nem tinha sol, estava tudo nublado. O ar era tão seco que nem fiquei suado e meu nariz sangrou. O Mar Morto é um verdadeiro buraco. Esta localizado no meio do deserto, a -400 metros do nível do mar (local mais profundo na face da terra) e rodeado de montanhas. Acredito que seja chamado de mar porque é salgado e morto porque a salinidade aqui é 10 vezes maior que no mar (de verdade). Na verdade é um grande lago salgado onde desemboca o rio Jordão. É tanto sal que até as pedras nas margens do lago ou estão cobertas ou são de sal. Tomamos banho e constatamos que é mesmo impossível alguém morrer afogado aqui. É impossível afunda nesse mar. A única e principal recomendação é não beber da água por razões óbvias.


Mas antes disso estivemos em Tel Aviv, a capital financeira de Israel (a capital do Estado de Israel é Jerusalém). Uma cidade nova, moderna, com bom serviço de transporte publico e acesso de bicicleta, excelente estrutura de praia e bastante cosmopolita. Achei que se assemelha muito com Barcelona (sem Gaudi e antes das olimpíadas, claro). Ou seja é um lugar legal mas sem muita coisa pra ver. Chegamos na sexta bem cedo e saímos no domingo pela manhã. Passamos o final de semana por lá curtindo o calçadão e a praia. Vale lembrar que por aqui o sábado é como se fosse domingo. Sábado é o dia de descanso para os judeus.


Tel Aviv

No domingo seguimos para Jerusalém de ônibus e chegamos por volta do meio dia debaixo de um sol escaldante de 34º (ok, até esse momento 34º parecia escaldante). Para aproveitar todos os momento fomos almoçar e as 14:30 fizemos um walk tour pela cidade velha com um grupo de estrangeiros de toda parte. Passamos pelos quatro bairros da cidade antiga (bairros armênio, judeu, islâmico e cristão) com explicações detalhadas sobre cada um e principalmente passamos pelos pontos principais das três religiões que aqui, nesse pequeno pedaço de chão, tem os principais (ou importantes) locais de peregrinação. Este tour serviu de introdução para entender a importância desta pequena cidadela para tanta gente no mundo todo e porque tantos brigam por ela há tantos anos. À noite comemos um sanduíche, que aliás tem sido nossa refeição mais comum, e fomos dormir.

No segundo dia fomos para o Mar Morto. Fomos de ônibus e ficamos em uma "praia" publica que tem uma estrutura com restaurantes, estacionamento, banheiros e tudo mais. Só não tinha ar-condicionado. Já contei como foi no Mar Morto, só gostaria de acrescentar que ficamos mais de 30 minutos no ponto do ônibus, por volta das 15:30, sentindo aquele calorzinho que descrevi. À noite, como recomendado pelo guia, fomos conhecer o Muro das Lamentações, local sagrado para os judeus (não o muro mas o que há atrás desse muro) e assistimos o final de uma cerimônia litúrgica. O Muro das Lamentações ou Western Wall, como é mais conhecido, são as ruínas do que restou do Templo de Salomão construído pelo rei Davi a mais de 3000 anos. Neste local está a "pedra do sacrifício" ou pedra sagrada de Abraão. A pedra é o local mais sagrado para os judeus, por vários motivos que não vou entrar em detalhes porque poderia cometer erros tamanha a ignorância em relação ao assunto. Mas vale ressaltar que hoje ela está fisicamente dentro de um local sagrado também para os muçulmanos: o domo da rocha. Voltamos para a cidade nova e como era véspera do dia da independência de Israel, as ruas no entorno do hostel estavam em festa.


O terceiro dia foi o dia das peregrinações. Primeiro fomos ao terceiro local mais sagrado para os muçulmanos: o Monte do Templo, onde estão a mesquita Al-Aqsa e o Domo da Rocha. O templo foi construído sobre as ruínas do Templo de Salomão que foi destruído 2 vezes durantes os séculos. O local é um jardim suspenso (o acesso é através de uma rampa) com muitas árvores e acesso liberado (depois de passar por locais de revista) a todos desde que nos horários permitidos e com roupas adequadas. Nos outros momentos é liberado apenas para os muçulmanos. Não foi possível entrar em nenhum dos dois templos porque o acesso é restrito a muçulmanos. Depois voltamos para o Western Wall desta vez para chegar mais perto e deixar o nosso pedido como é tradição. Aqui também o acesso é liberados a todos depois de uma revista. É um local de bastante poder, tranquilo, calmo e reflexivo. É um espaço amplo, a céu aberto e três níveis abaixo da rua. O próximo ponto de peregrinação foi a via crúcis ou via dolorosa como aqui é mais conhecido. A via dolorosa começa no bairro muçulmano e termina na Igreja do Santo Sepulcro. O caminho é pouco sinalizado mas é só seguir a multidão (esse é o ponto mais visitado de Jerusalém). No bairro muçulmano o caminho é pelas ruas da cidade por entre lojas e mais lojas. A partir da nona estação já se está no bairro cristão e logo após essa estação entramos na igreja (as últimas 4 estações são dentro da igreja). Aqui todos são bem vindos (como nos lugares das outras religiões) mas não tem controle nenhum de entrada. A porta está sempre aberta. A igreja do Santo Sepulcro não é bem uma igreja como conheço: um grande espaço amplo com um altar. Na verdade são como várias igrejas agregadas, com vários altares, corredores, pouca iluminação e difícil de entender onde começa e onde termina. Mas conseguimos. Foi muito emocionante conhecer lugares que antes estavam apenas na minha imaginação e constatar que é tudo como descrito. Terminamos o dia no castelo da Torre de Davi que fica no portão de entrada da cidade velha, o portão Jaffa. É um excelente local para fotos tanto da cidade antiga como da cidade nova. No final do dia voltamos para o hotel, arrumamos as malas e nos preparamos para sair bem cedo (7:00) para Eilat, a próxima cidade por apenas uma noite.



Igreja do Santo Sepulcro - Jerusalém


Eilat é uma cidade balneário às margens do Golfo de Eilat no braço oriental do Mar Vermelho com muitos outlets (é uma zona franca). E como era aniversário da Raquel, ficamos em um hotel de verdade, que custou o dobro do valor disponível no orçamento. Mas foi maravilhoso. Já na chegada ao hotel a recepcionista nos atendeu em um bom espanhol e disse que tinha umas surpresas. Nos deu um convite para um café com bolo (que não deu tempo de aproveitar), um convite para um coquetel no final da tarde (um chá da tarde com vinho) e também um upgrade de quarto. Ficamos em um quarto com terraço e jacuzzi. Aproveitamos tudo pois não sabemos quando isso vai acontecer novamente. Esse foi e provavelmente será o melhor hotel que vamos ficar esse ano. Agora estamos em Petra na Jordânia. Mas a Jordânia é outra história.


Valeu


PS. Avisa ao Alckmin que se ele quiser resolver o problema de água em São Paulo é só mandar as passagens (de ida e volta claro) que passamos uma semana em São Paulo. Não sou o Cacique Cobra Coral mas onde vou chove. No Marrocos choveu e até aqui em Eilat (e em Petra) choveu. O índice pluviométrico aqui é menor que o local mais seco do nordeste brasileiro, menos de 300 mm por ano. Só pra comparação o índice de São Paulo é de 1.400 mm/ano. Fica a dica.

Israel: um pouco de tudo

Passamos uma semana em Israel, tomando um refresco de primeiro mundo. Transporte publico eficiente, wi-fi nos ônibus intermunicipais, ruas limpas, água de torneira potável, sensação de segurança a qualquer hora do dia. E claro, preços de primeiro mundo também.
O cardápio da semana foi homus, falafel e salada de pepino e tomate. Na janta ficamos com o shawarma, nosso churrasquinho grego, para a conta não estourar tanto no final do dia.


Comida típica de Israel
Tivemos 2 dias de praia em Tel Aviv. Cidade do mundo, que recebe a todos. Bonita, alegre, tranquila, segura, limpa. Foi um bom descanso.

Pôr do sol em Tel Aviv

De lá partimos para Jerusalem. Conhecemos o Mar Morto no esquema mochileiro, fomos de busão ao invés dos inúmeros tours que são oferecidos na cidade. Depois de 1h30 de viagem, descemos no meio da estrada com um calor de 45 graus. Difícil até de respirar. Entramos no mar e a brincadeira era tentar ficar em pé... o sal não deixa e te faz boiar o tempo todo. Sensação única, foi bem divertido.


Nós 2 no Mar Morto
Conhecemos também a cidade antiga de Jerusalem e seus principais pontos religiosos. O quarteirão muçulmano é o maior de todos e tem o Domo da Rocha (a mesquita de cúpula de ouro) e a Mesquita de Al-Aqsa (a terceira mais sagrada para o Islã, depois de Meca e Medina), em um espaço de muita paz. Bem ao lado encontra-se o Muro das Lamentações, o local mais sagrado do judaísmo, que tem uma força que não dá para explicar, é preciso sentir. E eu senti, tocando o muro com as duas mãos, deixando meu desejo escrito entre as pedras e me emocionando, junto com as outras mulheres que estavam do meu lado do muro. Foi um momento meu, muito especial. Para terminar, fizemos o caminho da Via Dolorosa que terminou na Basílica do Santo Sepulcro, o quarteirão católico e mais visitado. Tinha tantos turistas que a sensação que ficou foi de confusão. E talvez seja essa a situação, já que a custódia da igreja é dividida entre os ortodoxos, armênios e católicos romanos.


Muro das Lamentações: celebração especial no aniversário de Independência de Israel

Por coincidência, nessa semana foi o aniversario de Independência de Israel, onde todos vão às ruas em uma festa bem animada. No dia anterior à festa, os mortos do holocausto são lembrados e homenageados através de 1 minuto de silêncio. Toca-se uma sirene em determinados horários do dia, e todos, todos, param o que estão fazendo e ficam em pé, imóveis por 1 minuto. Lindo!
No último dia fomos para Eilat, cidade fronteira com a Jordânia, nosso próximo destino. Cidade de praia banhada pelo Mar Vermelho. Foi também o dia do meu aniversário. Na nossa divisão de tarefas, o Lucio é responsável pela reserva de hotéis. E ele reservou, de surpresa, um super hotel em Eilat, com piscina, quarto grande, lençol branquinho, banheiro limpo, varanda com jacuzzi, cafe da manha estilo continental e vários mimos de hotéis sofisticados... para quem está há 20 dias de albergue em albergue, foi um presente dos deuses. Tive um dia muito especial, do lado da pessoa que mais amo, fazendo o que mais amo. Faço meus 37 anos, de cara lavada, largo sorriso e, levando daqui, muita fé no coração.


Comemorando meu aniversário com um coquetel que ganhamos do hotel.