Estamos em um ano sabático para conhecer o mundo e a nós mesmos. Para isso manteremos nossos olhos, mentes e corações atentos e abertos por onde estivermos. Toda semana faremos um relato do que passou e por onde passamos. Como tudo na vida tem dois lados, serão duas visões sobre os mesmos momentos.

domingo, 27 de abril de 2014

Uma Noite no Deserto

Bom pessoal,


Depois de 5 dias em Marrakesh fomos em direção ao deserto para passar duas noites. Na verdade uma noite ficamos no Vale de Dades e outra noite no deserto. Como a viagem é longa eles dividem em duas noites e três dias. O terceiro dia é a volta.



O primeiro dia nós conhecemos uma vila berbere (povo nômade do deserto) chamada Ait Ben Haddou, que já foi cenário de vários filmes inclusive de parte de um episódio de Game of Thrones da segunda temporada. Depois de uma exaustiva viagem em uma van com mais 16 pessoas chegamos ao hotel-albergue em que passamos a noite. Um hotelzinho bem simples e mal conservado mas eu estava tão cansado que dormi feito uma pedra.



No outro dia já as 7:30 da manhã partimos para o deserto propriamente dito. Paramos somente uma vez para conhecer e explorar uma vila. Vimos as plantações e entramos em uma casa, que na verdade era uma cooperativa da vila para comercializar os tapetes produzidos ali. Segundo a "historinha" que nos contaram era uma vila de mulheres do deserto, nômades, viúvas e tecelãs, que produziam tudo que necessitavam e fabricavam tapetes para comercializar. Viviam agora na vila por causa do melhor acesso a escolas e hospitais para os filhos. Mas vender é uma habilidade que eles desenvolveram muito bem. Os homens fazem as vendas (mas não eram mulheres viúvas? Também não entendi). Depois da "historinha" sobre a vila e as mulheres e de como os tapetes são fabricados, eles apresentam todos os tapetes que tem. São vários modelos em três ou quatro tamanhos disponíveis. E ai entra a técnica para vender: primeiro eles mostram todos os tapetes. Enquanto abrem os tapetes vão contando histórias de cada modelo e de que tipo de lã são feitos: se de ovelhas ou de camelo. São uns 50 tapetes. Depois disso ele continua com as histórias enquanto vai dobrando tapete por tapete. Se houver qualquer interesse de qualquer um, ele separa o tapete para só no final, junto com o interessado, negociar o preço final na "sala de negociação". É um processo lento que dá tempo para a pessoa pensar, avaliar e ser convencida de que aquilo não pesa nada e que vai ficar lindo na sala da sua casa, seja no chão ou na parede. Tem uns bem bonitos. Bem interessante o processo. Três pessoas compraram. Depois da vila mais uma cansativa viagem com o destino final no deserto.



Chegamos no deserto mais ou menos 5 da tarde. Tem um hotel de apoio onde fazemos o check-in e nos dirigimos ao estacionamento de camelos para pegarmos nosso próximo transporte até o acampamento onde passamos a noite. No meio do deserto. A sim, isso mesmo, fomos de camelo para o acampamento. Todos em fila entre as dunas. Próximo ao acampamento descemos dos camelos e seguimos a pé. A areia é muito fina e difícil de andar mas chegamos. Deixamos as nossas coisas no acampamento, que eram poucas, porque a mochila grande ficou no hotel (para uma noite não se precisa de muita coisa ainda mais no meio de dunas e mais dunas) e subimos em uma duna para ver o pôr-do-sol. Não foi tão bonito quanto o que vimos em Marrakesh mas foi no deserto. Do Saara. Já no acampamento foi servido o jantar (comunitário) e depois tivemos uma apresentação de música ao redor de uma fogueira com muito uísque marroquino, ou seja, chá. O melhor era olhar para o céu e ver milhões e milhões de estrelas. A gente olha pouco para o céu a noite, mas também não há muito o que ver nas grandes cidades. Acordamos pela manhã para ver o nascer do sol de cima de uma duna bem maior que a do dia anterior. Fiz o exercício do dia todo antes mesmo do sol nascer. Depois subimos nos camelos e seguimos para o hotel.



Ok ok. Agora vamos ao lado B do passeio ao deserto. Até descermos dos camelos está tudo igual. Na verdade não deveríamos descer dos camelo, só no acampamento. Mas parecer que tinha um outro grupo de turistas "precisando" dos camelos, então seguimos a pé. Como o berbere soube? Ele recebeu uma ligação no CELULAR no "meio" do deserto. Chegamos. O acampamento estava como foi deixado pelo último grupo. Enquanto fomos ver o pôr-do-sol eles arrumaram tudo. Depois foi decidido em que tenda cada grupo de pessoas ia dormir. Ficamos por último e sozinhos em uma tenda que cabiam pelo menos mais duas pessoas. Melhor assim. Depois do sol ir embora a escuridão foi total. Tinham duas lanternas de vela em cima da mesa e só. Banheiro? Só para número 1. Número 2 era complicado. Banho? know nothing, inoccent!!!! Depois do jantar e de observar as estrelas começou o showzinho de música que mais parecia obrigação tamanha a vontade performática dos berbere (eram os mesmos que tinham guiado os camelos e arrumado as camas). Programa "Pega Turista" obrigatório no Marrocos. Dormimos com a mesma roupa do dia todo e foi com essa mesma roupa que passamos o terceiro dia inteiro, o dia do retorno para a civilização. De novo dormi feito uma pedra. Mas nossa excursão ia voltar para Marrakesh e nós queríamos ir para Fés. Falamos com o motorista ainda em Marrakesh sobre isso e ele nos deu duas opções: ônibus ou táxi. Para uma outra viagem de 6 horas acho que táxi era a melhor opção. Tinham mais 6 garotas que queriam fazer a mesma coisa. Um grupo de 3 canadenses e outro grupo de 3 italianas. Contratamos dois táxis e seguimos um dois grupos de 4 em cada táxi. O táxi era um Mercedes modelo 200 D (acho) mais velho que eu. Cinto de segurança? Inoccent!!! Chegamos. Estamos agora em Fés.


Dá pra fazer a ida ao deserto de forma mais confortável e mais autêntica mas ia custar 3 vezes mais. O comitê não aprovou verba extra.

Valeu.

PS.: Apesar de turismo low cost estávamos preparados para o deserto. Tínhamos lanternas e também lençol de viagem tipo saco.



2 comentários:

  1. Legal. Estou ansiosa pela próxima aventura. Bjs

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    1. Lucia, estamos nos divertindo. Temos aventura todos os dias, cada dia descobrimos alguma coisa diferente. Bj.

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