Após 18 horas de voo
internacional (incluindo a conexão), cansada e sem dormir, um calor dos
infernos, com a mochila mais pesada do que deveria, meu primeiro pensamento
quando me deparei com a cidade foi: “quem teve a ideia de jirico de colocar
Marrocos no roteiro, e ainda por cima ser a primeira parada?”
Marraquech, nossa primeira
cidade, é assim: tudo ao mesmo tempo, agora! A cidade de uma cor só, vermelha, foi
um bom teste cultural para os nossos próximos destinos. Ela é intensa... em
todos os sentidos. Precisa de um coração grande e uma mente bem aberta... e não
é para isso que viemos? Então vamos lá!
Ela é barulhenta, muito
barulhenta. É a música que os encantadores de cobras ficam tocando o tempo
inteiro, os chamados para as orações, as buzinas das motos e os vendedores
atraindo turistas em todas as línguas.
Ela cheira a camelo, macaco,
cavalo e xixi. Mas também tem o cheiro de várias especiarias, ervas e das
olivas. Cada beco tem um cheiro, que nos leva a outro patamar, esquecendo da
loucura e mostrando um pouco das tradições.
Ela é bagunçada, suja e pobre. Muita
gente, a maioria daqui, mas muitos turistas também. Cada um sabe o seu caminho,
no meio da desordem ordenada. As ruas pequenas comportam de igual para igual,
pessoas, bicicletas, motos, cavalos e carrocinhas. As mulheres todas de véus
contrastam com as turistas de short e regata. E os homens nos seus trajes
típicos, cada um com seu celular.
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Transito de gente na Medina |
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Medina |
Iniciamos também nossa dieta de
mochileiro que consiste em um café da manhã com bastante carboidrato, um almoço
mais caprichado, pelo menos para garantir a proteína do dia, e a janta nas
barraquinhas de rua. E barraquinha de rua é barraquinha de rua. Ponto. A
higiene não é das melhores, eles usam a mão para tudo. Para cumprimentar, trocar
dinheiro, arrumar a mesa e trazer o pão, que chega de mão em mão, direto na
mesa, sem toalha. Ignorando o caminho do pão, ele é um dos melhores que já
comi. Já experimentamos vários tipos de cuscuz marroquino e tajine, sempre
acompanhado do cheiroso chá de hortelã. Estamos fortalecendo nossa flora intestinal e criando mais resistência com novas bactérias internacionais.
Terminei minha passagem por
Marraquech pensando: Sim, ela é irritante, tem horas que dá vontade de furar
os olhos das cobras, de derrubar as motos e deportar (não sei pra onde) todos
os caras que ficam abordando os turistas. Mas fui me acostumando, aprendendo a
andar do lado certo nas ruas, sabendo o jeito de sorrir e dizer não com
educação, me deliciando com os aromas pelos mercadinhos, me fazendo mais feliz
com as comidas condimentadas, apreciando o comercio local, enfim, fazendo parte
de toda aquela bagunça.
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Souks: mercados dentro da Medina |
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Camelôs na Praça |
Quando já tinha fechado minha
percepção sobre a cidade, fui agraciada pelo último pôr do sol, que deixou o céu
todo vermelho, e me fez pensar: “é para deixar uma tarde rolar, e ver um pôr
do sol lindo desse jeito, que estamos aqui... e tudo isso faz valer a pena.”
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Meu pôr do sol em Marraquech |
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Nós 2 no Jardim Menara |
Pra começar um ótimo choque cultural. Kkkkk. Ótima descrição deu até pra sentir o gosto das comidas condimentadas. Beijos
ResponderExcluirResumindo assim fica até engraçado, mas com certeza deve ser um choque! Rsrs
ResponderExcluirQue bom que no final vocês foram compensados!
Beijos!
Muito boa a história. Que vocês desfrutem de muitos por do sol.
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