Estamos em um ano sabático para conhecer o mundo e a nós mesmos. Para isso manteremos nossos olhos, mentes e corações atentos e abertos por onde estivermos. Toda semana faremos um relato do que passou e por onde passamos. Como tudo na vida tem dois lados, serão duas visões sobre os mesmos momentos.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Eu, Lucio Braga

Bom pessoal,
Acabo de fazer 40 anos, e os últimos 15 morando em São Paulo. Antes disso morei em vários lugares. Todos no nordeste. Sou de Fortaleza, mas depois de morar tanto tempo em Sampa, já me considero um “cearistano”: um cearense paulistano.
         Falo muito, interrompo as pessoas, tento sempre antecipar o que vão dizer e quase sempre erro. Tento também me conter, mas pelo menos uma vez em uma conversa faço novamente. Mas também sou bom ouvinte.
            Tranquilo, calmo, paciente e resiliente. Aprendi desde cedo com meus pais a ter paciência e aguardar o momento certo. "Tem momento pra tudo nessa vida". Sei que as coisas não caem do céu e que quem fica parado é poste, corro atrás do que quero e acredito, busco o que desejo, mas sei esperar. É isso.
           Sou um cara simples. Gosto de conforto, de viver bem, mas não preciso de muito. Não preciso de carro do ano, do último modelo de TV ou computador ou celular, nem de coisas bonitas que não vou usar. Preciso sim de uma boa câmera fotográfica (tenho algumas mas estou "precisando" de outra). Meu hobby é fotografar, além de beber cerveja e vinho. Gasto com o que gosto.
Gosto de ser engraçado (deve ser coisa do sangue), de divertir, de fazer rir, de rir, de contar histórias e escutar causos. Só com os amigos e família. Também sou tímido.
Sou intuitivo, faço coisas porque sim e deixo de fazer outras porque não. Sem mais detalhes. Às vezes gosto sem motivo e às vezes não simpatizo sem razão. A vida é muito curta pra ficar pensando na morte da bezerra a todo momento. Não preciso seguir o roteiro mas preciso ter um destino.
Eu e a Raquel estamos casados a 9 anos (sem contar o ano de test driver) e não temos filhos. Deve ser muito bom, legal, mas ainda não. Quem sabe. Nosso foco esse ano, o ano do nosso décimo aniversário de casamento é viajar e conhecer o mundo.
A Raquel é linda, brava, lógica, tudo tem que fazer sentido e ter uma razão. A frase padrão dela é: me convença. Porque sim ou porque não pra ela definitivamente NÃO É RESPOSTA. Ela também é meio sem graça, não é muito divertida. Não ri de nada, só de mim e do The Big Bang Theory. E eu rio muito dela. Aliás rimos bastante juntos. Justa, correta e inteligente (deve ser coisa do sangue), ela também é uma excelente cozinheira. Faz um pouco de tudo, menos doce, e muito bem. Aos domingos a cozinha é dela, é o seu mundo. Posso dizer que passo muito bem. Sempre preocupada com a qualidade de vida busca equilibrar tudo: alimentação, trabalho, vida pessoal, exercícios, família etc.
Eu sou contador de profissão mas ela é o financeiro da casa. Temos uma única conta bancária e portanto um "único" salário. Resolvemos todos os gastos junto, dos menores aos maiores. Tudo é discutido e aprovado em "comitê" com maioria simples. Se houver empate o voto de minerva é dela, lógico. Para essa viagem, o "comitê" definiu o orçamento: será um sabático low cost, com hospedagem em hostel e utilização de transporte público. Mas eu que estou fazendo as reservas nos hotéis. Pelo menos assim eu garanto que não vamos voltar com mais dinheiro do que quando começamos.
Eu a amo muito. É a mulher da minha vida (e dos sonhos): simples, prática, independente, sem frescura, que gosta de viajar, beber e comer bem. Capaz de viver por um ano com o que consegue carregar nas costas. E principalmente me suporta. Gosto de dizer pra ela uma frase de uma música do Osvaldo Montenegro: "Te amo pra sempre, mas sempre não é todo dia". Não faria essa viagem com mais ninguém.
Pra terminar, li um texto sobre viagem e gostei muito. Bem apropriado. A pessoa dizia que foi viajar e não voltou. E acho que é isso vai acontecer com a gente. O EU que vai começar esse sabático provavelmente não deve voltar. Quem vai voltar será uma outra pessoal que ainda não conheço. Acredito ser impossível voltar o mesmo depois de ver tanta coisa, de presenciar  tantas formas de se viver, de assistir como pequenas coisa para alguns é o mundo para outras, de constatar que precisamos de tão pouco. Quando começamos a pensar em fazer essa viagem me perguntaram o que eu mais temia, e eu disse que era encontrar meu lugar no mundo e não poder ficar lá o resto da minha vida. Mas pensando melhor isso já aconteceu. Aprendi também como com meus pais que o meu lugar no mundo é onde eu estou agora, ou seja, "bom é onde estou".

Valeu

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