Bom pessoal,
De Siem Reap voamos direto para
Kuala Lumpur, capital da Malásia. Só não foi um choque porque estava preparado.
Bem distante de toda a pobreza do Camboja, a cidade é bem moderna, com metro,
trânsito, shoppings e as torres Petronas, hoje a sexta maior torre do mundo
(era o maior prédio quando foi inaugurado) com 452 metros de altura ou 88
andares. Se vale de consolo, é a maior torre gêmea do mundo. Ficamos hospedados
na região de Bukit Bintang, bem próximo de uma famosa rua com vários restaurantes
com mesas nas calçadas e dos principais centros de compras, em um hotel muito
simples (quarto sem janela e com o menor banheiro que já vi). No primeiro dia
de turismo fomos para o centro da cidade onde ficam a principal mesquita, o
palácio e o bairro chinês. E nessa primeira saída já deu para perceber a
mistura cultural que é a Malásia. Além do próprio malaio tem também uma grande
população de origem chinesa e indiana. E as principais religiões são: islamismo
(62%), budismo (20%), cristianismo (10%) e hinduísmo (7%). Uma mistura que
parece funcionar. Depois de conhecer o mercado central (o primeiro com ar
condicionado) e o bairro chinês, fomos conhecer as famosas Torres Petronas e o
belíssimo parque que fica em frente. As torres são bem bonitas e são uma grande
atração. As 20 horas acontece um show de luzes e águas no parque e ficamos para
ver. Primeiro ficamos na grama do parque, andamos mais um pouco e ficamos
aguardando o show. Nada muito sofisticado mas ok. O mais importante foi que, de
onde eu estava sentado, consegui encontrar em um outro shopping, do outro lado
da rua, uma bandeira do Brasil. E sim caros amigos, era uma churrascaria
brasileira, chamada Samba. Depois do show fomos conferir de perto e o preço era
um pouco salgado: mais ou menos US$ 30,00 por pessoa. Voltamos para a região do
hotel, onde conseguimos comer por US$ 6, os dois. Mas o cheiro da carne não saiu
do meu nariz.
No dia seguinte fomos conhecer um
templo hinduísta que fica em uma caverna. Mas as atenções daquele dia estavam
todas voltadas para a churrascaria. É que o conselho aprovou o orçamento e o
caixa-dois foi aberto mais uma vez. Como a churrascaria só abria depois das 18
horas, almoçamos um hambúrguer e ficamos só no aguardo. E não me decepcionei.
Era realmente uma churrascaria brasileira com picanha, farofa, feijão,
pão-de-queijo e caipirinha. Comi carne pelos últimos nove meses e para os
próximos três. Foi uma farra, um verdadeiro carnaval. E de sobremesa ainda tinha
brigadeiro, olho-de-sogra, beiju ou beijinho de coco e pudim de chocolate. Bom
demais.
No último dia em Kuala Lumpur
fomos conhecer o aquário da cidade. No início fiquei um pouco triste pois os
aquários individuais com alguns peixes eram tão pequenos que me deu a mesma
sensação de jaulas em um zoológico. Mas os aquários foram ficando cada vez
maiores, assim como os peixes (tinha um setor só com peixes da Amazônia). E o
aquário principal tinha uma esteira que passava por baixo e podia se ver tudo:
tubarões, arraias, peixes bem esquisitos e duas magníficas tartarugas. Uma
beleza. Nunca tinha ido a um aquário apesar de ter tido a oportunidade de
conhecer alguns dos mais famosos do mundo. E sem nenhuma pretensão de ser
puritano, acho que não vou a mais nenhum, prefiro, mesmo que muito eventualmente
e sem tanta diversidade, ver os peixinhos em seu ambiente natural. Mas talvez
ainda queime minha língua.
De Kuala Lumpur fomos para a
cidade de Melaka ou Malacca. Essa cidade foi uma colônia portuguesa no mesmo
período da descoberta do Brasil (1511). Mas também já foi colônia holandesa e
inglesa. E as influencias são visíveis. Uma das principais atrações é a Igreja
de Nossa Senhora do Monte, hoje igreja de São Paulo, as muralhas do forte
conhecido como “A Famosa” (em português mesmo) e uma rua que nos finais de semana
funciona um mercado. Chegamos lá no domingo e fomos direto para a rua e apesar
de não ter muita gente era bem animado. No final da rua tem um palco com um
caraoquê público. Qualquer um pode chegar e cantar. Mas eu não conhecia nenhuma
música do repertório. Deixa para a próxima. Ou para o próximo. Comemos aqui um
prato típico recomendado pelo KeeLiat, um amigo malaio que conhecemos no
Nepal: Chiken rice ball. Como o próprio nome já diz é frango (assado ou cozido)
com bolas de arroz como se fossem almondegas. Infelizmente não conseguimos
encontrar o Keeliat nessa viagem pois ele mora no norte do país e nós fomos
para o sul. Mais um bom motivo para voltar.
Na segunda fomos conhecer a
igreja e o forte. Bom, igreja é modo de dizer porque hoje ela só tem as paredes
de grossos tijolos. Não tem teto nem portas nem janelas. E descobri que São
Francisco Xavier esteve hospedado nessa igreja algumas vezes em suas andanças
pela Ásia.
De Melaka seguimos, de ônibus
para a cidade-estado de Cingapura. E já na chegada deu para perceber que é uma
cidade muito rica, muito moderna, quase uma Tóquio, na verdade uma mini Tóquio.
Inclusive em relação aos preços. Depois de vários lugares baratos no sudeste
asiático, a Malásia e Cingapura foram lugares quase proibitivos. Aqui ficamos
hospedados em um albergue com quarto e banheiro compartilhados. As camas eram cabines:
um cubículo com um pequeno armário na parede lateral para eletrônicos e um
armário maior no corredor do quarto para a mochila. Privacidade zero, conforto
ok. Na média é uma boa forma de economizar uma grana. Um hotel “normal” seria
50% mais caro. Mesmo assim estamos pagando mais do que o dobro do que gastamos
nos últimos 3 meses viajando por essa região. Por cama estamos pagando US$ 15
por noite. Cingapura tem as mesmas origens da Malásia (era território malaio)
mas depois da segunda guerra teve um grande desenvolvimento. Historicamente
sempre foi um grande porto e hoje continua sendo um dos 5 mais movimentados,
assim como o quarto maior centro financeiro do mundo, o segundo maior refinador
de petróleo e o terceiro maior centro de jogos (casino). É uma das cidades mais
ricas do mundo com quase 4% de toda a população sendo milionária. E como forma
de educar uma população tão multicultural (60% da população é constituída de
expatriados) existem várias normas restritivas, algumas bem comuns em todo
lugar e outras nem tanto, como por exemplo: é proibido, com pena de multa,
mascar chiclete na rua, cuspir no chão e atravessar a rua fora da faixa. E
parece que funcionou.
Cingapura tem várias atrações
sendo a mais famosa a Marina Bay, um grande complexo com hotel, casino,
shopping, calçadão, bares e também o parque “Gardens By The Bay”, entre outras
coisas. O parque tem duas estufas que simulam os climas de um floresta tropical
e também algumas árvores artificiais: são árvores de ferro, parecidas com uma
palmeira, com um jardim vertical que irá cobrir toda a estrutura. Gostei da
ideia. Quero uma. E tem também uma ilha de entretenimento: a Sentosa Island. É
uma pequena ilha (que se paga para entrar) com uma estrutura de lazer
gigantesca. Tem casino, Universal Studios, aquário, resorts, hotéis, praias
artificiais, shoppings, museu e muito mais. E no subsolo da ilha fica o
estacionamento.
Existem várias curiosidades sobre
a cidade, uma delas são as praças de alimentação que tem em todo lugar: são
centros onde se pode comer comidas de toda a Ásia e por preços não abusivos, na
verdade bem baratos (come-se por até US$ 2,00). O melhor e mais famoso deles é
o Lau Pat Sat, bem próximo da marina, no meio do
centro financeiro. Tem todo tipo de comida asiática, desde comida árabe
até japonesa passando pela indiana e chinesa. Bom demais, difícil é escolher o
que comer. Além disso existem bairros específicos de cada comunidade onde se
encontra uma grande concentração de lojas, mercados e restaurantes de cada
cultura. Mas esses bairros estão longe de serem centros homogêneos, em todo
lugar se encontra de tudo. Por exemplo, no bairro chinês existe um grande
templo hinduísta, já no bairro indiano existe uma mesquita e no bairro islâmico
tem uma igreja católica. Isso é Cingapura. Sem dúvida uma das melhores cidades
para se morar no mundo e com certeza a cidade mais rica que visitamos nessa
viagem.
Valeu
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