Estamos em um ano sabático para conhecer o mundo e a nós mesmos. Para isso manteremos nossos olhos, mentes e corações atentos e abertos por onde estivermos. Toda semana faremos um relato do que passou e por onde passamos. Como tudo na vida tem dois lados, serão duas visões sobre os mesmos momentos.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Vietnam - Parte Dois

Bom pessoal,

De Hoi An partimos para Dalat, uma cidade nas montanhas com um permanente clima de primavera e segundo o guia que temos, em estilo francês. Foram 12 horas em um ônibus noturno até Nha Trang e de lá em um micro-ônibus, mais 5 horas até Dalat. Chegamos e ficamos no hotel onde o ônibus parou, a 5 minutos do mercado central, por US$ 10 a noite. Deixamos as malas e fomos procurar um lugar para almoçar e caminhar um pouco. E andando pela cidade não consegui perceber o tal “estilo francês” da arquitetura mas a cidade é bem bonita, clima agradável e com um grande lago bem no meio. Depois de andar um pouco fomos passear de pedalinho e curtir um pouco o sol que a muito tempo não víamos. Nessa noite nos encontramos novamente com o René e a Anita, que já estavam na cidade, para jantar. Primeiro comemos uma tortilha na rua muito gostosa e depois fomos para um restaurante comer a sopa de noodles com carne do Vietnam: o Pho Bo (Fô Bô). No jantar percebemos que daqui em diante, até o Camboja, iriamos fazer o mesmo roteiro e decidimos faze-lo juntos.
Lago em Dalat


Fábrica de Seda



No dia seguinte contratamos um tour pela região para conhecer algumas plantações, uma vila, uma cachoeira, um templo e outras atrações na cidade. A região é produtora de flores, café, frutas e hortaliças. Visitamos também uma fábrica de seda onde eles, a partir do casulo, produzem a linha de seda. Fomos a umas estufas de flores e depois do almoço fomos a uma fazenda de café e lá provei o café mais famoso do Vietnam: o café moca-weasel, onde moca é tipo de café e weasel é o nome do “gato” que é parte no processo de “melhoria da qualidade” do café. Ou seja, esse é o café feito a partir dos grãos de café encontrados no cocô do gato. Ou seja, é café de cocô de gato. O gato é natural desse região da Ásia e ele come os grãos de café, como o grão é muito duro ele passa inteiro pelo processo digestivo do gato resultando em um grão de melhor qualidade com menos acidez e mais saboroso. É realmente um excelente café, um pouco caro em comparação com os cafés “normais”, mas realmente muito bom. Não poderia sair do Vietnam sem experimentá-lo. Desde que assisti o filme The Bucket List, eu tinha curiosidade de experimentar. Feito.


Café In Natura
Café em processamento
Café limpo e seco
Produto Final

No dia seguinte seguimos viagem para Saigon ou Ho Chi Ming, o nome oficial a quase 40 anos. Mas todos no sul preferem chamar a cidade de Saigon mesmo. E Saigon é uma cidade bastante moderna com uma região turísticas bem movimentada. Procuramos um hotel nessa mesma região mas do lado mais tranquilo. Chegamos já no final dia e saímos apenas para pesquisar preços dos tours para o Delta do Rio Mekong e para jantar. E a menina do hotel nos recomendou um restaurante na rua de trás que tinha todos os requisitos básicos: bom, barato e gostoso. No primeiro dia em Saigon fomos visitar o museu da guerra do Vietnam (que aqui é a Guerra Americana, Guerra do Vietnam é só para turista) e vimos muitas fotos dos horrores da guerra que durou mais de 17 anos, primeiro apenas entre os vietnamitas do norte contra os do sul, apoiados indiretamente e respectivamente, pela Rússia e pelos Estados Unidos e posteriormente (a partir de 1964 até 1975) com a entrada direta do Estados Unidos apoiando o Sul contra o Norte (comunista). O principal objetivo dos Estados Unidos aqui era evitar o avanço do comunismo na região. Todos sabem como acabou a guerra.  Sai com a sensação/dúvida/questionamento de como em tão pouco tempo os vietnamitas conseguiram esquecer todas as mazelas e seguir em frente, pois não se perceber nenhum tipo de rancor ou ódio ou mesmo mimimi em relação aos americanos. Nesta mesma noite tivemos a oportunidade de questionar um casal que conhecemos em Dalat, de Saigon e que nos convidaram para jantar. O Tony e a Shirlene são muito simpáticos, atenciosos e hospitaleiros, e no jantar conversamos de tudo um pouco. E sobre a guerra eles apenas disseram que a guerra era história e que era necessário seguir em frente. A geração deles já nasceu no pós-guerra e a guerra não era mais assunto presente, era passado. Mudamos também de assunto e passamos a falar de coisas mais gostosas: comidas em geral e do Vietnam em particular. “Mó” papo de gordinho. Obrigado a René e Anita e ao Tony e Shirlene pelos bons momento e pela conversa fácil e agradável. Voltamos para o hotel e no dia seguinte fomos conhecer, primeiro um templo de uma nova religião e depois os túneis de Cu Chi, região onde os vietcongos ou VC (Vietnamitas Comunistas) construíram uma rede de tuneis para se esconder e atacar as tropas americanas. A rede de túneis tem mais de 200km, são túneis bem pequenos e apertados e bastante camuflados na paisagem. No outro dia começamos bem cedo: às 7:00hs fomos para o delta do rio Mekong.

Túneis em Cu Chi
Fomos de ônibus para o Delta mas lá trocamos por um barco e navegamos pelo rio, primeiro de canoa e depois em um barco a motor. Depois bebemos chá com mel local, comemos frutas produzidas na região, bebemos cachaça de arroz (com cobra dentro da garrafa), experimentamos doce de coco, almoçamos em uma das ilhas e só depois fomos para o hotel em Can Tho. À noite fomos conhecer a cidade e suas feirinhas de rua e as várias comidinhas. Conhecemos nesse passeio um casal brasileiro: o Nicolas (que na verdade é sérvio) e a Melina, a também brasileira Taís, que está viajando já faz seis meses, o Rodrigo do Chile e a Natália da Espanha. Foi muito divertido compartilhar histórias, experiências e visões sobre vários lugares pelos quais todos passaram. Dormimos em Can Tho e no dia seguinte saímos para conhecer o mercado flutuante (para locais) da cidade. Cheio de barcos que trazem verduras e frutas das fazendas próximas para vender para distribuidores, comerciantes e restaurantes, é um mercado bem original, sem muito glamour, beleza, mas verdadeiro, como sempre foi desde muito tempo e que não foi “remodelado” para turistas. Depois disso fomos conhecer uma vila, mas agora de bicicleta: andamos por uma hora em pequenas ruas de concreto no meio do mangue, com muitos canais e algumas casas onde as crianças faziam questão de nos cumprimentar com um sonoro “Hello”. E quando eu respondia com um “Shin Jaw” (olá em vietnamita) todas sorriam assustadas e nem conseguiam responder. Foi um passeio muito agradável. Em um determinado momento paramos sobre uma ponte, logo depois de um bar onde alguns homens estavam bebendo. Um senhor então me ofereceu uma dose da cachaça de arroz mas eu recusei. Olhei para o outro lado e nem notei quando ele veio em minha direção e me perguntou já com a mão no meu ombro: “Porque não?”. Surpreso com a pergunta, a única resposta foi: “Por que são 8:30 da manhã.” Como a resposta não colou muito (ele já estava bêbado), tomei a dose de cachaça de arroz (uma delícia) mas só depois de uma foto para a posteridade. No final do passeio o pneu da bicicleta da Raquel ainda furou e ela voltou na minha garupa. Tivemos também a oportunidade de comer algumas iguarias vietnamitas mas recusamos todas: churrasco de cobra, sapo ou rato (quem provou aprovou). Voltamos para Can Tho e depois do almoço (arroz com porco) voltamos para Saigon. No nosso último jantar em Saigon e no Vietnam, voltamos ao mesmo restaurante que tínhamos ido com o Tony e a Shirlene. E juntos com o René, a Anita e a Taís nos despedimos do Vietnam. Foi uma maravilhosa visita, gostei muito de todos os lugares (apesar do clima não ter ajudado no início), das comidas e das pessoas. Inesquecível.

Feira flutuante no Rio Mekong

Vila no Delta do Rio Mekong
Valeu. 

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