Bom pessoal,
De Hoi An partimos para Dalat,
uma cidade nas montanhas com um permanente clima de primavera e segundo o guia que temos,
em estilo francês. Foram 12 horas em um ônibus noturno até Nha Trang e de lá em
um micro-ônibus, mais 5 horas até Dalat. Chegamos e ficamos no hotel onde o
ônibus parou, a 5 minutos do mercado central, por US$ 10 a noite. Deixamos as
malas e fomos procurar um lugar para almoçar e caminhar um pouco. E andando
pela cidade não consegui perceber o tal “estilo francês” da arquitetura mas a
cidade é bem bonita, clima agradável e com um grande lago bem no meio. Depois
de andar um pouco fomos passear de pedalinho e curtir um pouco o sol que a
muito tempo não víamos. Nessa noite nos encontramos novamente com o René e a
Anita, que já estavam na cidade, para jantar. Primeiro comemos uma tortilha na
rua muito gostosa e depois fomos para um restaurante comer a sopa de noodles
com carne do Vietnam: o Pho Bo (Fô Bô). No jantar percebemos que daqui em
diante, até o Camboja, iriamos fazer o mesmo roteiro e decidimos faze-lo
juntos.
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Lago em Dalat |
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Fábrica de Seda |
No dia seguinte contratamos um
tour pela região para conhecer algumas plantações, uma vila, uma cachoeira, um templo e outras atrações na cidade. A região é produtora de flores, café, frutas e hortaliças.
Visitamos também uma fábrica de seda onde eles, a partir do casulo, produzem a
linha de seda. Fomos a umas estufas de flores e depois do almoço fomos a uma
fazenda de café e lá provei o café mais famoso do Vietnam: o café moca-weasel,
onde moca é tipo de café e weasel é o nome do “gato” que é parte no processo de
“melhoria da qualidade” do café. Ou seja, esse é o café feito a partir dos
grãos de café encontrados no cocô do gato. Ou seja, é café de cocô de gato. O
gato é natural desse região da Ásia e ele come os grãos de café, como o grão é
muito duro ele passa inteiro pelo processo digestivo do gato resultando em um
grão de melhor qualidade com menos acidez e mais saboroso. É realmente um
excelente café, um pouco caro em comparação com os cafés “normais”, mas realmente
muito bom. Não poderia sair do Vietnam sem experimentá-lo. Desde que assisti o
filme The Bucket List, eu tinha
curiosidade de experimentar. Feito.
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Café In Natura |
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Café em processamento |
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Café limpo e seco |
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Produto Final |
No dia seguinte seguimos viagem
para Saigon ou Ho Chi Ming, o nome oficial a quase 40 anos. Mas todos no sul
preferem chamar a cidade de Saigon mesmo. E Saigon é uma cidade bastante
moderna com uma região turísticas bem movimentada. Procuramos um hotel nessa
mesma região mas do lado mais tranquilo. Chegamos já no final dia e saímos
apenas para pesquisar preços dos tours para o Delta do Rio Mekong e para
jantar. E a menina do hotel nos recomendou um restaurante na rua de trás que
tinha todos os requisitos básicos: bom, barato e gostoso. No primeiro dia em
Saigon fomos visitar o museu da guerra do Vietnam (que aqui é a Guerra
Americana, Guerra do Vietnam é só para turista) e vimos muitas fotos dos
horrores da guerra que durou mais de 17 anos, primeiro apenas entre os
vietnamitas do norte contra os do sul, apoiados indiretamente e
respectivamente, pela Rússia e pelos Estados Unidos e posteriormente (a partir
de 1964 até 1975) com a entrada direta do Estados Unidos apoiando o Sul contra
o Norte (comunista). O principal objetivo dos Estados Unidos aqui era evitar o
avanço do comunismo na região. Todos sabem como acabou a guerra. Sai com a sensação/dúvida/questionamento de
como em tão pouco tempo os vietnamitas conseguiram esquecer todas as mazelas e
seguir em frente, pois não se perceber nenhum tipo de rancor ou ódio ou mesmo
mimimi em relação aos americanos. Nesta mesma noite tivemos a oportunidade de
questionar um casal que conhecemos em Dalat, de Saigon e que nos convidaram
para jantar. O Tony e a Shirlene são muito simpáticos, atenciosos e
hospitaleiros, e no jantar conversamos de tudo um pouco. E sobre a guerra eles
apenas disseram que a guerra era história e que era necessário seguir em
frente. A geração deles já nasceu no pós-guerra e a guerra não era mais assunto
presente, era passado. Mudamos também de assunto e passamos a falar de coisas
mais gostosas: comidas em geral e do Vietnam em particular. “Mó” papo de
gordinho. Obrigado a René e Anita e ao Tony e Shirlene pelos bons momento e
pela conversa fácil e agradável. Voltamos para o hotel e no dia seguinte fomos conhecer, primeiro um templo de uma nova religião e depois os túneis de Cu Chi, região onde os vietcongos ou VC (Vietnamitas Comunistas) construíram uma rede de tuneis para se esconder e atacar as tropas americanas. A rede de túneis tem mais de 200km, são túneis bem pequenos e apertados e bastante camuflados na paisagem. No outro dia começamos bem cedo: às 7:00hs fomos para o delta do rio Mekong.
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Túneis em Cu Chi |
Fomos de ônibus para o Delta mas lá
trocamos por um barco e navegamos pelo rio, primeiro de canoa e depois em um
barco a motor. Depois bebemos chá com mel local, comemos frutas produzidas na
região, bebemos cachaça de arroz (com cobra dentro da garrafa), experimentamos
doce de coco, almoçamos em uma das ilhas e só depois fomos para o hotel em Can
Tho. À noite fomos conhecer a cidade e suas feirinhas de rua e as várias comidinhas.
Conhecemos nesse passeio um casal brasileiro: o Nicolas (que na verdade é
sérvio) e a Melina, a também brasileira Taís, que está viajando já faz seis
meses, o Rodrigo do Chile e a Natália da Espanha. Foi muito divertido
compartilhar histórias, experiências e visões sobre vários lugares pelos quais
todos passaram. Dormimos em Can Tho e no dia seguinte saímos para conhecer o mercado
flutuante (para locais) da cidade. Cheio de barcos que trazem verduras e frutas
das fazendas próximas para vender para distribuidores, comerciantes e
restaurantes, é um mercado bem original, sem muito glamour, beleza, mas
verdadeiro, como sempre foi desde muito tempo e que não foi “remodelado” para
turistas. Depois disso fomos conhecer uma vila, mas agora de bicicleta: andamos
por uma hora em pequenas ruas de concreto no meio do mangue, com muitos canais
e algumas casas onde as crianças faziam questão de nos cumprimentar com um
sonoro “Hello”. E quando eu respondia com um “Shin Jaw” (olá em vietnamita)
todas sorriam assustadas e nem conseguiam responder. Foi um passeio muito
agradável. Em um determinado momento paramos sobre uma ponte, logo depois de um
bar onde alguns homens estavam bebendo. Um senhor então me ofereceu uma dose da cachaça de arroz mas eu recusei. Olhei para o outro lado e nem notei quando ele veio em minha
direção e me perguntou já com a mão no meu ombro: “Porque não?”. Surpreso com a pergunta, a única resposta
foi: “Por que são 8:30 da manhã.” Como a resposta não colou muito (ele já
estava bêbado), tomei a dose de cachaça de arroz (uma delícia) mas só depois de
uma foto para a posteridade. No final do passeio o pneu da bicicleta da Raquel ainda
furou e ela voltou na minha garupa. Tivemos também a oportunidade de comer
algumas iguarias vietnamitas mas recusamos todas: churrasco de cobra, sapo ou rato
(quem provou aprovou). Voltamos para Can Tho e depois do almoço (arroz com
porco) voltamos para Saigon. No nosso último jantar em Saigon e no Vietnam,
voltamos ao mesmo restaurante que tínhamos ido com o Tony e a Shirlene. E juntos
com o René, a Anita e a Taís nos despedimos do Vietnam. Foi uma maravilhosa
visita, gostei muito de todos os lugares (apesar do clima não ter ajudado no
início), das comidas e das pessoas. Inesquecível.
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Feira flutuante no Rio Mekong |
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Vila no Delta do Rio Mekong |
Valeu.
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