Estamos em um ano sabático para conhecer o mundo e a nós mesmos. Para isso manteremos nossos olhos, mentes e corações atentos e abertos por onde estivermos. Toda semana faremos um relato do que passou e por onde passamos. Como tudo na vida tem dois lados, serão duas visões sobre os mesmos momentos.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Vietna de norte a sul

Começamos nossa andança pelo Vietnã em Hanoi, a cidade das motos. Aqui duas regras para poder se entender com a cidade: primeira, a calçada é das motos e segunda, elas nunca vão parar para você atravessar a rua, mesmo quando o sinal está fechado para elas. Para se dar bem você precisa andar no cantinho da rua (lembre-se, a calçada é das motos) e para atravessa a rua é só ir andando devagarinho, nunca parar ou voltar, e as motos vao milagrosamente desviando do seu caminho. Entendido essa parte vamos conhecer a cidade.




É uma cidade grande que guarda seu jeito de ser, apesar da correria do dia a dia parece que sua essência está por todos os lados. Acho que o melhor programa é sentar em um dos restaurantes com mesinhas na calçada (e aqui mesinha é mesinha mesmo, de criança, assim como as cadeirinhas), tomar uma cerveja de 0,25 dólares e se divertir com os locais. Não importa o dia da semana, não importa a idade, o sexo nem a classe social, no final do dia todos vao para as mesinhas para brindar a vida a cada gole da cerveja.


Andamos pela cidade sem compromisso, absorvendo aquele misto de cidade moderna com habitos antigos, as típicas senhoras carregando suas mercadorias no ombro, a cultura do café e do cha em cada esquina (que troca pela cerveja à noite), o noodle soup na rua a toda hora. E as motos, claro. Entre uma andança e outro visitamos o Mausoleo de Ho Chi Minh, o Templo da Literatura e assistimos a uma peça de marionetes na água que conta histórias do folclore vietnamita, bem interessante.





Em Hanoi compramos um tour para conhecer as ilhas de Halong Bay, um passeio de barco de 2 dias, 1 noite. Aqui estamos no inverno com temperaturas entre 10 e 15 graus, garoa e neblina. Não foi o melhor tempo, no começo do passeio fiquei bem chateada, achando que era melhor nem ter ido para não criar uma imagem negativa do lugar que é uma das 7 maravilhas naturais do mundo (junto com a Amazonia e as cataratas de Foz do Iguaçu). Mas uma vez lá, quando eu finalmente parei para olhar onde estava, me dei conta que estava em mais um lugar único no mundo, no meio do mar, cercada por ilhas de rochas calcárias que inacreditavelmente foram “colocadas” lá. Gostei muito da lenda que diz que na guerra contra os chineses, os deuses enviaram uma família de dragões para ajudar a defender a terra e eles começaram a cuspir joias e jade, que depois se transformaram nessas ilhas, formando uma parede contra os invasores. O povo manteve as suas terras seguras e os dragões decidiram ficar por ali, dando nome à baía que quer dizer “a baía onde desceu o dragão”.





O Vietnã tem um esquema de open bus bem interessante. A gente comprou um passe que vai de Hanoi a Ho Chi Min, parando em 3 cidades. Ele é válido por 6 meses e só precisa ligar um dia antes para reservar o seu lugar. O ônibus é daqueles que pegamos em Hong Kong, com camas ao invés de poltronas. Para entrar no ônibus precisa tirar o sapato e o cheiro de chulé só é compensado pelo preço de 40 dólares que pagamos por cada passe.

De open bus foram 15 horas até Hue, antiga capital imperial. Andamos pela Citadela, antiga sede do Imperio, imaginando como era essa mini “Cidade Proibida” através de suas ruínas que ainda lutam para serem reconstruídas. 



De volta ao open bus foram mais 5 horas até Hoi An, uma cidade muito charmosa no meio do país. As ruas são fechadas para veículos e motos no final do dia e estão cheias de lojinhas com souvenires, lanternas e roupas sob medida que ficam prontas em 24 horas. Para completar o cenário tem um rio que passa no meio dela dando um ar de aconchego. Foi lá que escolhemos para nos despedir de um ano incrível e iniciar mais um ano, completamente novo, pra gente fazer do jeito que quiser.





Passamos o ano em companhia do casal chileno Anita e Rene, que tem feito praticamente o mesmo trajeto com o mesmo open bus. Nossa ceia foi em um restaurante simplinho com comida vietnamita e cerveja, bem a nossa cara, para encerrar o ano como passamos a maior parte dele. Uma pena que a chuva que insistiu em cair durante a noite tirou parte do charme da cidade, mas não a emoção de estar do outro lado do mundo celebrando esse momento tão especial para nós.



E já que era Ano Novo, escolhemos um hotel de gente grande para passar 3 dias e descansar da mochila. Acho que o melhor foi o buffet de café da manhã, com pães, presunto e queijo (tá, o queijo era processado, mas tá valendo), itens que não vemos há meses por aqui. Passados os 3 dias voltamos para nosso quartinho sem café da manhã.



E assim vamos seguindo, cada vez mais para o sul. Hoje vamos de open bus para Dalat, a maior perna da viagem, 18 horas. Ainda bem que o nariz se acostuma com os cheiros depois de alguns minutos, se não, 18 horas com cheiro de chule seria pior que onibus sem banheiro... 

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