Bom pessoal,
Chegamos em Phnon Penh, no Camboja, desde Saigon de ônibus.
Foi uma viagem tranquila e confortável. Chegamos mas não tínhamos hotel
reservado. A recepcionista do hotel em Saigon tinha nos avisado para reservar
com antecedência porque era alta estação. Resultado: andamos por quase duas
horas a procura de um hotel. Mas no final encontramos um bom e barato: US$
12,00 por noite. Estávamos nós, o René e a Anita. O Camboja é um país pobre,
sujo, com uma maravilha do mundo de principal atração e outras coisinhas: a maravilha é a região
de Angok em Siem Riep e as outras são a história da guerra, alguns mercados e outras. Depois falo mais. Uma curiosidade aqui é nos caixas eletrônicos se
saca dólar americano e não a moeda local. Fica mais fácil, mas achei que as
coisas são um pouco mais caras em relação aos outros países do sudeste
asiático, nem por isso são caras se comparadas com o Brasil.
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Palácio Real |
Depois de bem instalados, no dia seguinte seguimos para
conhecer o Palácio Real, o mercado central e andar pelas ruas do centro. Como o
Rei ainda mora no palácio não se poder entrar nele todo, mas o que deu para
perceber é que é muito parecido com o da Tailândia. Na verdade é o da Tailândia
que é parecido com o daqui, porque a arquitetura é típica do Camboja. Mas o da Tailândia é mais bonito, mais bem conservado. O mercado central é bem grande e
com tudo de bugiganga que se possa imaginar. Comprei até um óculos da Oakley
por US$ 5 que não durou 10 dias. No dia seguinte fomos conhecer a história da
guerra que ocorreu aqui no período de 1975 a 1979. Apesar de curta ela foi
muito trágica. Depois de longos períodos
de desentendimentos, tomadas de poder de parte a parte, e pequenas guerras, um
grupo de militares, o Krmer Vermelho, tomou o poder e instalou um regime que
deturpava os conceitos de tudo. Cansados de tantas guerras o povo até comemorou
a chegado ao poder dos “vermelhos”, pois imaginavam que as coisas iriam
melhorar mas ninguém sabia que o pior ainda estava por vir. Foi um verdadeiro
holocausto, uma limpeza étnica. Eles deturparam a palavra democracia porque segundo
eles o regime implantado era democrático, deturparam as escolas que foram
transformadas em prisões, deturparam as prisões que na verdade eram campos de
extermínio, deturparam o ensino que não era necessário nem importante pois o
que importava era produzir no campo e obedecer o regime, deturparam a vida e
deturparam a morte. É quase impossível de acreditar, mas eles expulsaram todas
as pessoa das cidades e as enviaram para o campo. Phonm Penh ficou deserta. Os
que questionavam, desobedeciam, não sabiam trabalhar no campo ou até mesmo que
sabiam ler e escrever ou mesmo os que usavam óculos eram considerados ou traidores ou
desnecessários. Muitos foram enviados para o campo para realizar trabalhos
forçados e desses milhares morreram de fome, sede ou foram assassinados. Até
crianças foram obrigadas a trabalhar como escravos. Em quatro anos, acredita-se
que mais de 2 milhões de pessoas foram mortas ou quase 30% da população. A
escola que visitamos em Phonm Penh foi o maior “presídio” do regime, conhecido
como S21, passaram por lá mais de 22 mil pessoas, entre homens, mulheres,
crianças e idosos. Desse total apenas 7 pessoas saíram de lá com vida. Existem
muitas fotos, relatos e histórias. Essa foi uma das piores histórias de guerra
que já escutei na vida. Não fomos nem conhecer o campo de extermínio que fica a
15 quilômetros da cidade pois aquilo já tinha sido suficiente. Voltamos andando
para a região do hotel e almoçamos pelo caminho. Nessa noite ficamos no hotel e
no dia seguinte seguimos de van para a cidade de Siem Riep.
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Primeiro dia: Angkor Wat... |
Siem Riep é a cidade da região de Angkor Wat, uma das
maravilhas do mundo (e merece o título). É uma cidade bem turística, com muitos
hotel, para todos os gostos e bolsos, muitos bares e restaurantes (chopp por
US$ 0,50) e é bem movimentada. Contratamos um tuk tuk e no dia seguinte
seguimos para conhecer a maior atração do Camboja: a região de Angkor, com seus
templos e cidades. Angkor Wat é o maior templo religioso já construído e mudou
de religião algumas vezes nesse período. Primeiro foi Hinduísta, depois
Budista, voltou a ser Hinduísta e por fim ficou sendo Budista. O templo é
maravilhoso, com muitos desenhos nas paredes, uma arquitetura única e é todo
feito de pedra. Cercado por um grande fosso, uma muralha e com um grande jardim
em volta, o lugar todo é muito grande. Com o declínio da região, a cidade foi
abandonada e apenas no templo de Angkor Wat, alguns monges budistas permaneceram.
Com isso a preservação desse templo foi total. Os outros templos ficaram à
mercê da natureza por mais de 300 anos e as árvores engoliram as construções
criando paisagens surreais. Em Angkor Wat pode-se ver com detalhes a beleza
dessas construções. No primeiro dia de visita fomos para: Angkor Wat, Ta Prohm,
Bayon e Phonm Bakheng onde vimos o pôr-do-sol. O templo de Ta Prohm é onde as
árvores mais engoliram as construções. Esse templo já foi cenários de alguns
filmes como: Indiana Jones, Tomb Raider entre outros. Mas infelizmente a
Angelina Jolie não estava por lá. É quase inacreditável as árvores monstruosas
sobre os tetos de pedras dos templos. Com certeza as fotos são melhores que as
palavras. E também fomos no templo de Bayon que é cheio de rostos esculpidos nas
paredes. Foi um dia maravilhoso e foi só o primeiro.
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Ta Prohm... |
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Bayon... |
No segundo dia começamos
bem cedo, às 5:00h da manhã, para ver o nascer do sol de Angkor Wat. Mas como
essa atração é obrigatória, estávamos nós e todos os outros turistas. Quase não
deu para ver. Nesse dia fomos conhecer os templos mais distantes e a cidade de
Angkor Thom e suas ruínas. Mas a verdade é que depois de ver os principais no
dia anterior, os outros foram pouco surpreendentes.
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Segundo dia: amanhecer em Angkor Wat |
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Angkor Thom... |
No terceiro e último dia
voltamos para apreciar mais uma vez os templos de Ta Prohm (e a Angelina Jolie
não apareceu) e Angkor Wat, onde terminamos o dia.
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Terceiro dia: Ta Prohm... |
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e Angkor Wat |
De Siem Reap fomos para Battambang para um “bate-e-volta”
de duas noites. Essa é uma grande cidade com algumas atrações e a melhor foi,
como posso dizer, uma revoada de morcegos com horário marcado: exatamente as
5:45 os morcegos começam a sair de uma caverna e eles são tantos que durante os
primeiros 15 minutos o fluxo é muito intenso. Depois diminui um pouco mas o
processo todo demora mais de 1 hora. Muito interessante de ver. As outras
coisas eram templos e um “trem de bambu”. Na verdade são plataformas de bambu
em cima de eixos pequenos de trem. A linha está desativada então eles
aproveitaram para criar uma atração. O passeio todo de ida e volta leva quase
uma hora e não se ver muita coisa. No final passeamos por uma vila e foi só.
Nesse passeio conhecemos um espanhol que estava viajando, desde o Laos, de
bicicleta. Até que fiquei com vontade, mas passou rápido. Fiquei cansado só de pensar.
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Trem de bambu |
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Bat Caverna |
Para voltar para Siem Reap utilizamos o transporte mais
lento mas o mais cênico. O problema é que em uma hora se vê tudo que tem pra
ver e nas outras 8 horas da viagem não se vê muita coisa diferente. E ainda
mais sentado em uns bancos de madeira, nada confortáveis, a viagem não foi
muito agradável. Mas chegamos em Siem Reap para passar nossa última noite no
Camboja e nossa última noite com nossos companheiros de viagem das últimas três
semanas: desde o Vietnam até aqui. Saímos para jantar em um restaurante que
gostamos, depois compramos um vinho chileno e uma bebida de bambu da Coreia do
Sul e voltamos para o hotel para conversar e nos despedir. Daqui em diante
seguimos roteiro opostos: nós fomos para a Malásia e eles foram para o Laos.
René e Anita, foi
maravilhoso viajar com vocês, tivemos muitos momentos agradáveis, boas
conversas e excelentes jantares. Voltamos para casa com a certeza de que temos
novos-velhos amigos no Chile. Obrigado por tudo. Nos vemos em breve em qualquer
lugar que a gente queira: no Brasil, no Chile ou do outro lado do mundo. Grande
abraço.
E assim nos despedimos do Camboja e dos amigos queridos.
Agora estamos em Kuala Lumpur, cidade grande e moderna. Na semana passada
completamos 9 meses de viagem. Agora não contamos mais os meses que se foram,
mas quantos meses ainda faltam e não faltam muitos, 3 meses, em Abril estamos
de volta.
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Angkor Thom |
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Angkor Wat |
Valeu.
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