... e o ônibus não tinha banheiro. 18 horas em
um ônibus sem banheiro com uma nuvem de chulé pairando no ar... e assim vamos
caminhando pelo Vietnã.
Dalat é uma cidade a 1.500 metros de altitude,
conhecida como a Campos do Jordão para os vietnamitas, com temperatura amena,
um lago no meio da cidade com pedalinho e uma preguiça sem fim. Sem muita coisa
pra fazer contratamos um passeio que tinha 8 atrações, algumas bem pega
turista como conhecer uma vila de uma etnia específica, e na verdade era apenas
uma casa antiga com um velhinho. Mas tiveram momentos diferentes como conhecer
uma fabrica de fios de seda, acompanhando toda a produção desde o casulo do bicho
da seda sendo cozido para retirar o fio, que mede mais de 1.000 metros, até o
novelo final. Visitamos também uma fazendo de café, uns dizem que o Vietna é o
primeiro pais produtor de café, outros dizem que o primeiro é o Brasil, seguido
pelo Vietna. Enfim, o que importa é que aqui experimentamos o Waesel, o café
mais caro do mundo feito do cocô do civeta, um bichinho que parece um esquilo. Café
não é o meu forte e mal consigo distinguir os sabores de um bom café, mas sei
que nunca bebi um café tão pleno, sem nada de acidez.
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Produção de silk |
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Degustando o café mais caro do mundo, aqui nem tanto, a 3 dólares a xícara |
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Nós 2 na Crazy House, uma casa ao estio Alice no País das Maravilhas |
De volta ao open bus, caminhamos para Saigon, a
maior cidade do Vietna, com 10 milhões de habitantes e 6 milhões de motos.
Imaginem a 23 de Maio em SP numa sexta à noite só com motos... de tão diferente
foi um espetáculo para os olhos, mas é quase tão difícil quanto nossas vidas em
SP.
Saigon foi para conhecer um pouco da guerra e
suas consequências. O Museu da Guerra é cheio de fotos que mostram as
atrocidades cometidas contra nós mesmos. Uma visita pesada que contrasta com a
cidade moderna e ocidental que corre lá fora, apenas 40 anos depois da guerra
terminada. No dia seguinte fomos
conhecer os tuneis onde os vietnamitas se escondiam. São 200 Km de tuneis
apertados, construídos propositadamente para o tamanho deles, assim os
americanos não conseguiam entrar. Ali também vimos todas as artimanhas da
época, como eles se escondiam e se defendiam com o que tinham disponível.
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Andando pelos tuneis estreitos |
Nesse mesmo dia conhecemos o Templo Cao Dai que
é uma mescla do catolicismo, islamismo e budismo, religião praticado por apenas
2% da população. Foi interessante descobrir que o país é 10% católico, 40%
budista, 10% outras religiões. E 40% não tem religião nenhuma.
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Cerimonia religiosa no templo Cao Dai |
No passeio que fizemos em Dalat conhecemos a Shirlene
e o Tony, um casal vietnamita de Saigon que nos convidou para uma janta quando
chegássemos na cidade. Estávamos em 6, junto com a Anita e o Rene, e tivemos
uma noite muito agradável comendo comida local e conversando como se as
barreiras de língua e diferenças culturais nunca existissem. Achei muito
interessante a visão que eles tem sobre a guerra, enquanto nós, ocidentais, estávamos
surpresos com a reconstrução do país em tão pouco tempo, eles disseram que a guerra
foi há tantos anos que já tinha dado tempo suficiente para todos seguirem em
frente e deixarem a guerra no passado. Um casal jovem, com brilhos nos olhos,
coração aberto, de fato me encantou. Shirlene and Tony, thank you for the
lovely night.
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Lovely night |
Ainda em Saigon, fizemos um passeio de 2 dias e
1 noite para o Delta do Mekong, aquele mesmo rio que vem nos acompanhando desde
o Laos. Esse foi outro passeio que contratamos com algumas pegadinhas mas no
final das contas foi agradável. Visitamos um verdadeiro floating marketing,
andamos de bike por uma vila onde às 8h30 da manhã uma mesa cheia de locais fez
o Lucio beber um shot de cachaça, conhecemos uma fabrica de papel e noodle de
arroz, andamos de canoa pelo Rio, enfim, tivemos 2 dias de turistas.
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Barqueira do Delta do Mekong |
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Bebendo cachaça às 8 da manhã |
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Galo de briga |
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Nós 2 no passeio de bike |
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Papel de arroz |
Em 20 dias devo ter engordado uns bons kilos,
bebendo a cerveja mais barata da Ásia todos os dias e dando conta de
experimentar toda a mescla de sabores incríveis. O prato que mais gostei foi o
Bumbo Nam Bo, uma tigela de macarrão de arroz com algumas folhas verdes, fatias
de carne, amendoim e um caldo misterioso agridoce que fez o meu estomago muito mais
feliz. Além do pho bo (noodles de arroz com carne), cao lao (parecido com o
Bumbo Nam Bo, típico de Hoi An), spring roll frito e fresco, banh mi (um
saduiche despretensioso com um monte de molho secreto em uma mini baguete).
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Bumbo Nam Bo |
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Spring Roll |
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Com Anita e Rene, restaurante baratinho do lado do nosso hotel em Saigon |
Gostei muito de estar em terras vietnamitas, um
contraste de ocidente x raízes locais que torna o país único, com suas motos, suas
mesinhas nas calçadas e as senhoras andando com as cestas penduradas nos
ombros. Confesso que cheguei armada, de tanto ler e ouvir por aí sobre os
golpes e o povo não receptivo aos estrangeiros. Essa armadura caiu já no primeiro
dia quando estávamos procurando hospedagem em Hanoi na véspera do Natal com
tudo cheio e as pessoas fazendo o possível para nos acomodar bem. Aqui tive contato
com o povo mais aberto do sudeste asiático, de sorriso fácil e que te toca
quando fala, como nós brasileiros. Fomos recebidos com muita gentileza,
simplicidade e leveza. Facil se sentir à vontade, fácil se abrir e se deixar envolver,
mas difícil de se despedir e partir. Cám o´n!!!
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