Estamos em um ano sabático para conhecer o mundo e a nós mesmos. Para isso manteremos nossos olhos, mentes e corações atentos e abertos por onde estivermos. Toda semana faremos um relato do que passou e por onde passamos. Como tudo na vida tem dois lados, serão duas visões sobre os mesmos momentos.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Vietnã: gentileza, simplicidade e leveza

... e o ônibus não tinha banheiro. 18 horas em um ônibus sem banheiro com uma nuvem de chulé pairando no ar... e assim vamos caminhando pelo Vietnã.

Dalat é uma cidade a 1.500 metros de altitude, conhecida como a Campos do Jordão para os vietnamitas, com temperatura amena, um lago no meio da cidade com pedalinho e uma preguiça sem fim. Sem muita coisa pra fazer contratamos um passeio que tinha 8 atrações, algumas bem pega turista como conhecer uma vila de uma etnia específica, e na verdade era apenas uma casa antiga com um velhinho. Mas tiveram momentos diferentes como conhecer uma fabrica de fios de seda, acompanhando toda a produção desde o casulo do bicho da seda sendo cozido para retirar o fio, que mede mais de 1.000 metros, até o novelo final. Visitamos também uma fazendo de café, uns dizem que o Vietna é o primeiro pais produtor de café, outros dizem que o primeiro é o Brasil, seguido pelo Vietna. Enfim, o que importa é que aqui experimentamos o Waesel, o café mais caro do mundo feito do cocô do civeta, um bichinho que parece um esquilo. Café não é o meu forte e mal consigo distinguir os sabores de um bom café, mas sei que nunca bebi um café tão pleno, sem nada de acidez.

Produção de silk

Degustando o café mais caro do mundo, aqui nem tanto, a 3 dólares a xícara

Nós 2 na Crazy House, uma casa ao estio Alice no País das Maravilhas

De volta ao open bus, caminhamos para Saigon, a maior cidade do Vietna, com 10 milhões de habitantes e 6 milhões de motos. Imaginem a 23 de Maio em SP numa sexta à noite só com motos... de tão diferente foi um espetáculo para os olhos, mas é quase tão difícil quanto nossas vidas em SP.

Saigon foi para conhecer um pouco da guerra e suas consequências. O Museu da Guerra é cheio de fotos que mostram as atrocidades cometidas contra nós mesmos. Uma visita pesada que contrasta com a cidade moderna e ocidental que corre lá fora, apenas 40 anos depois da guerra terminada.  No dia seguinte fomos conhecer os tuneis onde os vietnamitas se escondiam. São 200 Km de tuneis apertados, construídos propositadamente para o tamanho deles, assim os americanos não conseguiam entrar. Ali também vimos todas as artimanhas da época, como eles se escondiam e se defendiam com o que tinham disponível.

Andando pelos tuneis estreitos

Nesse mesmo dia conhecemos o Templo Cao Dai que é uma mescla do catolicismo, islamismo e budismo, religião praticado por apenas 2% da população. Foi interessante descobrir que o país é 10% católico, 40% budista, 10% outras religiões. E 40% não tem religião nenhuma.

Cerimonia religiosa no templo Cao Dai

No passeio que fizemos em Dalat conhecemos a Shirlene e o Tony, um casal vietnamita de Saigon que nos convidou para uma janta quando chegássemos na cidade. Estávamos em 6, junto com a Anita e o Rene, e tivemos uma noite muito agradável comendo comida local e conversando como se as barreiras de língua e diferenças culturais nunca existissem. Achei muito interessante a visão que eles tem sobre a guerra, enquanto nós, ocidentais, estávamos surpresos com a reconstrução do país em tão pouco tempo, eles disseram que a guerra foi há tantos anos que já tinha dado tempo suficiente para todos seguirem em frente e deixarem a guerra no passado. Um casal jovem, com brilhos nos olhos, coração aberto, de fato me encantou. Shirlene and Tony, thank you for the lovely night.

Lovely night

Ainda em Saigon, fizemos um passeio de 2 dias e 1 noite para o Delta do Mekong, aquele mesmo rio que vem nos acompanhando desde o Laos. Esse foi outro passeio que contratamos com algumas pegadinhas mas no final das contas foi agradável. Visitamos um verdadeiro floating marketing, andamos de bike por uma vila onde às 8h30 da manhã uma mesa cheia de locais fez o Lucio beber um shot de cachaça, conhecemos uma fabrica de papel e noodle de arroz, andamos de canoa pelo Rio, enfim, tivemos 2 dias de turistas.

Barqueira do Delta do Mekong

Bebendo cachaça às 8 da manhã

Galo de briga

Nós 2 no passeio de bike

Papel de arroz

Em 20 dias devo ter engordado uns bons kilos, bebendo a cerveja mais barata da Ásia todos os dias e dando conta de experimentar toda a mescla de sabores incríveis. O prato que mais gostei foi o Bumbo Nam Bo, uma tigela de macarrão de arroz com algumas folhas verdes, fatias de carne, amendoim e um caldo misterioso agridoce que fez o meu estomago muito mais feliz. Além do pho bo (noodles de arroz com carne), cao lao (parecido com o Bumbo Nam Bo, típico de Hoi An), spring roll frito e fresco, banh mi (um saduiche despretensioso com um monte de molho secreto em uma mini baguete).


Bumbo Nam Bo

Spring Roll

Com Anita e Rene, restaurante baratinho do lado do nosso hotel em Saigon

Gostei muito de estar em terras vietnamitas, um contraste de ocidente x raízes locais que torna o país único, com suas motos, suas mesinhas nas calçadas e as senhoras andando com as cestas penduradas nos ombros. Confesso que cheguei armada, de tanto ler e ouvir por aí sobre os golpes e o povo não receptivo aos estrangeiros. Essa armadura caiu já no primeiro dia quando estávamos procurando hospedagem em Hanoi na véspera do Natal com tudo cheio e as pessoas fazendo o possível para nos acomodar bem. Aqui tive contato com o povo mais aberto do sudeste asiático, de sorriso fácil e que te toca quando fala, como nós brasileiros. Fomos recebidos com muita gentileza, simplicidade e leveza. Facil se sentir à vontade, fácil se abrir e se deixar envolver, mas difícil de se despedir e partir. Cám o´n!!!

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