Ah,
e o final não poderia ter sido mais feliz. Finalizamos nossa volta ao mundo no
país mais lindo de belezas naturais que já vimos. Montanhas, lagos, pastos,
praias... azul, verde, amarelo... sol, neve, nuvem... para todos os lados que
olhávamos tinha uma paisagem nos esperando, pronta, como se fosse uma pintura.
 |
Milford Sound |
A
Nova Zelandia é dividida em ilhas sul e norte e tem no total pouco mais de 4
milhões de habitantes. A expectativa de vida para homens é de 82 anos e para
mulheres 86. No sul, onde tem as paisagens mais bonitas, vive somente 30% da
população, passávamos por cidades que só tinha a rua principal, uma igreja, um
posto de gasolina, um supermercado e muitos senhores e senhoras trabalhando, sempre
sorridentes e pronto para nos receber e ajudar.
Para
conhecer a ilha sul alugamos uma campervan, ou seja, carro, cama e cozinha. Mas
como era de mochileiro, ela era toda adaptada: a cama tinha que armar todos os
dias e a cozinha na verdade era um cooler que funcionava com a bateria do
carro, um fogareiro de uma boca com gas de tubo, uma churrasqueira com um
botijão de 2 litros de gas e utensílios de plastico. É, podemos dizer que
acampamos dentro do carro, em outras palavras, passamos perregue até os ultimos
dias. E assim passamos 14 dias indo de um lado pro outro, dormindo sob as
estrelas e cozinhando de frente para os lagos.
 |
Nossa campervan |
Nossa
rotina era acordar lá pelas 8, quando o sol aparecia e dava coragem de sair da
campervan, preparar nosso café da manha, sair pela estrada, parar para preparar
nosso almoço em algum lugar cênico, mais estrada, passar no supermercado, procurar
um campsite, tomar banho quando dava, preparar nossa janta sempre acompanhada
de um vinho (esse foi nosso luxo, a janta poderia ser arroz com ovo, mas
tínhamos vinho todas as noites) e dormir logo que o sol ia embora. Nunca
dormimos tanto.
Pelas
estradas tem campsites para todos os gostos. Os AAA tem banho quente, cozinha
equipada, sala de TV e até internet. Em geral ficam na cidade e as vagas são
mais apertadas, fica um carro do lado do outro e custam uma média de 30 dólares
por noite. O outro estilo é mais natural, mais afastado, no meio de uma
paisagem, um terrenão que você estaciona o carro onde quiser, umas mesinhas de
pic nic ao ar livre, um banheiro de fossa e às vezes torneira com água. Custam
10 dólares que você mesmo coloca na “honesty box”. Um doce para quem acertar
qual foi o nosso preferido.
 |
Banheiro de fossa em um campsite a caminho de Milford Sound |
O
grande atrativo da ilha sul são as estradas e não as cidades. As paisagens me
surpreendiam a cada dia. Acometida pelo final da viagem não foram poucas as
vezes que me senti tocada pensando que mesmo após 1 ano continuava a me
encantar com o novo todos os dias. As paisagens mais bonitas são as mais
turísticas. Minhas preferidas foram as estradas para Milford Sound, Queenstown,
Monte Cook e Lago Tekapo. Cada estrada um cenário, mil fotos e o sentimento que
não conhecemos nada desse mundo.
 |
Paisagem estrada de Dunedin a Milford Sound |
Começamos
nossa viagem em Christchurch e seguimos até Dunedin, indo na direção sul da
ilha, cada vez mais fria. De lá atravessamos a ilha de leste a oeste para a
região dos fiordes onde fizemos um passeio de barco por Milford Sound.
Literalmente um rio no meio das montanhas. Seguimos para Te Anau onde paramos
para nosso primeiro churrasco com soneca à tarde.
 |
Christchurch |
 |
Camping Te Anau, nosso primeiro churrasco |
A
parada seguinte foi em Queenstown, cidade conhecida pelos esportes radicais.
Preferimos nossa paisagem e nosso camping baratinho para aproveitar um dos dias
de sol mais bonitos que tivemos em toda a viagem. Foi também o dia de
comemoração do nosso aniversário de 10 anos de casamento. Compramos um espumante,
vinho, queijos, azeitonas e cozinhamos um macarrãozinho. Ok, foi um dia sem
banho, mas em um camping com uma das melhores vistas e o céu mais estrelado do
país. Nunca tivemos uma comemoração tão especial.
 |
Estrada para Queenstown |
 |
Glenorchy, perto de Queenstowm, cenário do Senhor dos Aneis |
 |
Estrada de Glenorchy e Queenstown |
 |
Nosso camping de comemoração do aniversário de casamento |
Atravessamos
a ilha de volta, agora sentido leste, e passamos pelas estradas do Monte Cook
em outra tarde de sol junto ao lago mais azul que já vi. No caminho paramos em
um lugar de cultivo de salmão e garantimos nossa janta que foi em outro camping
simplinho, comendo salmão fresco no pé do Monte Cook. No dia seguinte fizemos
um trekking até uma das geleiras da região, mas o tempo não ajudou e a visão
acabou ficando prejudicada.
 |
Mais churrasco em Wanaka, entre Queenstown e Monte Cook |
 |
Almocinho em algum lugar |
 |
Caminho para Monte Cook, o lago mais azul que já vi |
 |
Estrada para Monte Cook |
 |
Comendo salmão no camping no pé do Monte Cook |
 |
Trekking para geleiras do Monte Cook |
Entre
um churrasco e outro, uma soneca e outra e uma preguiça e outra, fomos
caminhando em direção ao Lago Tekapo que era para ter a mesma cor do lago do
Monte Cook, mas com o ceu nublado não conseguimos vê-lo tão bonito assim. O que
vimos foi o amanhecer mais lindo de toda a viagem, meio ao acaso, indo para o
banheiro de manhãzinha (o sol nasce às 7 por aqui), nos deparamos com o céu
todo colorido.
 |
Camping do Lago Tekapo, mais churrasco |
 |
Lago Tekapo |
Antes
de voltar para Christchurch ainda fizemos um desvio até Akaroa, sem pretensões,
era meio que para passar o tempo. E ainda assim, a paisagem continuou a nos
surpreender. Querendo fugir de um camping no meio da cidade acima do nosso
orçamento, pegamos uma estradinha de muitas curvas e achamos um camping no meio
do nada, lá no alto do morro, super paz e amor, com uma visão linda da cidade.
É certo que o que economizamos na diária gastamos em gasolina, mas a vista
valeu a pena.
 |
Baía de Akaroa |
Depois
de nos apegarmos à nossa campernvan chegou o dia de devolve-la e trocar de
transporte para nossa ultima semana de viagem. E dessa vez usamos a grande
babada de realocation car, ou seja, para rotas menos utilizadas as locadoras
precisam de um motorista que leve o carro de volta para as cidades principais.
Para isso oferecem o carro de graça ou quase de graça e ainda pagam algumas
despesas. Pegamos um carro normal por 4 dólares o dia e ganhamos a travessia do
carro no ferry entre as ilhas sul e norte que custaria cerca de 200 dólares. E
assim iniciamos nossa subida na ilha norte até Auckland.
Com
70% da população do país, ou seja, pouco menos de 3 milhões de pessoas onde 1
milhão está em Auckland, passamos por “cidades grandes” e entramos em rodovias onde
as paisagens não eram os principais atrativos. O destaque da ilha norte foi
Rotorua, região vulcânica onde visitamos uma vila que sai fumaça de vapor por
todos os lados. O prometido era ver o jato de agua vindo das pedras que atingia
40 metros de altura. Vimos um jato, de 10 metros e muita fumaça. Mesmo assim
foi interessante, sentir o cheiro forte do lugar, ver piscinas de agua
borbulhando e até a lama borbulhando.
 |
Jato de água de Rotorua |
Acabamos
nos apegando a outra rotina, de cada dia comprar nosso vinhozinho e procurar um
lugar barato para passar a noite. Trocamos os campsites pelos hostels com
molecada. Mas eis que na nossa ultima noite de carro, já pertinho de Auckland,
achamos um bom lugar para nos despedir. Nosso quarto era um container com vista
para as montanhas. Mais nada. E quem precisava de mais alguma coisa àquela
altura?
 |
Janta com vista para as montanhas |
Entregamos
o carro em Auckland, cidade grande e movimentada. Agora à pé novamente ficaremos
mais 2 dias andamos pelas ruas, nos despedindo do país e de todo um sonho que
está a um passo de acabar. Hora de arrumar a mochila pela ultima vez, muito
mais gasta, suja e leve do que há 1 ano e tomar nosso ultimo voo, ou últimos 3
voos, que somam 26 horas de volta. E estamos voltando pra casa, felizes e
realizados.
Obrigado por dividir conosco tantos bons momentos! Que Deus os abençoe hoje e sempre!!! Estamos com saudades!!!
ResponderExcluir