Estamos em um ano sabático para conhecer o mundo e a nós mesmos. Para isso manteremos nossos olhos, mentes e corações atentos e abertos por onde estivermos. Toda semana faremos um relato do que passou e por onde passamos. Como tudo na vida tem dois lados, serão duas visões sobre os mesmos momentos.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Seis meses

Bom pessoal,

No dia 17 de outubro completamos 6 meses de viagem. Nesse período visitamos 10 países, em três continentes, mais de 40 cidades, dois desertos e algumas vilas. Nessa primeira etapa cumprimos toda a nossa agenda de férias atrasadas que tínhamos. Fomos a todos os países que um dia nos programamos para ir mas que por um motivo ou outro não conseguimos. Daqui para frente são lugares que estão no inconsciente de qualquer viajante mas não estavam nos nossos planos, nas nossas agendas: Sudeste Asiático e Oceania.

Primeira foto em São Paulo, seguindo para o Marrocos

Fora do nosso lugarzinho, dormimos em mais de 50 hotéis diferentes, diferentes camas, umas maiores, outras bem pequenas, às vezes em camas separadas, às vezes em beliche. No Japão as camas são pequenas (cama de casal tem 1,30m de largura) e os quartos são apertados mas em Hong Kong o quarto tinha a mesma largura da cama (que era um pouco maior que no Japão). Na Capadocia dormimos em um quarto-caverna e em Fez ficamos em uma Riad que mais parecia um palácio de tão bonita. Em Santorrini alugamos um apartamento de 60m2 onde ficamos por duas semanas nos sentindo em casa, às vezes saindo apenas para ver o famoso pôr-do-sol. Em Israel pagamos bem caro por um quarto sem banheiro e no Nepal bem barato com um quarto com duas camas de casal e dois banheiros. Em Kyoto dormimos no chão sobre tatames, no melhor estilo japonês em uma Ryokan e em Pequim tiramos férias do nosso hotel simples (em uma Hutong) e fomos para um 4 estrelas em um bairro chique por um final-de-semana. E constatei que se antes nos hotéis o normal era ter café-da-manhã, agora é ter Wifi. Café-da-manhã é luxo. Mas também dormimos em ônibus, trem, navio, avião e aeroporto.

Conhecemos 3 maravilhas do mundo, 3 centros da terra, templos das principais religiões do mundo (alguns dos mais importantes), inúmeros monumentos, belíssimas praias, paisagens exuberantes e lugares inesquecíveis. Fomos ao lugar mais baixo da terra e em um dos mais altos. Todos esses lugares vocês puderam acompanhar no nosso blog. Mas nas cidades também visitamos muitos mercados de rua, praças e lugares comuns, do dia-a-dia, onde a vida acontece. Andamos muito por essas ruas comuns em todos os lugares. Entramos em vários supermercados, shoppings (alguns tão luxuosos que me senti como um peixe fora d´água), lojas etc. Em Fukuoka entramos em uma loja muito louca que vendia tudo que fosse diferente, desde camisas, canecas, chaveiros e bonecos de todo tipo de herói e anti-herói, com dizeres e frases até cd de música brasileira mixada por DJ japonês. Em Istambul encontramos um aquecedor de água elétrico do tamanho de uma chaleira pequena, perfeita, compacta, mas não compramos porque ainda íamos para o Japão e “com certeza lá tem”. Não tinha. Ficamos sem. Muitas vezes tomamos café sem café. Vimos muitos “bichos” esquisitos no mercado de peixe de Busan. Na China tinha muita gente em todo lugar que se ia, mas na Índia tinha muito mais, como nunca tinha visto antes.

Também comemos e bebemos muitas coisas diferentes e gostosas. Até algumas que não sou muito fã, que não gostava ou que simplesmente nunca tive coragem de comer. No Marrocos comemos muito Tagine com Cuscuz e quando queríamos algo diferente comíamos Cuscuz com Tagine. Na Turquia foram tantos kebabs que não aguentava nem sentir mais o cheiro. No Japão quase não parei de comer: goram, sushi, rámen, tonkatsu, udon, guiozá. E na Coreia quase não comi. Eles colocam pimenta em tudo, era difícil encontrar comida sem pimenta. E a partir dali as comidas começaram a ficar bem apimentadas: Coreia, China, Índia e Nepal. A cada refeição tínhamos sempre a preocupação de pedir “no spice”. Passamos quase 40 dias sem comer carne vermelha na Índia e no Nepal e em muitos dias nossas refeições eram totalmente vegetarianas. E garanto que os vegetarianos passam muito bem. Em Israel, Turquia e Grécia comemos muito, muito churrasquinho grego. Mas também comemos muita comida “estrangeira” como: pizza, hambúrguer, espaguete, batata frita e steak.

E o que dizer de conviver diuturnamente com a mesma pessoa por seis meses? Não é fácil, mas não tá difícil. Estou ficando especializado em ser resiliente, afinal não vamos perder o dia porque não concordamos com algo. Muda-se de assunto, de atitude, de visão das coisas ou deixa-se pra lá pois não tem tanta importância assim. Não fazemos tempestade em copo d´água. Tomar decisões diárias, para tudo e sempre, talvez seja a coisa mais difícil, porque tudo tem que ser compartilhado. As vezes nos estresamos, principalmente quando não temos planejamento, mas sempre chegamos em um acordo e a última palavra é sempre a minha: “tá bom, ok!”. Brincadeira, sempre conseguimos seguir em frente.

Desnecessário dizer que foram seis meses maravilhosos, fazendo o que mais gostamos: viajar. Conhecemos muitas pessoas, brasileiros, estrangeiros, estrangeiros que falavam português, pessoas comuns em cada lugar, pessoas que nunca saíram dos seus lugares, pessoas orgulhosas dos seus lugares, pessoas que também estão na estrada para conhecer o mundo e pessoas que já conheceram quase todo ele.

Seis meses depois, voltando do Everest no Nepal
Foram seis meses mas parece que estamos anos na estrada. O tempo ganha outra dimensão quando tudo que você vê todo dia é novo, mesmo que de novo, porque ficamos bastante tempo no mesmo lugar. E assim tem sido nossa vida. E ainda temos mais 6 meses pela frente. Que venham os próximos lugares, comidas, decisões, templos, praias e todo mais.

Valeu.

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