Bom pessoal,
No dia 17 de outubro completamos 6
meses de viagem. Nesse período visitamos 10 países, em três continentes, mais
de 40 cidades, dois desertos e algumas vilas. Nessa primeira etapa cumprimos
toda a nossa agenda de férias atrasadas que tínhamos. Fomos a todos os países
que um dia nos programamos para ir mas que por um motivo ou outro não conseguimos.
Daqui para frente são lugares que estão no inconsciente de qualquer viajante
mas não estavam nos nossos planos, nas nossas agendas: Sudeste Asiático e Oceania.
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Primeira foto em São Paulo, seguindo para o Marrocos |
Fora do nosso lugarzinho, dormimos
em mais de 50 hotéis diferentes, diferentes camas, umas maiores, outras bem
pequenas, às vezes em camas separadas, às vezes em beliche. No Japão as camas
são pequenas (cama de casal tem 1,30m de largura) e os quartos são apertados mas
em Hong Kong o quarto tinha a mesma largura da cama (que era um pouco maior que
no Japão). Na Capadocia dormimos em um quarto-caverna e em Fez ficamos em uma
Riad que mais parecia um palácio de tão bonita. Em Santorrini alugamos um apartamento
de 60m2 onde ficamos por duas semanas nos sentindo em casa, às vezes saindo
apenas para ver o famoso pôr-do-sol. Em Israel pagamos bem caro por um quarto sem
banheiro e no Nepal bem barato com um quarto com duas camas de casal e dois
banheiros. Em Kyoto dormimos no chão sobre tatames, no melhor estilo japonês em
uma Ryokan e em Pequim tiramos férias do nosso hotel simples (em uma Hutong) e
fomos para um 4 estrelas em um bairro chique por um final-de-semana. E constatei
que se antes nos hotéis o normal era ter café-da-manhã, agora é ter Wifi.
Café-da-manhã é luxo. Mas também dormimos em ônibus, trem, navio, avião e
aeroporto.
Conhecemos 3 maravilhas do mundo, 3
centros da terra, templos das principais religiões do mundo (alguns dos mais
importantes), inúmeros monumentos, belíssimas praias, paisagens exuberantes e
lugares inesquecíveis. Fomos ao lugar mais baixo da terra e em um dos mais
altos. Todos esses lugares vocês puderam acompanhar no nosso blog. Mas nas
cidades também visitamos muitos mercados de rua, praças e lugares comuns, do
dia-a-dia, onde a vida acontece. Andamos muito por essas ruas comuns em todos
os lugares. Entramos em vários supermercados, shoppings (alguns tão luxuosos
que me senti como um peixe fora d´água), lojas etc. Em Fukuoka entramos em uma
loja muito louca que vendia tudo que fosse diferente, desde camisas, canecas,
chaveiros e bonecos de todo tipo de herói e anti-herói, com dizeres e frases
até cd de música brasileira mixada por DJ japonês. Em Istambul encontramos um
aquecedor de água elétrico do tamanho de uma chaleira pequena, perfeita,
compacta, mas não compramos porque ainda íamos para o Japão e “com certeza lá
tem”. Não tinha. Ficamos sem. Muitas vezes tomamos café sem café. Vimos muitos
“bichos” esquisitos no mercado de peixe de Busan. Na China tinha muita gente em
todo lugar que se ia, mas na Índia tinha muito mais, como nunca tinha visto
antes.
Também comemos e bebemos muitas
coisas diferentes e gostosas. Até algumas que não sou muito fã, que não gostava
ou que simplesmente nunca tive coragem de comer. No Marrocos comemos muito
Tagine com Cuscuz e quando queríamos algo diferente comíamos Cuscuz com Tagine.
Na Turquia foram tantos kebabs que não aguentava nem sentir mais o cheiro. No
Japão quase não parei de comer: goram, sushi, rámen, tonkatsu, udon, guiozá. E
na Coreia quase não comi. Eles colocam pimenta em tudo, era difícil encontrar
comida sem pimenta. E a partir dali as comidas começaram a ficar bem
apimentadas: Coreia, China, Índia e Nepal. A cada refeição tínhamos sempre a
preocupação de pedir “no spice”. Passamos quase 40 dias sem comer carne
vermelha na Índia e no Nepal e em muitos dias nossas refeições eram totalmente
vegetarianas. E garanto que os vegetarianos passam muito bem. Em Israel,
Turquia e Grécia comemos muito, muito churrasquinho grego. Mas também comemos
muita comida “estrangeira” como: pizza, hambúrguer, espaguete, batata frita e
steak.
E o que dizer de conviver
diuturnamente com a mesma pessoa por seis meses? Não é fácil, mas não tá
difícil. Estou ficando especializado em ser resiliente, afinal não vamos perder
o dia porque não concordamos com algo. Muda-se de assunto, de atitude, de visão
das coisas ou deixa-se pra lá pois não tem tanta importância assim. Não fazemos
tempestade em copo d´água. Tomar decisões diárias, para tudo e sempre, talvez
seja a coisa mais difícil, porque tudo tem que ser compartilhado. As vezes nos
estresamos, principalmente quando não temos planejamento, mas sempre chegamos
em um acordo e a última palavra é sempre a minha: “tá bom, ok!”. Brincadeira,
sempre conseguimos seguir em frente.
Desnecessário dizer que foram seis
meses maravilhosos, fazendo o que mais gostamos: viajar. Conhecemos muitas
pessoas, brasileiros, estrangeiros, estrangeiros que falavam português, pessoas
comuns em cada lugar, pessoas que nunca saíram dos seus lugares, pessoas
orgulhosas dos seus lugares, pessoas que também estão na estrada para conhecer
o mundo e pessoas que já conheceram quase todo ele.
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Seis meses depois, voltando do Everest no Nepal |
Foram seis meses mas parece que estamos anos na estrada. O tempo ganha outra dimensão quando tudo que você vê todo dia é novo, mesmo que de novo, porque ficamos bastante tempo no mesmo lugar. E assim tem sido nossa vida. E ainda temos mais 6 meses pela
frente. Que venham os próximos lugares, comidas, decisões, templos, praias e
todo mais.
Valeu.
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