Estamos em um ano sabático para conhecer o mundo e a nós mesmos. Para isso manteremos nossos olhos, mentes e corações atentos e abertos por onde estivermos. Toda semana faremos um relato do que passou e por onde passamos. Como tudo na vida tem dois lados, serão duas visões sobre os mesmos momentos.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Até logo Tailandia

Depois de Phi Phi fomos passar nossa última semana de férias na região de Krabi, dividindo nosso tempo entre as ilhas de Railay Beach e Ao Nang.

Railay é uma ilhazinha com 3 praias interligadas por um caminho bem fácil de andar. No mesmo dia saíamos da nossa praia East Beach (que na verdade não é uma praia e sim um manguezal), passávamos a manhã na West Beach (o lado AA de Railay) e à tarde na Phra Nang Beach para ver o pôr do sol. Ou vice versa. Apesar da areia ser mais escura, como a nossa no Brasil, e o mar aberto com ondas, o lugar é de uma natureza muito bonita.

Em Phra Nang os restaurantes são nos barcos que atracam de manhazinha e vao embora quando a mare começa a encher


East Beach

West Beach

Nossa última parada foi em Ao Nang, praia de cidade, mais urbana e com mais estrutura. Para fechar nossas férias com chave de ouro dobramos nosso orçamento nos 3 dias que ficamos lá e aproveitamos um resort com quarto grande, piscina e todos aqueles mimos que faz tempo não tínhamos. Amo hotel chique!!! Só não combinou muito conosco, chegando a pé com as mochilas nas costas e pedindo pelo quarto mais barato que eles tinham. Mochileiro querendo pagar de bacana...



Nosso resort... camas separadas, era o quarto mais barato...

Nós e em Ao Nang

Depois de 3 semanas de praia, cerveja e vida boa, com o corpo e o coração descansados, hora de voltar para nossas andanças. E começamos por Bangkok, cidade grande, transito como SP, transporte público ok, um calor de 35 graus e muita coisa para conhecer. Fomos naquele esquema de transporte conjugado, dessa vez demoramos 17 horas, com direito a ônibus quebrado de madrugada e um cara que roncou a noite toda, não deixando ninguém dormir.

Conhecemos os principais templos budistas e fui surpreendida por uma arquitetura bem diferente do que já tinha visto antes. Tudo é muito brilhante e colorido, os olhos demoram para se acalmar, são tantos estímulos que a gente se perde querendo ver tudo ao mesmo tempo. O Palácio Real é impressionante, um complexo de templos muito bem decorados onde o principal deles abriga um mini buda feito de esmeralda.

Outra surpresa foi o Wat Pho, o maior e mais antigo templo da cidade, um complexo com vários budas sendo que o destaque é para o Buda Reclinado medindo 45 metros de comprimento e o representa no seu último momento de iluminação, pouco antes da morte. Só para comparação, o Cristo Redentor mede 30 metros de altura e a Estátua da Liberdade só passou o buda porque esticou os braços, medindo 46 metros. Por ultimo fomos no Templo do Amanhecer, todo construído com porcelanas chinesas, riquíssimo em detalhes, muito bonito.
Buda Reclinado

Templo do Amanhecer

Fizemos um passeio no Floating Marketing de Damnoensaduak, hoje muito mais uma atração turística do que mercado de locais. Mesmo assim eu curti, passemos pelos canais, vimos o comércio na beira do rio ou mesmo dentro dos barcos e comemos um noodles feito por uma senhorinha dentro do seu barco.

Continuamos comendo bem e em Bangkok usamos e abusamos das barraquinhas de rua. Comida muito boa e barata a uma nível de higiene que nossas bactérias já estão acostumadas. Mas eis que um dia, procurando um lugar para almoçar, encontramos um restaurante brasileiro que servia buffet de arroz, feijão preto, farofa, vinagrete e uma mistura de porco com mandioca. O Lucio ficou parado uns 10 segundos, imóvel, na frente do feijão, e a única palavra que ele pronunciou nesse tempo foi “feijão”, umas 3 vezes. Fizemos um pratão e matamos saudades de comida brasileira, que realmente estava no nosso tempero, feita por gente que entende. Até então não sabia como era boa a sensação de comer a “nossa comida”, ela traz um conforto que a melhor comida do mundo não consegue traduzir. Foi a nossa refeição mais cara na Tailandia, quase 30 dolares (sendo que a mais barata foi 3 dolares os dois, comendo um dos melhores pad thai em barraquinha de rua).

Matando saudade de comida brasileira

Comendo em barraquinha de rua

Depois de 28 dias já nos sentimos super de casa. É aquela história, já nos acostumamos com as pessoas, com a moeda, com a comida, com os do e don’t de cada lugar. Experimentamos uma Tailandia muito turística, em todas as cidades que passamos o fluxo de estrangeiros ocidentais era maior que a população local. Encontramos aqui todos os brasileiros que não vimos nos outros países. Senti falta de me aproximar mais do país, de ter aquela sensação gostosa de que eu vivi um pouco da história do lugar. Não tive. Talvez porque estávamos de “férias” nas praias, ou porque os lugares realmente eram muito turísticos, ou sei lá... praias maravilhosas, comida sensacional, templos impressionantes... mas que não mexeram com o meu coração. Mas voltaremos, daqui a 17 dias, para conhecer as cidades do norte. Até breve. 

Fim de "férias" na Tailândia.

Bom pessoal,

Semana passada escrevi sobre os últimos seis meses, um pequeno resumo sobre tudo e não falei sobre como foi a semana aqui na Tailândia. Agora escrevo sobre as últimas duas semanas. Saímos de Phi Phi e fomos para Railay Beach, depois para Ao Nang e depois para Bangkok. Railay é uma praia no continente mas parece uma ilha, a única forma de chegar lá é de barco. É um pontão cercado por montanhas rochosas ao norte (que impossibilita a construção de estrada) e com praias dos outros três lados. Ficamos do lado B, ou melhor, do lado leste, mas as praias do sul e oeste são as melhores. São as praias onde você pode ver o pôr-do-sol. No leste não tem realmente uma praia é mais um mangue. Como o lugar é pequeno vai-se de um lado para outro em poucos minutos. Uma tranquilidade só. Ficamos 3 noites e depois fomos para Ao Nang, para mais 3 noites, que fica a 15 minutos de barco. E aqui a estrutura é outra. Como está no continente “de verdade”, tem muito mais lojas, restaurantes, hotéis e movimento. Como tínhamos passado as últimas três semanas vivendo de praia e a praia de Ao Nang não é das melhores, o objetivo aqui era mais curtir o hotel e nos preparar para nossas próximas etapas. Então tiramos férias dos hotéis low cost e abrimos o caixa 2: ficamos em um hotel 4 estrelas com direito a piscina e tudo. Só não deu pra ter café da manhã porque assim também era demais. Daqui, no sábado à tarde, pegamos um ônibus com destino a Bangkok, nossa última parada na Tailândia nessa etapa da viagem. Depois vamos voltar.

Railay Beach




Bangkok é cidade grande, trânsito, metro, tuk-tuk, barraquinhas de comidas e muitas atrações. As principais atrações são: o palácio, o templo do Buda deitado, o mercado flutuante e o rio. O palácio é um complexo de prédio e templos dos mais bonitos que já vi. Os templos têm tantas cores, detalhes, brilho e beleza que eu fiquei até tonto no primeiro momento. O Buda deitado tem quase 50 metros e ocupa todo o templo, também faz parte de um complexo de templos e vale a visita. Mas o rio, pra mim, é o que diferencia a cidade de outras que já fui. O rio é utilizado para tudo: transporte de pessoas, carga, escoamento de produção, abastecimento e turismo. Tem barco de todo tipo e para todo gosto. Utilizamos muito o ônibus-barco. Chegamos no domingo pela manhã e depois de deixar as mochilas no hotel fomos conhecer uma das maiores feiras da região. É como se fosse um mercado central que vende de tudo, desde roupa usada até celular de última geração. Na segunda fomos cumprir nossa obrigação quase constante: tirar visto para o próximo país, no caso Myanmar e consertar, ou tentar, o meu tablet, que quebrou a tela. O visto para Myanmar é muito fácil, mas chato. Você preenche um formulário de uma página, coloca duas fotos, cópia do passaporte e pronto. Mas tem apenas uma pessoa na embaixada para atender todas as 300 pessoas que solicitam diariamente em Bangkok. Perdemos muito tempo. Saí de lá mais de 13:00hs com muita fome. Fomos andando e eliminando os restaurantes que não se encaixavam em nossos critérios, e eram muitos. Continuamos andando e quando achei que a confusão ia começar com a Raquel, porque não encontrávamos nenhum restaurante e fome é uma das coisas que tira ela do sério, encontramos um restaurante com a bandeira do Brasil. Tinha um cardápio na calçada e eles tinham coxinha, rissole, carne e buffet. Quando entramos tinha um buffet com arroz branco, farofa, feijão preto e carne com macaxeira. Feijão preto e farofa? Na Tailândia? Depois de seis meses? Tá de brincadeira! Foi a refeição mais cara que fizemos aqui (o cara “meteu a faca”), mas comi com gosto de saudade. Pra matar a saudade. Se saudade é vontade de ver de novo, acabei com ela. De barriga cheia fomos tentar consertar meu tablet. Estamos no aguardo. Na quarta fomos conhecer o Mercado Flutuante de Damnoen Saduak, são vários canais como se fossem ruas que cobrem uma região inteira do tamanho de um bairro. Bem bonito e interessante, ficamos vendo e movimento e comemos um miojão num dos barquinhos.

Templo do Buda de Jade




Palácio



Ficamos hospedados na região mais badalada de Bangkok: na Kaosan Road. Muitos bares, restaurantes e principalmente muitas barraquinhas de rua com comidas, sucos, frituras e doces. Dia e noite. Bem divertido. Não muito boa foi a sensação que senti quando deixamos a Tailândia porque algumas coisas “sumiram” do nosso quarto. A Raquel percebeu que US$ 200 que ela tinha escondido na bolsa não estavam mais lá e eu, quando cheguei em Yangon, Myanmar e dei conta que não tinha mais meu canivete comigo. Não foi nada demais, mas essas coisas deixam um gostinho amargo em relação a alguns lugares.

O mercado flutuante



o rio

Valeu.


sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Seis meses

Bom pessoal,

No dia 17 de outubro completamos 6 meses de viagem. Nesse período visitamos 10 países, em três continentes, mais de 40 cidades, dois desertos e algumas vilas. Nessa primeira etapa cumprimos toda a nossa agenda de férias atrasadas que tínhamos. Fomos a todos os países que um dia nos programamos para ir mas que por um motivo ou outro não conseguimos. Daqui para frente são lugares que estão no inconsciente de qualquer viajante mas não estavam nos nossos planos, nas nossas agendas: Sudeste Asiático e Oceania.

Primeira foto em São Paulo, seguindo para o Marrocos

Fora do nosso lugarzinho, dormimos em mais de 50 hotéis diferentes, diferentes camas, umas maiores, outras bem pequenas, às vezes em camas separadas, às vezes em beliche. No Japão as camas são pequenas (cama de casal tem 1,30m de largura) e os quartos são apertados mas em Hong Kong o quarto tinha a mesma largura da cama (que era um pouco maior que no Japão). Na Capadocia dormimos em um quarto-caverna e em Fez ficamos em uma Riad que mais parecia um palácio de tão bonita. Em Santorrini alugamos um apartamento de 60m2 onde ficamos por duas semanas nos sentindo em casa, às vezes saindo apenas para ver o famoso pôr-do-sol. Em Israel pagamos bem caro por um quarto sem banheiro e no Nepal bem barato com um quarto com duas camas de casal e dois banheiros. Em Kyoto dormimos no chão sobre tatames, no melhor estilo japonês em uma Ryokan e em Pequim tiramos férias do nosso hotel simples (em uma Hutong) e fomos para um 4 estrelas em um bairro chique por um final-de-semana. E constatei que se antes nos hotéis o normal era ter café-da-manhã, agora é ter Wifi. Café-da-manhã é luxo. Mas também dormimos em ônibus, trem, navio, avião e aeroporto.

Conhecemos 3 maravilhas do mundo, 3 centros da terra, templos das principais religiões do mundo (alguns dos mais importantes), inúmeros monumentos, belíssimas praias, paisagens exuberantes e lugares inesquecíveis. Fomos ao lugar mais baixo da terra e em um dos mais altos. Todos esses lugares vocês puderam acompanhar no nosso blog. Mas nas cidades também visitamos muitos mercados de rua, praças e lugares comuns, do dia-a-dia, onde a vida acontece. Andamos muito por essas ruas comuns em todos os lugares. Entramos em vários supermercados, shoppings (alguns tão luxuosos que me senti como um peixe fora d´água), lojas etc. Em Fukuoka entramos em uma loja muito louca que vendia tudo que fosse diferente, desde camisas, canecas, chaveiros e bonecos de todo tipo de herói e anti-herói, com dizeres e frases até cd de música brasileira mixada por DJ japonês. Em Istambul encontramos um aquecedor de água elétrico do tamanho de uma chaleira pequena, perfeita, compacta, mas não compramos porque ainda íamos para o Japão e “com certeza lá tem”. Não tinha. Ficamos sem. Muitas vezes tomamos café sem café. Vimos muitos “bichos” esquisitos no mercado de peixe de Busan. Na China tinha muita gente em todo lugar que se ia, mas na Índia tinha muito mais, como nunca tinha visto antes.

Também comemos e bebemos muitas coisas diferentes e gostosas. Até algumas que não sou muito fã, que não gostava ou que simplesmente nunca tive coragem de comer. No Marrocos comemos muito Tagine com Cuscuz e quando queríamos algo diferente comíamos Cuscuz com Tagine. Na Turquia foram tantos kebabs que não aguentava nem sentir mais o cheiro. No Japão quase não parei de comer: goram, sushi, rámen, tonkatsu, udon, guiozá. E na Coreia quase não comi. Eles colocam pimenta em tudo, era difícil encontrar comida sem pimenta. E a partir dali as comidas começaram a ficar bem apimentadas: Coreia, China, Índia e Nepal. A cada refeição tínhamos sempre a preocupação de pedir “no spice”. Passamos quase 40 dias sem comer carne vermelha na Índia e no Nepal e em muitos dias nossas refeições eram totalmente vegetarianas. E garanto que os vegetarianos passam muito bem. Em Israel, Turquia e Grécia comemos muito, muito churrasquinho grego. Mas também comemos muita comida “estrangeira” como: pizza, hambúrguer, espaguete, batata frita e steak.

E o que dizer de conviver diuturnamente com a mesma pessoa por seis meses? Não é fácil, mas não tá difícil. Estou ficando especializado em ser resiliente, afinal não vamos perder o dia porque não concordamos com algo. Muda-se de assunto, de atitude, de visão das coisas ou deixa-se pra lá pois não tem tanta importância assim. Não fazemos tempestade em copo d´água. Tomar decisões diárias, para tudo e sempre, talvez seja a coisa mais difícil, porque tudo tem que ser compartilhado. As vezes nos estresamos, principalmente quando não temos planejamento, mas sempre chegamos em um acordo e a última palavra é sempre a minha: “tá bom, ok!”. Brincadeira, sempre conseguimos seguir em frente.

Desnecessário dizer que foram seis meses maravilhosos, fazendo o que mais gostamos: viajar. Conhecemos muitas pessoas, brasileiros, estrangeiros, estrangeiros que falavam português, pessoas comuns em cada lugar, pessoas que nunca saíram dos seus lugares, pessoas orgulhosas dos seus lugares, pessoas que também estão na estrada para conhecer o mundo e pessoas que já conheceram quase todo ele.

Seis meses depois, voltando do Everest no Nepal
Foram seis meses mas parece que estamos anos na estrada. O tempo ganha outra dimensão quando tudo que você vê todo dia é novo, mesmo que de novo, porque ficamos bastante tempo no mesmo lugar. E assim tem sido nossa vida. E ainda temos mais 6 meses pela frente. Que venham os próximos lugares, comidas, decisões, templos, praias e todo mais.

Valeu.

6 meses de viagem, os bastidores de uma volta ao mundo


Faz 6 meses que iniciamos nossa volta ao mundo. Já foram 10 países, 6 fusos horários, 10 moedas, 10 maneiras diferentes que aprendemos a dizer olá e obrigada. Acho que esse momento, a metade da viagem, é o melhor pois já aprendemos a ficar “malandros” na arte de viajar e ainda temos um bom caminho pela frente.

Nós 2 em Santorini, Grecia, curtindo o por do sol

Já sabemos como procurar os melhores hotéis dentro do nosso budget, sempre privilegiando a localização que deve ser perto de transporte publico e das atrações turísticas. Nossos hotéis variam de simples a super simples. Às vezes pode ser uma categoria acima ou abaixo que é traduzido como “super ok” ou “super simples mesmo”. Nunca ficamos em dormitório dividindo o quarto com outras pessoas mas já ficamos em quartos com banheiro compartilhado, poucas vezes. Em uma dessas, foi na guesthouse de Ishigaki no Japão, me deparei com a primeira barata da viagem. Era de noite, abri a porta e ela estava lá, enorme, no meio do banheiro, me olhando. Só fechei a porta, chamei o Lucio que foi lá, olhou e disse “é grande mesmo”, e troquei de banheiro. Ainda bem que não era banheiro privativo se não, não ia conseguir dormir. Barata, barata mesmo foi só essa. Teve outro hotel, em Chengdu na China, que ficamos em um quarto super ok, era grande, tinha uma mini cozinha e máquina de lavar roupa. O único problema é que o prédio era velho e tinha um monte de baratinhas andando pelo quarto. São os perrengues de uma viagem low cost... Mas no geral eles tem tudo que precisamos: cama (às vezes com lençol duvidoso, no começo ficava super encanada, agora nem ligo), banho quente (às vezes o conceito de banho quente varia de um país para outro) e free wi-fi (às vezes a conexão é tão lenta que seria a mesma coisa de não ter). Além disso já é considerado mimo de viagem.

Hotel de Marrakesh, Marrocos, o primeiro de nossa viagem, super simples.

Usamos qualquer meio de transporte para ir de um canto a outro. Em geral escolhemos o mais barato que implica em ser o mais longo e mais desconfortável. Às vezes as viagens são longas, bem longas, e então optamos pelo deslocamento noturno que faz o tempo passar mais rápido e economiza uma noite de hospedagem. Além dos tradicionais avião e ônibus, já viajamos também de ônibus cama, trem cama e navio cama. Precisamos só de 5 minutos para nos acostumarmos com o espaço e depois dormimos como crianças. Sempre vale a pena a experiência.

Quando iniciamos a viagem tínhamos todos os hotéis reservados e passagens aéreas compradas para os próximos 3 meses. E a ideia era essa, ter sempre certo e seguro o próximo trimestre. A verdade é que isso não durou muito tempo, durou só os 3 meses que já estavam programados. Com o decorrer da viagem passamos a ter apenas 1 mês resolvido pra frente. E hoje chegamos nas cidades sem hotel reservado e sem saber exatamente quanto tempo ficaremos por lá. Estamos mais relaxados, querendo aproveitar melhor o agora, se estiver bom ficamos, se não, vamos embora.

Essa eu já sabia antes de viajar: comer me faz muito feliz. E nessa andança pelo mundo tenho experimentado sabores e aromas que levam minha alma para o céu. Gosto de pesquisar sobre a comida local, procurar receitas, tentar distinguir todos os sabores para poder cozinhar quando voltar pra casa. O único sabor que não consegui decifrar foi a culinária indiana com seus mil temperos que formam o curry, essa não vai dar para fazer em casa. Comemos em lugares simples, quanto mais cara de local melhor no sabor e no preço. Nossa única regra é que tem que ter movimento para ter rotatividade da comida. O outro lado da história é que comer 2 vezes por dia, todos os dias em restaurantes também cansa. Tem dia que não queremos nada, tem dia que só queremos comida de casa e tem dia que passamos no supermercado e compramos cerveja e pacotinho de batata frita de janta. Aliás engordar é uma das últimas preocupações que eu tenho nesse sabático. Aquela minha vida mega saudável que eu tinha em SP ficou em SP. Já engordei na Grecia e no Japao, emagreci na India (novas bactérias) e no Nepal (devido ao trekking), e estou engordando de novo na Tailandia. Feliz, feliz...

Um de nossos restaurantes, com pé na areia, comidinha local e cerveja, do jeito que eu gosto, Em Koh Tao, Tailandia.

Se eu tivesse um dia no Brasil pra matar a saudade da comida meu dia seria assim: de café da manhã café coado, pao francês com mortadela e pao de queijo com requeijão. De almoço churrasco com oniguiri (bolinho de arroz japonês) e vinagrete da minha mae. Cerveja, claro. E à noite pizza delivery da Peperoni (pizzaria do lado de casa) e um vinho argentino ou chileno. Fiz essa brincadeira com o Lucio e ele disse que o café da manha seria no Rato’s, um botequinho do lado de casa, com pao francês com requeijão na chapa e coxinha. De resto seria igual, trocando o oniguiri por baião de dois. Rodamos o mundo mas nossas raízes permanecem...

Sobre cuidados pessoais, a única coisa que me preocupava era saber cortar as unhas do meu pe, que eu sempre deixava a cargo da minha podóloga querida, a Sayuri. Depois de umas aulinhas e com os instrumentos que ela me emprestou, tenho conseguido corta-las sem encrava-las. O cabelo ainda não cortei, saí do Brasil com o cabelo tão curtinho que agora ele está do tamanho que eu estava acostumada. Acho que dura mais uns meses. O mesmo não posso dizer do Lucio, que também não cortou o cabelo desde então. Imaginem a cara de Bozo dele... De maquiagem trouxe lápis de olho, rímel e batom. Só. E o que antes era impensável, sair de casa sem lápis e rímel, hoje é rotina. No começo não gostava de me ver de cara limpa, agora acho que faz parte do meu estado de espirito.

Inglês é nosso meio de comunicação, além da mímica e do sorriso. Quando começamos a viagem, sempre que tinha opção entre inglês e espanhol, escolhíamos espanhol. Hoje é muito mais fácil falar em inglês. Apesar de conseguir conversar com todas as nacionalidades sinto falta de ter um inglês melhor para poder rir das piadas do pessoal que tem o inglês como língua mãe. Encontrar brasileiros é uma raridade, e quando ouvimos o português é como musica para nossos ouvidos, como faz bem. Uma vez encontramos um brasileiro na India e saí tonta da conversa de 10 minutos que tivemos. Falamos tão rápido e de tantos assuntos... já tinha perdido o costume de falar na minha própria língua com outras pessoas que não o Lucio. Se estamos com outra pessoa, até entre nós falamos em inglês, um barato.

Uma das minhas fotos favoritas, menina brincando, no trekking no Nepal

No meu ultimo dia no Brasil comprei um e-reader, a melhor aquisição que poderia ter feito. Gosto muito de ler, embora no dia a dia deixe isso de lado. Aqui, com o tempo a meu favor, tenho lido muito, já li mais de 20 livros. Às vezes leio livros que me fazem entender um pouco mais da cultura local e outras leio aqueles romances de mulher, total agua com açúcar que não agrega nada se não felicidade. O muçulmano e a judia, As boas mulheres da China, Jardim de Inverno e Mel e amêndoas foram os melhores da viagem até agora, daqueles que eu fiquei tão fascinada que não consegui parar de ler enquanto não terminaram. Adoro isso.

Já deixei pelo caminho 4 camisetas, 1 papete, 1 bota de trekking, 1 canga, 1 malha de frio. Comprei 2 camisetas. No total tenho uns 10 kilos entre roupas, necessaire, eletrônicos e tudo que eu possa precisar no período de 1 ano. Minha casa nas costas. Cada coisa já tem o seu lugar, arrumar e desarrumar a mala é tarefa de 10 minutos, sem brincadeira. No começo da viagem sempre procurávamos lavanderia para dar um trato nas nossas roupas. Depois de alguns meses descobrimos que o mais prático é ir lavando aos poucos na pia do banheiro. E assim temos feito.

10 Kilos divididos na mochilona (8 Kg) e mochilinha (na frente), em Railay Beach, Tailandia

Logo que chegamos em um país, passamos uns 2 dias fazendo a conversão da moeda local em dólar para saber se é caro ou barato, até nos acostumarmos com o novo padrão. Nesses 2 primeiros dias é inevitável fazer comparações com o país anterior, por exemplo, uma cerveja na China custava 0,5 dólares no supermercado. Na Índia, país subsequente, só encontrávamos cerveja em restaurantes turísticos a 4 dólares (ao invés do índice Big Mac nós temos o índice cerveja local). O Lucio disse uma vez que não existe caro ou barato, existe o preço do lugar. E é isso, quer quer, não quer, muda de país.

Precisa de amor, na verdade de muito amor, para dividir tudo isso com a única companhia da viagem, presente quando você quer e também quando você não quer. Passar tanto tempo junto torna as semelhanças e as diferenças bem evidentes, tornando nossas vidas muito mais emocionante. Conversamos muito, embora às vezes eu ache que não conversamos. É que é tanto tempo junto que hora ou outra o assunto acaba. Tem dias que não falamos a mesma língua e dalí pra rolar um estresse e uma conversa básica sobre a relação é um pulo. Nesses dias é melhor ir dormir porque eu descobri que sempre tem um dia seguinte e o sol sempre nasce novamente. Mas a verdade é que é com ele que eu quero estar, dividindo e compartilhando todo esse mundo de descobertas. Poder rir, chorar, abraçar, brigar, olhar pra lua, olhar pro mar, olhar pras montanhas, comer nos “pés sujos”, beber cerveja, andar por ai, tudo isso ao lado dele é a essência da nossa viagem, é o que preenche a minha alma, fazendo tudo valer a pena.

Nós 2 curtindo o por do sol, Railay Beach, Tailandia

Já sinto saudades... e faz tempo. Cada hora de uma coisa, das pessoas, da comida, da minha casa, de ter uma rotina. Sinto saudades de conversar com a minha mae tomando um café na cozinha dela, saudades de beber umas cervejas com o Marques, saudades de dar um abraço no meu pai, saudades das conversas e da cumplicidade com meus irmãos e cunhados, saudades do sorriso dos meus sobrinhos lindos, saudades das festas de família na casa da tia Yaya. A saudade não passa, ela vem e vai. É um choro em silêncio, um aperto no coração que eu vou aprendendo a lidar.

Nós 2 curtindo, Santorini, Grecia

É difícil falar de mudanças em meio a tantas novidades. Nossos olhares, nossa percepção de mundo, nossos sentimentos estão a toda prova, trazendo novas referencias e novos significados dia após dia. Estamos enfim cuidando da nossa alma, nos permitindo descobrir o mundo e a nós mesmos. E o melhor disso tudo? Ainda temos mais 6 meses pela frente.

sábado, 1 de novembro de 2014

De um paraíso para outro

Bom pessoal,

Depois de uma semana em Koh Tao fomos para Phi Phi (lê-se: Pi Pi), uma das ilhas mais procurados da Tailândia. O transporte na Tailândia é bem fácil. Assim como foi para chegar em Koh Tao, para ir para Phi Phi pegamos um navio noturno com colchonetes para uma boa noite de sono, três vans e depois outro barco. Pronto, saímos as 21hs e chegamos às 11hs do dia seguinte. Foram 14 horas de viagem. Em todo lugar somos “etiquetados” com adesivos informando nosso destino (cada destino tem uma cor diferente) que serve de ticket e também para facilitar o trabalho deles. É um sistema bem simples mais muito prático, principalmente na alta estação quando os turistas chegam aos montes.

Chegamos no final da manhã e não tínhamos hotel reservado, somente algumas indicações de dois que gostamos. O primeiro que fomos estava lotado, mas nem foi preciso ir no segundo. Ao lado do primeiro tinha um outro, igualzinho ao primeiro com preço bom e quarto com ar condicionado. Pronto. Fechado. Fechamos 4 noites para sentir o clima da região mas depois fechamos mais 3 noite, ou seja, mais uma semana no paraíso.

Como as previsões do tempo não eram boas para o final da semana, fizemos tudo que tinha pra fazer na segunda e na terça. Na segunda conhecemos a Long Beach que fica a uns 30 minutos de caminhada do centrinho: areia branca, mar calmo, água transparente e sol, só pra relaxar. Na terça fizemos o passeio obrigatório daqui: uma volta inteira na ilha com direito a conhecer outras duas ilhas próximas com belas praias e no final ainda vermos o pôr-do-sol do mar. Uma das praias é a Maya Beach, famosa por ser a praia do filme “A Praia”. E ela é muito bonita mesmo. É uma baia fechada dando a impressão, da areia, de que é escondida e com todas as outras características de qualquer outra praia daqui: areia branca, água transparente etc. Mas tem mais um detalhe que dificulta a absorção da beleza local: a multidão. Quando chegamos deviam ter uns 30 barcos ancorados na praia (entre lanchas e barquinhos), cada um deles transporta umas 20 a 30 pessoas, portanto, nessa pequena baia tinham umas 600 pessoas (arredondando para baixo). Não é exatamente o que você espera encontrar em um paraíso. Ainda conhecemos outras praias como a Monkey Beach e a Bamboo Beach, fizemos snorkeling, mas o melhor ficou para o final: fomos agraciados com um belíssimo pôr-do-sol visto do barco no meio do mar.


Phi Phi
Long Beach
Baia de Phi Phi
Maya Beach
A multidão
Maya Beach. Apesar de todos, belíssima.
Pôr-do-sol
Na quarta, com o tempo ainda bom, ficamos na praia da cidade curtindo o sol na praia e depois fomos matar meu desejo de comer peixe e lula assados, afinal estamos em uma praia. E me esbaldei. Parecia que estava na praia do futuro, comendo sem cerimônia com as mãos, só faltou mesmo o baião-de-dois e a farofa. E na quinta alugamos um caiaque para conhecer outras duas praia próximas onde o barco não parou no passeio. E a primeira praia foi maravilhosa. Parecida com a Maya (bem menor, claro) mas sem ninguém, somente dois barcos pequenos. Quase particular. Depois fomos para outra praia um pouco mais distante, era uma baia aberta, grande e tranquila. Passamos mais de uma hora por lá antes de voltar. O mar dentro das baias é sempre calmo mas no trajeto de mar aberto e perto dos rochedos é um pouco difícil remar. No final foi muito legal mas cansativo. Gostei. No final só choveu no sábado.

Pôr-do-sol
Mas uma das coisas que gostei nessa ilha foi da noite. Como ela é pequena, as lojas, bares, restaurantes ficam todos muito próximo e tudo é sempre muito animado. Mas duas coisa me chamaram mais a atenção: a primeira são os restaurante de frente para a praia que apresentam shows de malabarismo com tochas ao som de “puts puts” (música de balada) e depois tudo vira uma grande balada a céu aberto. A segunda coisa são os buckets: uns baldinhos de bebida. Eles vendem um baldinho com uma garrafinha de bebida e dois acompanhamentos (coca, água tônica etc) que você coloca tudo junto, com gelo, e bebe no próprio baldinho. Em todo lugar que você vai tem um monte de gente carregando seu baldinho. Muito bom. E claro que nós compramos o nosso com um rum local pra entrar no clima. Foi a noite da balada.
Praia de Phi Phi
Depois de tantos dias de praia, ficamos a sexta e o sábado no hotel trabalhando um pouco. Afinal precisávamos decidir nossos próximos destinos, planejar tudo e fazer as pesquisas necessárias de transporte, hospedagem e atrações. Afinal esse é o nosso trabalho nesse ano. Ah, na sexta fomos ver o pôr-do-sol do viewpoint da ilha que também é o local de evacuação em caso de tsunami. Uma bela vista panorâmica.

Viewpoint

Valeu.

Ah, Phi Phi!

Deixamos a tranquilidade de Koh Tao para conhecer a ilha mais famosa da Tailandia. Aqui eles tem um esquema muito interessante de transporte combinado que inclui ônibus, van, barco, catamarã, jardineira, o que for, para te transportar de um ponto a outro. Para facilitar esse tramite os turistas recebem um adesivo colorido para colocar na roupa que indica o destino final. E é com base no adesivo e um recibo escrito à mão que vamos caminhando por aqui. Dessa vez nosso combo incluiu um barco noturno de 8 horas com vários colchoes um do lado do outro. Ainda bem que o barco estava vazio se não seria dormir no esquema “sardinhas enlatadas”. Mais uma jardineira, uma van e outro barco chegamos no nosso segundo paraíso depois de 14 horas de viagem.

Barco noturno

Phi Phi tem praias lindas, com areia fina e branquinha, mar de aguas calmas, naquele verde esmeralda sem fim. O tempo esta bem melhor que Koh Tao, fazendo sol todos os dias. Ela é bem mais turística, cheia de ocidentais, lojas vendendo de tudo e aquele vai e vem de turistas pra todo lado. 

Em um dos dias fizemos um passeio de barco para conhecer as praias da região e a famosa Maya Bay, onde foi gravado o filme A Praia. O lugar realmente é muito bonito, uma baia protegida por paredões de rochas no meio do mar, areia branca e aquele mar que só a Tailandia sabe fazer. Pra ficar melhor teria que tirar os 500 turistas que também dividiam o mesmo espaço com a gente. Ainda bem que não é só essa praia bonita que Phi Phi tem, e de lá continuamos nosso passeio alternando paradas de areia e snorkeling. Terminamos o dia vendo o por do sol, lindo, deixando o ceu todo vermelho e a certeza que continuamos no paraíso.

Maya Bay, do filme do Leonardo DiCaprio

Monkey Beach

Por do sol visto do barco

Os chineses continuam me encantando mesmo fora da China. Nesse passeio de barco de um dia encontramos várias excursões de chineses fazendo o mesmo roteiro. Sempre em bandos, barulhentos, coloridos e alegres. Em uma das praias tinha um grupo grande fazendo varias poses de foto, uma mais engraçada que a outra, levava uns 10 minutos para se posicionarem com todo mundo falando ao mesmo tempo e depois caíam na gargalhada com a própria desorganização. Foi uma diversão observá-los, o que mais me chama atenção é o jeito descontraído e como eles realmente se divertem.

Teve outro dia que alugamos um caiaque e fomos conhecer outras praias, mais reservadas, aquelas que dá pra chamar de nossa. Pra variar, aquelas praias lindas de areia branca, mar calmo e tal. Estamos aproveitando...

Nós 2 no passeio de caiaque

Uma praia para chamar de nossa...

Mais uma praia para chamar de nossa...

A noite aqui é única no mundo. Na praia central tem um monte de bares, um do lado do outro, que fazem show de fogos atraindo a moçada gringa com DJs, bebidas e diversão. E aqui tem o famoso baldinho, ou seja, um baldinho literal com gelo, bebida que pode ser whisky, rum, vodka e derivados (350 ml), energético e refrigerante. Você coloca tudo no baldinho, mistura e garante a bebida da noite podendo carrega-lo pra cima e pra baixo. Em uma das noites nos rendemos a ele, dividimos um e fomos pra balada na praia. Quando acabou, nossa consciência de quase 40 anos ainda dialogou conosco pra ver se realmente iríamos no segundo. 10 segundos depois estávamos com o segundo baldinho na mão, com o pé na areia, dançando ao som dos DJs, nos divertindo na night. Foi bom demais.

O "esquenta" começou no restaurante, Dalí fomos direto pra praia com o nosso baldinho

Terminamos a noite comendo frango frito na barraquinha de rua

A língua tailandesa é uma das mais musicais que já ouvi, eles falam cantando, bem gostoso de ouvir. O problema é que eles acabam falando o inglês também cantado, o que dificulta um pouco o entendimento. Mas a gentileza e o sorriso estão sempre por ali para repetir igualzinho o que falaram antes. Sempre pergunto duas vezes, se na segunda não entendo, sei que nao vou entender da terceira e então imagino o que quiseram dizer e relaxo.

Ficar uma semana toda em um único lugar acaba criando uma certa rotina gostosa. Em Koh Tao tínhamos o nosso restaurante que íamos quase todas as noites jantar e assistir aos filmes que eles passavam a partir das 18h00. Aqui em Phi Phi já temos nossos restaurantes preferidos, às vezes, não ter que escolher e ir direto no que conhecemos é um conforto. 


A caminho de Long Beach... só contemplando...

Estamos mudando de ilha, mas as férias continuam.