Estamos em um ano sabático para conhecer o mundo e a nós mesmos. Para isso manteremos nossos olhos, mentes e corações atentos e abertos por onde estivermos. Toda semana faremos um relato do que passou e por onde passamos. Como tudo na vida tem dois lados, serão duas visões sobre os mesmos momentos.

domingo, 1 de março de 2015

Indonésia: parte dois

Bom pessoal,

Depois de fazer nada na ilha de Gili Air, fomos fazer nada na cidade de Ubud, na ilha de Bali. Ou quase nada. Ficamos em um hotel de US$ 10, muito bom, bem localizado e com uma conexão de internet um pouco melhor. Portanto um bom lugar para fazer nada. Mas Ubud é uma cidade no coração da ilha e cheia de atrações, desde culturais até trekkings que começam as 2 da manhã.

No primeiro dia fizemos o reconhecimento da área, andamos pelas ruelas, verificamos os preços de tudo, e sentimos o clima da cidade. Ubud é uma cidade zen, cheia de spas, moderninha, bonita de se ver. No segundo dia fomos conhecer a Floresta dos Macacos, que é um parque (como se fosse uma floresta) cheio de macacos sempre atrás de alguma coisa para comer. E é importante que você tenha cuidado com seus pertences porque os macacos não são nem um pouco condescendentes com qualquer vacilo: de óculos a câmeras fotográficas, qualquer coisa a seu alcance será tomado. Mas o que eles gostam mesmo são das bananas que as pessoas compram e oferecem colocando-as acima de suas cabeças para que os macacos subam em seus ombros e possam ser fotografados. Uma orientação é nunca toca-los. Outra coisa que fomos ver nas redondezas da cidade foi uma plantação de arroz, os famosos terraços de arroz, bem atrás da rua principal. Mas esse não é o principal terraço de arroz da ilha, nem o mais bonito, nem o mais turístico. O melhor de todos fica mais para o norte, uns 12 quilômetros ladeira acima. E como não queria alugar uma Scooter, por causa da polícia, alugamos duas bikes.







Quando alugamos as bikes o cara falou que o caminho era só de subida mas dava para ir. E deu. Mas foi sofrido. Em alguns trechos tivemos que descer e empurrar. Em outros, tivemos que fazer várias paradas para descansar. Mas os terraços de arroz são belíssimos. Almoçamos por ali, olhando a paisagem e curtindo o descanso. Nesse dia descobrimos que dá pra pechinchar até em restaurante. Quando subimos as escadas do restaurante e via a vista privilegiada que tínhamos dos terraços de arroz, pensei que nada naquele lugar seria barato. Mas já estou acostumado a entrar em restaurante, sentar e depois ir embora. Quando estávamos pensando em sair o garçom chegou e percebendo que ia perder os clientes, já foi se adiantando e oferecendo um desconto, ele disse: pode escolher o prato e eu dou um preço melhor. O prato que custava 50 ficou por 30. Mas ainda tinha a taxa de serviço que era de 15%. Sem problema, eu não cobro, disse ele. Maravilha. No final obtivemos um desconto de 50% na conta final. Aqui tudo, absolutamente tudo, se negocia.



Quando eu pensava nessa viagem, saiba que teríamos que pechinchar tudo, que iriamos nos deparar com essas situações e imaginava que ia ser tranquilo, afinal no Brasil nós também somos acostumados a negociar. Não tem novidade nenhuma nisso. Mas nós negociamos 5% ou 10% de desconto a vista, parcelamento sem juros, essas coisas. Nunca imaginei negociar descontos de 75% em imas de geladeira, 50% em restaurantes, 60% em taxis, 40% em hotéis. E acho que as coisas são assim porque mesmo o primeiro preço para um turista europeu ou australiano (que são a maioria) ainda é menos da metade do preço das mesmas coisas em seus países. E eles pagam. E a vida segue. Como a maior parte das pessoas está férias por poucos dias, eles tendem a ficar comparando os preços em relação aos seus países. O que tentamos fazer é comparar os preços em relação as outras coisas básicas do mesmo país. Por exemplo: quanto custo um PF local e quando custa um imã de geladeira. Jamais pagamos o mesmo valor pelas duas coisas. O Nasi Goreng, o PF local (arroz frito com verdura, frango e um ovo frito encima) custo em torno de 15 a 20 mil rupias. Fomos comprar o imã de geladeira o cara pediu 40 mil rupias. Compramos por 10 mil. Para comparação cada 1 dólar americano vale 12.500 rupias.

Depois dos terraços queríamos conhecer também um templo que ficava a “apenas” 2 quilômetros, seguindo a estrada. O que ninguém explica é que são 2Km morro bem acima. Essa parte foi difícil. O templo é bonito e tranquilo e valeu pelas fotos. Mas o melhor foi a volta. Fique com as penas doloridas de não fazer nada. Nenhuma só pedalada. Nada. Apenas freava e freava. Todos os 15 km de sofrimento para ir foram recompensados com 15 km de descida. Chegamos rapidinho.





Em Ubud ainda fomos assistir uma apresentação de dança típica. Muito bonita, muito expressiva, com muitas caras e bocas, e dedos tortos. Não é qualquer um que consegue fazer aquilo. E ainda fizemos um passeio para conhecer os principais templos, outros terraços e um pouco mais da ilha. Depois de uma semana em Ubud seguimos viagem para Uluwato, no sul da ilha de Bali. Sobre o trekking que falei no começo é o seguinte: acorda-se as 2 da manhã, e depois de uma hora de carro, a caminhada começa com destino ao topo de um vulcão para se ver o nascer do sol. Mas os dias estavam um pouco nublados e não fizemos. Já imaginou acordar de madrugada, andar por 4 horas (ida e volta) e depois ficar a ver navios, ou melhor, nuvem ao invés do sol? Não, obrigado. Fica para a próxima.




Uluwato é um dos melhores lugares de surfe da ilha. Mas o que mais surpreendeu aqui foi a quantidade de brasileiros na região. Tem até restaurante brasileiro, o PF Brasil, onde você pode comer feijão, arroz, purê e salada (alface e tomate) e onde você pode ser atendido em português por uma balinesa que é ao mesmo tempo a garçonete e a cozinheira. A imensa maioria dos brasileiros vem para cá para surfar. Aqui conhecemos o Alê, o Johnny, a Raiene e a Karine, que estavam no mesmo hotel que nós. Eles moram na Austrália onde estudam e trabalham. E pelo que deu pra perceber, ralam pra caramba. Mas o trabalho apesar de básico, braçal, sem qualquer relação com suas formações (todos tem nível superior), é suficiente para que eles consigam pagar a escola, o apartamento, a comida e ainda dá para economizar e viajar para Bali. E é aqui onde são (estão) felizes apesar da distância da família e dos amigos. Valeu pelas conversas e nos encontramos em Sampa. Ou em Gold Coast.

A praia mais famosa é a de Padang Padang que ficava a 300 metros do nosso hotel. Uma pequena faixa de arreia (menos de 200 metros) rodeada por penhascos, mar calmo e também com ondas mar a dentro. Isso foi novo. O mar parecia uma piscina na praia, mas a 500 metros entrando no mar, do lado direito, tinham uns 10 sufistas pegando onda. Elas se formavam apenas naquele lugar. Passamos os dias nessa rotina de praia, às vezes apenas no hotel e por dois dias alugamos uma Scooter e fomos conhecer a praia de Uluwato e o templo. A praia de Uluwato é praticamente somente para sufistas. A faixa de areia é de 30 metros. E dos desfiladeiros pode-se ver, com vista privilegiada, os sufistas se divertindo. No templo fomos no final do dia, para ver o pôr-do-sol. O tempo até que estava aberto depois de alguns dias de chuva.




Agora estamos em Kuta novamente, descansando e nos recuperando de uma forte gripe que nos pegou de jeito. Essa é a primeira vez que ficamos doente na viagem. Acho que estamos no lucro. Semana que vem estaremos na Austrália, nosso 19º país, e deixaremos o continente asiático que foi nossa morada por 8 meses. E entraremos também no último mês da nossa aventura, agora na Oceania.

Valeu.

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