Um restinho do Nepal, o sorriso nepalês
Gostei do Nepal logo de cara. Chegamos em
Kathmandu e fomos direto para Thamel, o bairro arrumadinho onde todos os
trekkers se hospedam antes e depois de suas caminhadas. Uma infinidade de lojas
de equipamentos esportivos, restaurantes para todos os gostos e aquela poluição
visual que só a Ásia sabe fazer. Nem me importei com a pobreza, as ruas sem
calçadas, as buzinas e o transito infernal, afinal estava vindo da Índia. O que
realmente me chamou a atenção foi o encanto do povo nepalês, pessoas simples e
sempre com um sorriso no rosto. Li no guia para nunca aceitar o primeiro preço,
que sempre precisava negociar o valor, mas dava até dó de negociar com eles,
eles sempre baixavam o preço, e sempre com um sorriso nos agradeciam. Pudemos
ter bastante contato com as pessoas devido ao nosso trekking e ouvimos muitas
histórias do Shree, dono da agencia que contratamos, e do Jwala, nosso guia.
Eles sabem da condição de seu país, mas são
extremamente orgulhosos do que ele pode oferecer. Ainda é uma sociedade que
valoriza as relações e principalmente a família. Tem vários festivais dedicados
à família, só no período que estivemos lá presenciamos um que é o principal e
dura 15 dias, tempo para que todos possam voltar para suas casas e pedir a
benção para seus pais, e outro dedicado aos irmãos, de sangue ou não, para
fortalecer a união entre eles.
Conhecemos os principais pontos turísticos
de Kathmandu. Swayamblunath Temple (Templo dos Macacos), Boudhanath Stupa, Durbar Square de Kathmandu
e de Bhaktapur. Lugares que traduzem a religiosidade desse povo, 80% declarado
hindu, mas onde o budismo convive em uma harmonia perfeita, fazendo parte dos
rituais do dia a dia.
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Boudhanath Stupa |
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Durbar Square de Bhaktapur |
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Durbar Square de Kathmandu |
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Templo dos Macacos |
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Thamel |
Sempre sofro ao me despedir de um país e com o Nepal não foi diferente. Poderia ter ficado dias e dias com a rotina de simplesmente andar por ali, almoçar comidinha local, passar numa bakery e comer um pedaço de bolo, naquela preguiça sem fim. Até passei como local, já que uma das 60 etnias do país puxa os traços dos japoneses. Manish, nosso porter, era dessa etnia. Mas chegou a hora de seguir adiante, de outra grande mudança.
Aqui terminamos nosso grande bloco Ásia Central
que durou 3,5 meses e incluiu Japão, Coreia do Sul, China, Índia e Nepal. A
parte mais densa da viagem, com muitas histórias e culturas para conhecer.
Foram dias de andanças e muita pesquisa para poder absorver o melhor de cada
lugar. Um mundo novo e diferente, que nos acolheu tão bem e me fez sentir tão
bem. Outro dia estava conversando com o Lucio tentando elencar nossos melhores
isso ou aquilo e chegamos à conclusão de que não dá, todos os lugares em que
passamos é o melhor na sua essência, cada um trazendo sua própria história e
sensações. Completamos com isso nossos 6 meses de sabático, já percorremos
metade do nosso caminho. O blog tem nos ajudado a registrar tantas emoções que
encontramos por aí para não nos esquecermos no meio de tantas novidades. A
saudade já é uma constante, vem e vai, e vou aprendendo a lidar com ela. Ainda
temos um mundo para descobrir e sentir, mais paisagens deslumbrantes, comidas
deliciosas, histórias e culturas, pessoas e sorrisos para nos encantar e emoções
para viver. E disso é feita nossa rotina de viajante, de descobertas, surpresas
e sensações.
Nosso descanso no paraíso
Iniciamos nossa terceira parte da viagem, o
Sudeste Asiático, com um belo descanso, nossa segunda parada estratégica,
aquela que serve para descansar o corpo e o coração, e tudo que precisamos
fazer é nos espreguiçar demoradamente, no caso, no paraíso chamado Koh Tao, uma
ilha ao sul da Thailandia. O único problema é que eu achava que no paraíso não
tivesse tempo ruim e nem nos preocupamos em checar a previsão do tempo. O que
acontece é que aqui também fica nublado e chove, e entre um dia de sol e outro
de chuva, alternamos entre praia e trabalho (pesquisa intensa para os próximos países).
Acho essa vida de mochileira um barato,
outro dia estávamos passando frio nas montanhas do Himalaia e hoje estamos
morrendo de calor nas praias da Thailandia. Cenários completamente diferentes,
mas que preenchem a alma igual. Falando assim parece poesia, mas enfrentamos em
um período de 24 horas um taxi, um avião, um trem, outro taxi compartilhado com
outra mochileira para baratear o custo, um ônibus noturno e um barco, para
chegar no nosso destino. Nosso lado B...
Nossa rotina tem sido acordar sem pressa,
sair à procura de uma praia pra chamar de nossa, entrar no mar que mais parece
uma piscina aquecida, almoçar comidinha local, voltar pra areia e dar uma cochilada,
voltar para o hotel, tomar banho e sair pra jantar. Ah, vidão...
Hoje fizemos um passeio de snorkeling,
foram 5 paradas para ver vários tipos de peixes coloridos e no final a ilha
mais fotogênica da região, Nang Yuan. Suspiros...
Comer é uma delicia! Amo essa parte da
viagem! Cometemos só um pecado western logo no primeiro dia. Após 45 dias sem
carne de vaca (Índia e Nepal) comi um file bem mal passado, do jeito que eu
gosto. O Lucio foi de hambúrguer com fritas. Depois mergulhamos de cabeça na
comida tailandesa que desafia nosso paladar a cada refeição. Salgado, doce,
apimentado, cheiroso, muito cheiroso. Por 3 dolares nos esbaldamos com um
prato muito bem feito nos restaurantes. Por 2 dolares nos esbaldamos igual
nas barraquinhas de rua. Por outros 2 dolares não poderia faltar a cerveja
local, mesmo preço no supermercado ou nos restaurantes. Férias é assim, comer, beber,
viver.
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Frango com green curry e leite de coco |
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Frutos do mar e legumes |
Vamos ficar nessa preguiça por uns 20 dias,
mudando apenas de ilha. Afinal, cansa ver a mesma paisagem paradisíaca por
muito tempo...