Bom pessoal,
É com essa pergunta que você é
recebido em qualquer lugar aqui na Austrália. Acompanhado de um grande sorriso
e um aparente interesse, sincero, de realmente querer saber como você está, se
você não for econômico na sua resposta, claro. Esse é o primeiro país de língua
inglesa que visitamos e o primeiro com uma cultura familiar, com aquela estrutura
de primeiro mundo que (todos nós) conhecemos/idolatramos, uma mistura de Europa
com Estados Unidos, onde tudo funciona, onde parece que tudo está no lugar
certo, com transporte público de qualidade, sem (muitos) congestionamentos, com
ciclovia em todo lugar (e pasmem!!!! as cidades não são planas!!), ruas limpas,
amplas... E com um povo com várias identidades, muita diversidade, como o
Brasil.
De Bali seguimos para Darwin para
uma parada estratégica. Ao invés de irmos direto para Cairns, nosso destino,
fomos primeiro para Darwin, dormimos uma noite e no dia seguinte seguimos para
Cairns. Com isso economizamos uns US$ 300 em relação a outra opção que era ir
direto. Cairns é o nordeste da Austrália (mesma latitude de Maceió) e é a
capital para quem quer conhecer a Barreira de Corais, um aquário no meio do
mar. E já no primeiro dia fomos conhece-lo. O tempo não estava perfeito (essa é
a época de chuvas por aqui também) com um pouco de nuvens e vento. Nosso barco,
um grande, moderno e equipado Catamarã, balançou bastante e algumas pessoas até
passaram mal. Eu quase cheguei lá mas deu pra aguentar. Depois de algumas
instruções, pulei no mar e foi só colocar a cabeça debaixo da água para ver
toda a variedade de corais e peixes. Principalmente corais. A primeira parada
para mergulho foi só um aperitivo, para nos acostumarmos com o lugar porque as
outras duas foram muito melhores. Para resumir, os peixes são os mesmos que
vimos em outros lugares (o mar é o mesmo) mas só que aqui eles são tamanho XXL,
tamanho gigante. Os maiores que já vi. Mas os corais foram os mais bonitos. Coloridos
e com muita vida, os corais são a maior atração. É realmente um aquário no meio
do mar. Nosso barco ficou em apenas um atol. Existem vários. No total são mais
de 2 mil quilômetros de corais e mais corais. Foi um dia cheio. As fotos não
refletem as cores, a variedade e a beleza desse lugar. Valeu muito ter vindo.
No final do dia voltamos para o hostel, que tinha uma estilo bem tropical, e na
cozinha conhecemos o Hugo e a Laila, um casal de Goiânia que vive em Brasília e
que estava de férias por essas bandas. Eles ficaram 3 dias embarcados vendo
corais e mais corais. E foram bem categóricos em dizer que Fernando de Noronha
não deixa nada a desejar. Preciso conhecer.
De Cairns seguimos para
Melbourne, a melhor cidade do mundo para se viver. Eu até que procurei um
defeito na cidade mas minha única restrição é em relação ao custo (que eu
estendo para toda a Austrália). Talvez para quem vive e trabalha a vida não
seja tão cara mas para pobres viajantes recém chegados do sudeste asiático ela
é. No mais, a cidade é impecável. Não tem grandes atrações, mas é muito limpa, o
transporte público é muito bom (no centro ele é gratuito), tem muitos parques
(sem grades e sem placas de não pise na grama), áreas verdes, praias, rio, segurança
e um clima gostoso. A cidade tem muitos eventos esportivos e culturais durante
todo o ano além de festivais e festas que acontecem em todo lugar. Durante
nossa estada aconteceu um. E tinha evento na cidade toda principalmente no
entorno do rio Yarra. No final acho que a grande atração aqui é mesmo viver e
curtir a vida. Simples assim.
Mas uma das atrações aqui é ir
conhecer os Doze Apóstolos, umas torres naturais, falésias dentro do mar que
resistiram a erosão e ficam a mais de 200 quilômetros da cidade. É um passeio
de dia interior e um pouco cansativo. E quer saber a verdade: os “Doze”
Apóstolos na verdade sempre foram 9 e agora só existem 8, pois um desabou (em
poucos anos estão prevendo que serão apenas 6). Segundo o nosso guia, o nome
“Doze...” foi escolhido porque ficava melhor, mais fácil. Puro Marketing. Foi
um pouco decepcionante viajar tanto e ver tão pouco (não pelo número, pela
atração mesmo). É bonito mas não achei nada demais. Acho que as falésias da
Praia das Fontes no Ceará são bem mais legais (sem querer puxar a sardinha pra
minha jangada), mas talvez sejam apenas as boas recordações. Mas pelo caminho
fizemos algumas paradas, e em uma delas conhecemos um dos bichos típicos daqui:
o coala. E era na natureza, num camping e não em um zoológico. Ele é bem bonitinho
mesmo. Tem uma vida de sonho: dorme 20 horas por dia e nas outras 4 só come e
namora. Isso é que é vida. E deu também para conhecer um pouco do interior da
região, as grandes fazendas de ovelhas e gado, pequenas cidades e muito verde.
A impressão é que não existem industrias por aqui. É tudo tão natural, verde,
puro, limpo... No dia seguinte fomos conhecer a praia de Santa Kilda e o píer.
Depois fomos para o centro novamente para ver a movimentação do festival, era
domingo e estava lotado. Todos se divertindo, tranquilamente, sentados na grama
ou brincando nos parques de diversão ou tentando comprar comida nas barraquinhas
de rua com suas filas quilométricas. Foi um verdadeiro Dia de Domingo.
Na segunda seguimos para nosso
último destino na Austrália, Sydney. A cidade mais conhecida e mais legal que
conheci aqui. Com vários lugares para conhecer, cada cantinho da cidade é
diferente do outro e isso deixa a cidade com cara de várias cidades: as
regiões de The Rocks, Darling Harbor e o Fish Market, a Opera de Sydney, o
Jardim Botânico (o mais bonito que já conheci), o Hyde Park, e tudo a uma
pequena caminhada uma da outra. Lembro que caminhar é o nosso esporte
preferido, então uma caminhada de 30, 40 minutos entre um ponto e outro é praxe.
No final caminhamos o dia inteiro. Praticamente não pegamos transporte público
aqui (e economizamos um bom dinheiro porque é muito caro).
No outro dia fomos conhecer uma
praia que fica aqui perto: Manly. Você pega o ferry no centro e em 30 minutos
chega lá confortavelmente. E a praia é uma beleza. Uma superestrutura,
calçadão, ondas, mar azul... Depois do almoço (comi o melhor hambúrguer de
todos os tempos) fomos conhecer a praia do lado da baia: mar tranquilo, calmo,
pequenas praias com gramado, árvores, locais para fazer snorkeling, tudo muito
fácil. Parece que eles tem uma vida muito boa por aqui.
Na última noite nos encontramos
com o André, um amigo de São Paulo que está morando aqui há 5 meses. Ele e a
Mayara (amiga dele que também está morando por aqui) nos receberam na casa em
que estão morando e ele preparou um churrasco com tudo que se tem direito, com
cara de Brasil: picanha, asinha de frango, vinagrete e farofa Yoki. Estava
perfeito. Levamos a cerveja e ficamos até as 11 da noite por lá conversando de
tudo um pouco. Foi muito bom, muito obrigado pela recepção e pelas conversas e
quando vierem para o Brasil será nossa vez de oferecer um churrasquinho. Para
voltar fomos andando até a estação de trem e em 30 minutos estávamos no hotel. Uma
tranquilidade inimaginável.
Depois de duas semanas andando
pela terra do canguru (que não vi) foi fácil perceber porque tanta gente se
aventura e atravessa o mundo para viver por aqui. A vida é dura (trabalho é
trabalho em qualquer lugar do mundo) mas você tem segurança, muita facilidade,
transporte, acesso, opções e possibilidades. Uma vida simples, sem exageros,
digna. Boa sorte e tudo de bom a todos os amigos que estão se aventurando por
essas bandas em busca da felicidade e de um lugarzinho nesse mundão ou que
estão apenas de passagem para aprender outro idioma e viver outra cultura. “Tudo
vale a pena se a alma não é pequena”. Divirtam-se.
Valeu.